Termina a emergência de mpox; relembre histórico

• Pólio ainda é emergência na OMS • Dengue do sorotipo 3 reaparece • Centro de Covid Longa • Energia limpa prevalece no Reino Unido •

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Após dez meses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde internacional da mpox, aquela que então era chamada equivocadamente de “varíola dos macacos”. A doença é causada por um vírus do mesmo gênero da varíola comum, que foi erradicada em 1980, mas se difere por ser mais leve e menos mortal. É em países do centro e oeste da África, mas começou a chamar atenção em meados de maio de 2022, quando começaram a surgir casos na Europa e Estados Unidos. Em junho foram registrados os primeiros casos no Brasil – para o infortúnio dos cidadãos, o presidente era Jair Bolsonaro, que fez piada homofóbica ao falar da vacina contra a doença. Enquanto o Norte Global vacinava, o Brasil via um aumento de casos de braços cruzados. 

Mpox e a velha ganância dos países ricos

Mas o problema não foi só Bolsonaro: assim como na pandemia de covid, os países ricos concentraram vacinas e medicamentos, não abrindo espaço para que seu tratamento fosse feito de forma igualitária. Outra característica importante da emergência sanitária de mpox foi que ela atingiu principalmente homens que fazem sexo com outros homens – o que contribuiu também para que houvesse estigma em torno dela. Embora não seja mais considerada uma emergência sanitária global, a OMS ressalta a importância de continuar com ações proativas e respostas sustentadas para controlar a infecção.

Resta ainda uma emergência de saúde pública

Após o fim da emergência sanitária da covid e da mpox, há uma doença que ainda preocupa a OMS. É a poliomielite, para a qual já há vacina há décadas e que já foi considerada virtualmente erradicada. O status de emergência foi dado em 2014, quando reemergiu com transmissão endêmica no Paquistão e no Afeganistão e foi sendo exportada para países onde há baixa vacinação. A classificação de “emergência de saúde pública de âmbito internacional” (PHEIC, na sigla em inglês) foi criada em 2005 pela OMS para lidar com ameaças à saúde global. Desde então, sete epidemias foram consideradas emergências dessa natureza, incluindo a gripe H1N1 em 2009 e a epidemia de Ebola no Congo em 2016. A decisão de declarar uma PHEIC depende da avaliação da OMS sobre a gravidade e a ameaça representada pelos vírus. No caso da mpox, a classificação ocorreu após 75 casos terem sido registrados.

É bom lembrar…

Também há forte preocupação que a doença volte a aparecer no Brasil, já que a taxa de vacinação vem caindo consistentemente desde 2016 e em 2021 alcançou apenas 68% das crianças público-alvo. A meta recomendada de cobertura vacinal contra o vírus da paralisia infantil pelo ministério da Saúde é de 95%. 

Preocupação com ressurgimento de dengue de sorotipo 3

Um estudo realizado pela Fiocruz revelou o ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil, após mais de 15 anos sem contaminações no país. Os pesquisadores identificaram a caracterização genética do vírus em quatro casos de infecção registrados em Roraima e no Paraná. O estudo indica que essa linhagem do sorotipo 3 foi introduzida nas Américas a partir da Ásia entre 2018 e 2020, provavelmente no Caribe. Essa linhagem também está circulando na América Central e infectou recentemente pessoas nos Estados Unidos – e chega agora ao Brasil. O ressurgimento do sorotipo 3 da dengue representa um risco de epidemia devido à baixa imunidade da população em relação a esse sorotipo, já que poucas pessoas foram infectadas desde as últimas epidemias no início dos anos 2000. Além disso, há o perigo da dengue grave, que ocorre com maior frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas por um sorotipo diferente.

Fiocruz começa a tratar e estudar a covid longa

Na quinta-feira (11/5), a Fiocruz inaugurou o Centro de Covid Longa, localizado em Manguinhos, Rio de Janeiro. O centro tem como objetivo realizar pesquisas multidisciplinares e oferecer tratamento e reabilitação para pessoas com sequelas da covid-19, com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Em geral, alguns dos sintomas persistentes após quadros de covid são fadiga extrema, falta de ar ou dificuldade respiratória, dores musculares e de cabeça, dificuldade de concentração e problemas de memória. O projeto envolve avaliações em diversas áreas de saúde, como cardiovascular, respiratória, hematológica, imunológica, neurológica, metabólica-nutricional, otorrinolaringológica e saúde mental. Além disso, busca gerar evidências científicas para subsidiar políticas públicas de enfrentamento do impacto da covid longa no Brasil e ampliar o acesso aos serviços de reabilitação no SUS. 

Reino Unido no caminho para energia limpa

Pela primeira vez no Reino Unido, a energia eólica se tornou a principal fonte de eletricidade, superando o gás, de acordo com pesquisas do Imperial College London. No primeiro trimestre deste ano, um terço da eletricidade do país foi gerada por parques eólicos. O National Grid também confirmou que abril registrou um período recorde de geração de energia solar. O Reino Unido tem como meta atingir emissões líquidas zero em toda a sua eletricidade até 2035. A mudança para energia renovável é considerada crucial para combater os impactos das mudanças climáticas. No entanto, projetos de energia verde estão enfrentando atrasos para conexão à rede elétrica, resultando em um acúmulo de investimentos parados. Além disso, a eletricidade representa apenas 18% das necessidades totais de energia do Reino Unido, com demandas adicionais em áreas como aquecimento de residências, manufatura e transporte.

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