Organizações científicas defendem papel central da ciência na ONU

Há reconhecimento amplo do papel importante da ciência na solução dos grandes desafios globais. É a opinião da Nature, a mais importante revista acadêmica. Ela cobra que a ONU nomeie com urgência o departamento científico anunciado pelo secretário-geral António Guterres

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A ONU está prestes a ter um departamento de aconselhamento científico, sugerem recentes movimentações na diplomacia internacional. A mobilização reflete o peso crescente das suas agências e das negociações promovidas pela velha casa das Nações Unidas, muitas vezes inefetiva. Mas ela conquistou espaço entre as instituições internacionais, nos últimos dez anos, destacando-se especialmente em áreas fundamentais, atualmente, como as do meio ambiente e da Saúde e da inovação tecnológica.

De acordo com um editorial da revista Nature, de 8/12, a nomeação do conselho científico da ONU anunciada pelo secretário-geral António Guterres em setembro, teria deixado os representantes da comunidade científica ansiosos por uma ação rápida. “A decisão de nomear um conselho consultivo é bem-vinda – e urgente, visto os desafios duplos da covid e das alterações climáticas”, escreveu Nature.

É razoável o entusiasmo com o posicionamento da ciência no centro de decisão da ONU, reportando-se diretamente ao secretário-geral. Poucos detalhes foram divulgados, mas o Conselho Internacional de Ciência (CIC), sediado em Paris, também se manifestou em favor da iniciativa, diz Nature. Seu presidente, o ex-assessor do governo neo-zelandês Peter Gluckman, escreveu a Guterres dizendo que quer ajudar a construir essa nova instituição do sistema intergovernamental.

O CIC é uma organização não governamental única no gênero, que promove a ciência como um bem público global. Seus princípios incluem, por exemplo, a defesa de acesso aberto universal aos resultados da pesquisa científica, reformulando o atual sistema de publicação em revistas especializadas, em âmbito privado. É um projeto ambicioso: a ONU teria a mesma pretensão?

Guterres precisa acabar com o suspense e definir seus planos, acredita Nature. “Tempo é essencial”, proclama a revista. Ele mesmo disse que “estamos em um ponto de inflexão na história”. E está certo, salienta o editorial. “A covid e a mudança climática levaram a ciência a uma posição muito mais alta na agenda internacional”. Os planos da ONU de erradicar a pobreza e alcançar a sustentabilidade até 2030 estão atrasados. E é agora “reconhecimento generalizado que a ciência tem um papel importante a desempenhar na abordagem esses e outros desafios”.

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