Pandemia de covid: é preciso que os erros nunca mais se repitam

• Ainda falta vacinar grande parte das crianças contra covid • 5ª Assembleia Popular de Saúde acontecerá na Colômbia • A importância da América Latina na luta pela Saúde • Malefícios do cigarro eletrônico aos jovens • Conflito de interesses em empresa de Elon Musk •

.

“Devemos prometer a nós mesmos e a nossos filhos e netos que nunca mais cometeremos os mesmos erros” discursou Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), após declarar o fim da emergência em saúde pública causada pela covid-19, em 5/5. Ele defendeu que os estados-membros da OMS se comprometam a não voltar ao “velho ciclo de pânico e negligência”. Por todo o mundo a pandemia foi marcada pela ganância dos países do Norte Global e das farmacêuticas, que concentraram vacinas e fármacos. Mas o Brasil é um caso especial, mundialmente conhecido por ser um dos piores países para se estar durante a pandemia. Por aqui, foram longos três anos de despreparo, ataques à ciência e ao SUS e centenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas

Ministra Nísia faz pronunciamento após anúncio de fim da emergência de covid

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, em pronunciamento oficial feito ontem (7/5), reafirmou que a situação poderia ter sido menos grave, não fossem as medidas do governo anterior e o negacionismo. Sobre o fim da pandemia, ela afirmou: “Neste cenário, entende-se que o momento indica uma transição do modo de emergência para um enfrentamento continuado, como parte da prevenção e controle de doenças infecciosas. Infecções pelo vírus Sars-CoV-2 vão continuar, portanto, sistemas de vigilância, diagnóstico, redes de assistência e vacinação precisam ser fortalecidos”. Ela reforçou a necessidade de a população tomar a nova dose de vacina bivalente. Também saudou os trabalhadores do SUS por seu empenho nos momentos mais difíceis da pandemia. Relembrou as vítimas da doença e conclamou para nunca mais “vivermos os dias terríveis do passado recente”.

Covid: A vacinação de crianças pequenas ainda não chega a 17%

Entre os desastres enfrentados pelo Brasil durante a pandemia, um dos principais é a queda da imunização em geral, de vacinas que antes tinham ampla cobertura. Para se proteger da covid, os brasileiros adultos confiaram nos imunizantes, mostrando não se importar com as bravatas negacionistas do ex-presidente Bolsonaro. Mas, ao que parece, quando a situação crítica diminuiu e chegou a hora de vacinar as crianças, a população hesitou. Em julho de 2022, os imunizantes foram liberados para os menores, de 3 e 4 anos, mas a campanha não chegou muito longe. Apenas 16% deste público alvo tomou as duas doses, segundo um novo levantamento do Observa Infância – projeto da Fiocruz em parceria com o Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase). Nos primeiros quatro meses, a imunização chegou a 5,5% – depois, andou mais rápido, triplicando nos cinco meses seguintes, mas ainda muito distante dos 90% necessários. Segundo o boletim epidemiológico do ministério da Saúde, apenas em 2022 morreram 550 crianças de até 4 anos de covid.

Dada a largada para a 5ª Assembleia Popular de Saúde

Ativistas da saúde de todo o mundo se reuniram na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, no dia 30 de abril. Estavam sendo lançadas as mobilizações para a 5ª Assembleia Popular de Saúde (PHA 5), que ocorrerá na cidade colombiana de Cali entre 4 a 8 de dezembro. A assembleia se concentrará nas lutas em curso para garantir o direito à Saúde, e será estruturada em torno de cinco eixos temáticos: Rumo à transformação dos sistemas de saúde; Justiça de gênero em saúde; Saúde do ecossistema: alimentos, energia, clima; Resistindo à migração forçada e à guerra; e Conhecimentos e práticas ancestrais e populares. A PHA 5 é um dos principais programas globais do Movimento pela Saúde dos Povos e será uma oportunidade troca entre os movimentos globais pela saúde. O evento terá início com um Tribunal Popular de Saúde que debaterá as violações do direito à saúde pelas corporações transnacionais. 

A importância de uma Assembleia de Saúde na Colômbia

Sua realização na Colômbia é de particular importância, considerando o contexto político atual e os movimentos de saúde na América Latina que fazem campanha por grandes reformas de saúde. “Na primeira PHA em Bangladesh, em 2000, reafirmamos a importância de alcançar a Saúde para Todos e uma Nova Ordem Econômica Internacional. Mais de 20 anos depois, ativistas se reunirão na Colômbia para dizer que continuamos prontos para lutar por esses objetivos e não estamos deixando a saúde à mercê do mercado e das medidas de austeridade”, defendeu com Hani Serag co-presidente do MSP. Carmen Baez, coordenadora da região do Cone sul do MSP, declarou:“Ao nos mobilizarmos rumo à PHA 5, somos guiados pela convicção de que se não lutarmos pela proteção da Mãe Terra, contra as hegemonias existentes, não conseguiremos o mundo melhor com o qual sonhamos. Nossos ancestrais e sua sabedoria são uma luz que nos guia neste contexto, o que nos permitirá alcançar uma nova ordem econômica mundial.

Mais provas dos malefícios do cigarro eletrônico

Um artigo do Jornal Unesp reuniu alguns dos últimos estudos sobre os cigarros eletrônicos. Eles fazem um alerta para a crescente popularidade entre os jovens e o impacto potencialmente negativo desses dispositivos na saúde bucal e no aumento da dependência de nicotina. Embora o Brasil e a Turquia tenham sido elogiados pela OMS em 2019 por suas políticas para combater o tabagismo, especialistas em saúde pública estão preocupados com o surgimento dessas novas formas de consumo de nicotina, que podem reverter a tendência. Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, aquecem um líquido contendo nicotina, solventes, aromatizantes e outras substâncias químicas para criar um aerossol que os usuários chamam de vapor. Embora a venda, importação e propaganda desses dispositivos sejam proibidas no Brasil, a popularidade dos vapes cresceu globalmente em um mercado de bilhões de dólares. A Anvisa reforça que a redução da emissão de substâncias pelos cigarros eletrônicos não significa redução de risco ou de dano à saúde, e que os DEFs causam dependência de nicotina, são ineficientes para o tratamento do tabagismo e podem servir como porta de entrada para o vício em jovens.

Mais um problema ético no projeto de chips cerebrais de Elon Musk 

A startup de implantes cerebrais de Elon Musk, Neuralink, está colocando membros de seu próprio corpo de funcionários em sua junta de supervisão de pesquisa animal. Esses conselhos de supervisão são exigidos por lei dos Estados Unidos para empresas que realizam experimentos em certos tipos de animais. De acordo com documentos da empresa e entrevistas com seis funcionários atuais e antigos, dos 22 membros da junta, 19 eram funcionários da Neuralink – inclusive o seu presidente. Alguns funcionários com níveis mais altos de cargos podem receber milhões de dólares se a empresa obtiver aprovações regulatórias importantes. Neuralink é uma empresa de tecnologia fundada por Elon Musk em 2016, com o objetivo de desenvolver interfaces cérebro-máquina (BCI, na sigla em inglês) capazes de conectar diretamente o cérebro humano a computadores e dispositivos eletrônicos.

Leia Também: