PÍLULAS: Assim o Brasil se despediu de Bruno e Dom

• O adeus a Bruno e Dom • Vacinas evitaram 20 milhões de mortes • ANS inclui tratamentos para altismo no rol • A demora dos brasileiros para buscar ajuda para depressão • Enchentes no Amazonas • Medicamento para Alzheimer não funcionou como esperado •

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Assim o Brasil se despediu de Bruno e Dom

Bruno Pereira e Dom Phillips, indigenista e jornalista assassinados no Vale do Javari, tiveram um destino trágico por lutarem pelos povos indígenas e pela Amazônia. Nos últimos dias, durante seu sepultamento, houve demonstrações de que sua luta está viva. Na sexta-feira, durante o velório de Bruno, no grande Recife, um grupo de indígenas Xucuru fez uma homenagem ao indigenista, com cantos e dança. “Dom e Bruno vivem em cada um de nós. Hoje, eles vivem nas matas sagradas”, afirmou o Cacique Marquinho durante cerimônia comovente. Dom, de origem britânica, foi sepultado ontem (26/6), em Niterói (RJ). Sua esposa, Alessandra Sampaio, alertou para o perigo que sofrem aqueles que defendem a Amazônia. Um grupo de manifestantes levou uma faixa questionando quem mandou matar a dupla. Em obituário para o jornalista que colaborava com o jornal, o Guardian relembrou a história de Dom, que mudou-se para o Brasil e estava escrevendo o livro Como salvar a Amazônia.


Vacinas evitaram quase 20 milhões de mortes em 2021

Um estudo publicado na semana passada no Lancet estimou, tanto com base em números oficiais quanto em excesso de mortes registrados em 185 países, que as vacinas salvaram 19,8 milhões de vidas no primeiro ano de sua aplicação. Os imunizantes alcançaram 55,4% da população mundial até 8 de dezembro de 2021, um ano após a aplicação da primeira dose. O número de mortes evitadas representa 63% de redução – estima-se 11,6 milhões de mortes no período. Foi muito, mas deveria ter sido mais: se a meta da OMS de entregar vacinas a países de baixa renda tivesse sido alcançada, muito mais mortes poderiam ter sido evitadas.


“Rol taxativo”: ANS busca tapar sol com a peneira

Após protestos da sociedade contra a decisão do STJ de que o rol de procedimentos estabelecido pela ANS é taxativo e não exemplificativo (ou seja, que os planos de saúde não precisam prestar serviços além de uma lista limitada), a Agência recuou alguns passos. Ampliou as regras de cobertura dos planos de saúde para os casos de transtornos globais do desenvolvimento, como, por exemplo, o transtorno de espectro autista. Assim, torna-se obrigatória a cobertura para qualquer método ou técnica indicado pelo médico para o tratamento do paciente que tenha um dos transtornos globais do desenvolvimento. As mães de crianças com autismo foram protagonistas dos protestos contra a decisão pró-mercado. Mas a decisão não melhora uma decisão ruim, como foi analisado pelo pesquisador Paulo Capel Narvai em texto publicado no Outra Saúde: se os convênios cumprem a função “suplementar” ao SUS, deveriam ser obrigados a garantir a saúde como um todo – não poderiam simplesmente vender “procedimentos”.


Brasileiros com depressão demoram para buscar ajuda

O estigma ainda afasta da ajuda profissional muitas pessoas que sofrem de transtornos mentais. Uma pesquisa do Instituto Ipsos aponta que brasileiros demoram um tempo médio de 3 anos para buscar tratamento. Entre os diagnosticados com o problema, a demora para buscar ajuda ocorreu, principalmente, por falta de consciência da importância de se tratar (18%), resistência e medo do julgamento (13%) e reação dos outros ou vergonha (13%). E essa delonga pode agravar o problema, recrudescendo seus sintomas, dificultando o tratamento e prejudicando o convívio social. O Brasil é o quinto país com maior incidência de depressão no mundo – situação agravada pela pandemia de covid.


Os impactos do clima em comunidades do Amazonas

Mais sinais da desigualdade climática foram registrados por reportagem da InfoAmazônia em Manaus, no Amazonas. Moradores de um bairro em Manaus relatam que as cheias do rio Negro estão chegando cada vez mais longe, e destruindo casas, levando lixo e pondo a sua vida em perigo. Uma enchente é considerada história se o nível de aumento do rio passa de 29 metros. O fato aconteceu nove vezes em todo o  século XX;  e o mesmo número já se repetiu apenas nos primeiros 22 anos do século XXI. O aquecimento global leva a mais chuvas na bacia amazônica. E o problema não acontece apenas em Manaus, mas também em outros 46 municípios, dos 62 do estado. São 552.482 amazonenses afetados. As cheias também impactam na vida de produtores rurais, que perdem plantações por alagamento. Em junho,  o governo do Amazonas criou um “Auxílio Estadual Enchente”, que promete distribuir R$ 300 a 100 mil famílias do estado.


Medicamento para Alzheimer decepciona cientistas

O crenezumab foi estudado por cientistas na última década como potencial tratamento para o Alzheimer, mas um último ensaio clínico minucioso mostrou que a substância não conseguiu evitar ou retardar o declínio cognitivo em pacientes. Foi a primeira vez que pessoas com um tipo de predisposição genética a desenvolver a doença – mas que ainda não apresentavam nenhum sintoma, receberam o medicamento, destinado a interromper ou retardar o declínio das funções cerebrais. Os participantes eram membros de uma família extensa de 6 mil pessoas na Colômbia; 1200 tinham o gene pré-determinante. O médico Pierre Tariot, que coordenou a pesquisa, afirmou que não houve diferenças estatisticamente relevantes na progressão da doença entre os membros do grupo que tiveram acesso ao crenezumab, comparados aos que receberam um placebo. E o mesmo ocorreu, inclusive, com um subgrupo ao qual se administrou, durante alguns anos, uma dosagem mais elevada.

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