Um brasileiro no grupo que tenta conter novas pandemias

Carlos Morel, médico, biofísico e pesquisador, integra comitê da OMS que pesquisará a origem de novos e antigos vírus perigosos. Ele destaca: papel do grupo não é apontar vilões, mas agir para evitar novas tragédias

Imagem: Ciência Hoje
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No momento em que o mundo percebe o quanto é importante a comunidade científica estar alerta a novas variantes da covid – como a ômicron –, vale ler entrevista de um dos membros do novo grupo de consultoria científica para origens de novos patógenos da OMS. É o pesquisador pernambucano Carlos Morel, coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz, e ex-presidente da Fundação. Ele sustenta: ao contrário do que sugere a imprensa, o propósito central do grupo não é apontar vilões, fomentar disputas geopolíticas ou investigar teorias que apontam o possível “vazamento” do vírus de um laboratório qualquer. Seu papel é entender a pandemia atual, as passadas e as futuras, e sempre que possível fazer o sequenciamento genético dos vírus. “Para se descobrir a origem do vírus, tem que se saber de onde ele saiu. Ele não é criado de uma hora para a outra. Ele é a modificação de algo já existente”, afirma.

Precisamente para que seu trabalho não seja visto como parte de disputas entre potências, o comitê de consultoria da OMS acaba de ser ampliado. Terá 27 pessoas, de 27 países, escolhidas também por sua nacionalidade. “Há especialistas em doenças infecciosas, virologia, ecologia, epidemiologia molecular, bioinformática, ética, ciências sociais…” Mas a OMS “notou que não basta ter aqueles sábios científicos dizendo A, B ou C. Isso é parte do problema. Tem que haver representatividade”, afirma.

Morel também destaca a pressão sofrida pelo grupo de cientistas, inclusive por questões geopolíticas. No entanto, relembra: a OMS não tem poder de polícia, portanto não pode entrar – na China ou em qualquer outro país – para investigar a origem do vírus. Precisa ser convidada, após fazer estudos e ganhar confiança.

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