PÍLULAS: A varíola dos macacos chega ao Brasil

• Varíola dos macacos no Brasil • O que a AIDS ensina sobre controle da doença • CNS e Cebes contra o rol taxativo • PNI, marco histórico para a saúde pública • Indígenas e cientistas no Chile • Viagra feminino? •

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1º caso da doença confirmado em SP. Fiocruz já tem insumos para teste
O paciente, internado e isolado no hospital Emílio Ribas, é um homem de 41 anos que acabou de voltar da Espanha. O ministério da Saúde informou que há casos em investigação em Rondônia, Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Apesar de ser o primeiro caso confirmado no Brasil até o momento, a Fiocruz já produziu, em tempo recorde, insumos para detectar a presença do vírus da doença – que pretende distribuir para países do continente. A nova cepa não é grave nem altamente contagiosa, mas uma das principais preocupações da OMS é a de que países não consigam reagir em tempo com testes e vacinas para a contenção do surto mundial. 

Doença e preconceito: o que a AIDS ensina sobre a varíola dos macacos

Profissionais da saúde, pesquisadores e ativistas lutam para controlar um surto emergente de varíola dos macacos, e muitos usam para isso o aprendizado do surto de outro vírus: o HIV. Segundo um artigo do Stat News, os paralelos entre as duas infecções são limitados, mas existem. A cepa da varíola em circulação é infinitamente mais branda do que o HIV – nenhuma fatalidade foi relatada em mais de 1.000 casos até agora – mas trata-se de outro vírus que surgiu na África subsaariana e apareceu fora do continente principalmente em homens que mantêm relações sexuais com outros homens. O desafio é a comunicação: informar a sociedade sobre a doença sem insinuar, erroneamente, que apenas um grupo está em risco ou associar publicamente uma doença desconhecida a uma comunidade já estigmatizada. 


CNS e Cebes abrem campanha contra “rol taxativo” dos planos de saúde

O Conselho Nacional de Saúde e o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde emitiram notas alertando para o perigo do chamado rol taxativo da ANS, que  desobriga os planos de saúde a oferecerem tratamentos complexos às pessoas que mais precisam. Shirley Morales, conselheira nacional de Saúde, explicou que a decisão adotada pelo STJ ontem limita os benefícios e inviabiliza atendimentos: “Os beneficiários que não foram atendidos pelos planos de saúde vão acabar migrando para o sistema público, que já se encontra sobrecarregado (…) Essas empresas recebem valores altíssimos de famílias e empresas, mas quando precisam fornecer um tratamento mais caro, recuam e quem acaba fazendo esse papel é o SUS”, lembrou Matheus Falcão, advogado, integrante do Cebes e do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC). 


Fiocruz: PNI é marco histórico para saúde pública

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973, quando o Brasil conquistou a certificação internacional pela erradicação da varíola – apesar de ainda enfrentar outras epidemias, como a da meningite. O grande salto do PNI aconteceu a partir de 1980, com a implementação dos Dias Nacionais da Vacinação como parte da estratégia para erradicar a poliomielite no Brasil, que contou com a criação do personagem Zé Gotinha. Em 1994, a doença foi considerada oficialmente eliminada do país.  “O PNI é parte fundamental do SUS e se consolida, até hoje, como um dos melhores exemplos de garantia de acesso universal e igualitário à saúde. A partir do programa, foi possível eliminar no Brasil outras doenças como rubéola, síndrome da rubéola congênita, tétano materno e neonatal (..) atualmente, o calendário de rotina do PNI contempla 48 imunobiológicos, entre vacinas, imunoglobulinas e soros”, explica a Fundação. 


Indígenas no Chile exigem diálogo igualitário com cientistas 

O pequeno povoado de pescadores de Puerto Edén está situado na Ilha Wellington, no sul do Chile. A distância e o frio não desencorajaram gerações de cientistas a viajar até o território para estudar seu povo, os Kawésqar, descendentes também de marinheiros nômades. Sua cultura, território, os restos de seus ancestrais e sua língua atraíram e seguem atraindo interesse acadêmico. Contudo, os objetivos dos pesquisadores e da comunidade por vezes está em desacordo, segundo um artigo publicado na Science. “Vários cientistas chegaram de forma totalmente conquistadora… nos usaram para os seus próprios objetivos”, como exigir informações genéticas da comunidade, conta Ayelen Tonko Huenucoy, antropóloga Kawésqar do Museu Nacional de História Natural do Chile. Agora, os Kawésqar e outros povos indígenas do Chile querem ver seus direitos reconhecidos pela primeira vez na nova constituição do país, que os chilenos votarão em um referendo em setembro. 


O fracasso da indústria farmacêutica com o “viagra feminino”

A “pílula azul” para a disfunção erétil masculina rendeu R$ 400 milhões de dólares só nos seus primeiros 3 meses de vendas, em 1998. A droga foi descoberta acidentalmente pela Pfizer e rapidamente se tornou um sucesso de vendas. O lucro fez com que a indústria farmacêutica iniciasse a busca pela “pílula rosa”, destinada a outra metade do mercado – as mulheres; mas o fracasso da fórmula abriu um debate mais amplo sobre a sexualidade feminina. A pílula criada, semelhante ao viagra, consistia em bombear sangue para a vagina e para o clítoris e falhou em melhorar a função e satisfação sexual das mulheres voluntárias. Isso porque a maioria dos problemas sexuais das mulheres não tem relação com um fluxo insuficiente de sangue para região genital. Desde 2015, a indústria farmacêutica tenta empurrar antidepressivos para as mulheres com a promessa de melhora do desejo sexual, sem sucesso. Ao que parece, o desejo tem uma dimensão psicológica relevante para o sexo feminino. Depressão, ansiedade, estresse, baixa autoestima, conflitos no relacionamento, estigmas e vergonha são alguns dos fatores que interferem mais no desejo feminino do que no masculino, explicou Lori Brotto, professora da Universidade da Colúmbia Britânica.

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