Vacinas anticovid: a importância da “terceira dose”

Novos experimentos comprovam a importância da dose de reforço para a produção de mais anticorpos, deixando o corpo apto para combater inclusive novas variantes. Sua aplicação pode ser crucial para deter a ômicron

.

A variante ômicron e novos estudos reacenderam os debates sobre a aplicação da dose de reforço da vacina contra covid, e seus pormenores. Há cada vez mais evidências de que a terceira dose é eficaz e, cada vez mais, necessária. Na semana passada, o governo de São Paulo diminuiu o intervalo para que adultos recebam o reforço da vacina. Uma matéria da Nature examina a questão a fundo. Um dos casos que traz de exemplo é o de Israel, um dos países que mais rapidamente vacinou seus cidadãos. Atingido em cheio pela variante delta, chegou a ter uma das taxas de infecção diária mais altas do mundo, mesmo depois da imunização. Começou a oferecer doses de reforço no fim de julho, e rapidamente controlou a nova onda – até hoje, quando já há alguns casos confirmados da cepa ômicron.

Dezenas de outros países já começaram a oferecer a terceira dose. Segundo dados do Our World in Data, cerca de 3,3% do mundo já reforçou a imunização – a maior parte na Europa e América do Norte [gráfico acima]. Se havia discussões sobre sua necessidade, elas parecem estar sendo superadas. Um estudo recente publicado na revista Lancet testou sete marcas de vacina como reforço e concluiu que todas funcionam para reestimular o sistema imunológico – com uma pequena vantagem para as vacinas de mRNA (como a Pfizer), mas nada que desmereça as que utilizam outras tecnologias. Elas funcionam como uma espécie de restauração de anticorpos em níveis mais seguros para evitar a covid.

E servirão contra a ômicron? Para responder a essa pergunta, cientistas ainda precisam replicar o vírus em laboratório e analisar como as vacinas se comportam contra ele. Mas há evidências de que, mesmo que percam capacidade – e muitos cientistas acreditam que haverá alguma perda –, uma quantidade significativa de anticorpos pode ajudar a atrasar o espalhamento do vírus, dando mais tempo ao corpo de se defender. Causando apenas sintomas leves, como já se nota na vida real. Em termos de políticas públicas, está cada vez mais claro que oferecer reforço aos já vacinados é a coisa certa a se fazer.

Leia Também: