Foletto propõe retomar o debate sobre Cultura Livre

Com a popularização da internet, debateu-se com intensidade a autoria e propriedade de bens culturais; como democratizar seu acesso e remunerar os artistas. Para uma Economia Imaterial refinada no Brasil, é preciso retomar essa conversa crucial

Durante o debate “Os serviços sofisticados: Cultura e Conhecimento”, que aconteceu em setembro de 2020 por ocasião do ciclo O Futuro do Trabalho do Brasil, a fala do editor do site BaixaCultura, Leonardo Foletto, girou em torno da produção e distribuição de bens culturais. O jornalista relembrou que nas décadas de 1990 e 2000, enquanto a internet se popularizava, debatia-se muito a propriedade das músicas, filmes e livros que circulavam gratuitamente pela rede. Se um arquivo dessa natureza é um “bem não rival” — ou seja, não é só porque você possui que outra pessoa deixa de possuir, como um carro ou uma geladeira — por que não deixá-lo disponível a todos? A produção de conhecimento não é muito mais coletiva do que individual, e portanto deveria ser de livre acesso à humanidade? Se a geração de renda a partir desses produtos concentra-se muito mais na mão dos intermediários que dos artistas em si, é realmente injusto pirateá-los?

Com a tomada da internet pelas grandes corporações, a discussão perdeu o rumo. Plataformas como o AirBnb se aproveitaram do discurso de compartilhamento; surgiram outras como o Spotify baseadas na ideia de que uma música não é “bem rival”, e portanto as pessoas não precisam possuí-la, basta ouvi-la por streaming — mas o dinheiro continua na mão dos mesmos. Como resgatar o debate e aprofundá-lo? De que maneiras podemos remunerar artistas e trabalhadores da cultura, fora da lógica mercantil? Qual o papel da Renda Básica nisso? E mais: em plena decadência do Ocidente, será que não devemos considerar outras perspectivas para além da criação de ideias como propriedade; do processo criativo como solitário e individual?

As provocações e reflexões de Leonardo Foletto estão no vídeo acima. A série continua na próxima quinta-feira, 18/3. Abre-se então a discussão sobre a agroecologia em contraposição ao agronegócio, iniciada por Paulo Petersen, agrônomo e membro executivo da Associação Brasileira de Agroecologia.

Veja outros vídeos da série O Futuro do Trabalho no Brasil:

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Pochmann vê esquerda atônita e voltada para trás

Danilo Pássaro: resistência à precarização vem das ruas

Belluzzo: saídas para reverter a desindustrialização

Sebastião Neto e as lembranças do Brasil operário

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Dari Krein e as consequências da “Reforma” Trabalhista

Esther Dweck vê uma saída para reindustrializar o país

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Pedro Rossi: A crise da indústria e o papel do Estado

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