Crise em cascata no mercado de saúde

• Inteligência artificial para melhorar anticorpos • Novos estudos sobre a CoronaVac • Surto de marburg pode chegar ao fim • O problema da solidão •

.

Uma crise na indústria de planos de saúde, que encerrou 2022 com uma perda operacional de R$ 11,5 bilhões, está causando um efeito cascata no mercado. Distribuidores e importadores de produtos médicos, como próteses, válvulas cardíacas e outros materiais especiais usados em tratamentos e cirurgias, reclamam de pagamentos atrasados por parte de seguradoras de saúde e hospitais. De acordo com a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), houve um aumento na prática de faturamento atrasado, na qual o fornecedor entrega o produto, mas o comprador, que pode ser uma seguradora de saúde ou um hospital, exige que a nota fiscal seja emitida algum tempo depois, estendendo a transação sem um registro oficial. Embora a média para a emissão esteja em torno de 48 dias, alguns fornecedores dizem ter pagamentos atrasados por mais de seis meses. 

Planos de saúde: mais de R$ 1 bi atrasado

A Abraidi registrou mais de R$ 1 bilhão em pagamentos atrasados, um aumento de quase 50% em comparação com o período anterior. A associação diz que os fornecedores concordam em atrasar a fatura porque temem retaliação comercial dos compradores, que geralmente são empresas maiores com maior poder de compra. A prática de faturamento atrasado prejudica o fluxo de caixa dos fornecedores e pode gerar uma impressão positiva falsa nos balanços dos hospitais e das seguradoras de saúde, afirma a Abraidi. Além disso, os fornecedores temem ser autuados por sonegação – já que a emissão de nota só é feita depois de um longo período. A maior parte do faturamento retido (45%) diz respeito a hospitais privados, seguida pelos planos de saúde (42%). Segundo a Abraidi, os hospitais só podem pagar os fornecedores após o pagamento dos convênios médicos – principais responsáveis pelo efeito em cascata. 

IA para melhorar tratamentos contra vírus

Pesquisadores da Stanford University, nos Estados Unidos, estão usando inteligência artificial (IA) generativa para buscar melhores terapias de anticorpos contra doenças virais como covid-19 e ebola, segundo a Nature. A IA sugere sequências que aprimoram a potência dos anticorpos contra os vírus, tornando o processo mais rápido e menos trabalhoso. A IA generativa é uma rede neural, à semelhança do Chat GPT, que pode criar textos, imagens e outros conteúdos com base em padrões aprendidos. Segundo artigo publicado na Nature Biotechnology, ela está sendo abastecida com dados de dezenas de milhões de sequências de proteínas. Muitas das sugestões guiadas pela IA melhoraram a capacidade dos anticorpos de reconhecer e bloquear as proteínas que os vírus usam para infectar células.

Dose de reforço da CoronaVac é eficaz por mais de um ano

A CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, apresentou imunidade sustentada por pelo menos um ano. Esses foram os resultados registrados na cidade de Serrana (SP), onde o Butantan desenvolve um estudo de longo prazo. A pesquisa mais recente, publicada na revista IJID Regions, da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas, analisou o nível de anticorpos presentes em pessoas vacinadas com a dose de reforço da CoronaVac. A dose de reforço aumentou os níveis de anticorpos de duas a cinco vezes. “Nossos dados mostraram que há formação de imunidade sustentada com duas doses de CoronaVac, e que a terceira dose homóloga teve um papel importante para aumentar e sustentar os anticorpos ao longo do tempo. Em Serrana, mais de 95% da população adulta e idosa recebeu CoronaVac como reforço”, afirmou o diretor de Atenção à Saúde do Hospital Estadual de Serrana e autor do artigo, Gustavo Volpe.

OMS avalia risco da doença marburg

A marburg, doença letal e da mesma família do ebola, teve surtos registrados na Guiné Equatorial e na República Unida da Tanzânia em fevereiro e março de 2023, respectivamente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que continua monitorando de perto a situação nos dois países africanos. Hoje, a organização avalia o risco à saúde pública como muito alto em nível nacional, moderado em abrangência regional (África) e baixo para o risco global. A doença causa febre hemorrágica, com taxa de letalidade de até 88%, segundo a OMS. Desde a declaração do surto na Guiné Equatorial, foram confirmados 17 casos, além de outros 23 prováveis, e registradas 12 mortes. Já na Tanzânia, foram relatados nove casos, incluindo oito confirmados. Em 42 dias, caso não haja mais nenhum caso, poderá ser declarado o fim do surto.

Solidão e saúde pública

A solidão deve ser tratada como uma prioridade pública, tão importante quanto a obesidade ou abuso de drogas, de acordo com o cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy. Segundo matéria do Guardian, um em cada quatro americanos relatam experimentar solidão prolongada, enquanto no Reino Unido, 6% das pessoas se sentem frequentemente sozinhas e 19% se sentem assim às vezes. A solidão é um problema global que tem impacto na saúde física e mental dos cidadãos – e um estudo indica que ela aumenta o risco de mortalidade em 26%. O problema se agrava em grupos sociais marginalizados, como a população LGBTI+ e as chamadas minorias étnicas que vivem nestes países – segundo os estudos, elas têm mais propensão a se sentir sozinhas. Além disso, os jovens são mais propensos a sentir solidão do que os idosos, apesar de terem mais contato social. A matéria afirma que é necessário que os governos reconheçam a importância de políticas públicas que abordem as causas da solidão, como a falta de espaços verdes e serviços sociais, e considerem o problema na criação de políticas públicas.

Leia Também: