O que os cientistas têm a dizer sobre a ômicron

Na verdade, pouco. Mas com base na análise genética da nova variante, é possível levantar hipóteses. Algumas de suas mutações indicam vantagem na transmissibilidade – que deverá ser provada (ou não) nas próximas semanas

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Já sabemos que pouco sabemos sobre a nova variante ômicron – mas a ansiedade é grande, principalmente após o anúncio de 2 casos da variante no Brasil. Uma matéria da revista Science explica que é preciso ter paciência para chegar a conclusões mais sólidas, mas já é possível fazer conjecturas. As perguntas principais são: a ômicron será mais contagiosa e mais mortal? Causará reinfecções? Conseguirá contaminar pessoas já imunizadas? De onde surgiu? Para esta última pergunta, aliás, há ainda menos certeza, já que foram descobertas amostras de testes na Holanda que provam que a variante já estava no continente europeu pelo menos desde o dia 19.

Mas por que essa demora para chegar a conclusões? Há especulações importantes já sendo feitas pelos cientistas, conta a revista, mas algumas ainda são questionáveis. Uma análise inicial mostrou que a ômicron tornou-se a cepa preponderante na África do Sul – e isso poderia atestar seu veloz espalhamento. Mas não necessariamente: em uma cidade norte-americana, uma série de eventos fortuitos fez com que uma variante da covid se tornasse dominante, no começo do ano – mesmo ela não tendo essa característica específica. E há argumentos a favor dessa hipótese esperançosa: com base em comparações de genomas da ômicron, cientistas estimam que a variante tenha surgido entre setembro e outubro, o que mostraria que seu espalhamento talvez não seja assim tão veloz.

Há, também, motivos para se temer. Outras análises do genoma da ômicron e suas inusuais mutações indicam que o vírus tomou caminhos ameaçadores. Algumas das mudanças ocasionadas nessa cepa indicam que pode haver uma melhora na proteína que faz o vírus se ligar ao receptor da célula. Uma mutação específica, encontrada na ômicron, já vinha preocupando os biólogos porque muda proteínas do vírus de forma que os anticorpos percam capacidade de combatê-los. A revista cita o cientista Aris Katzourakis, da Universidade de Oxford: “É difícil dizer o quanto o vírus é transmissível com base apenas em suas mutações. Mas se formos olhar para aquelas que afetam a transmissibilidade, ele possui todas”.

Mas, completa a revista, ainda há muitos experimentos de laboratório a serem feitos, além da análise de como o vírus se comporta no mundo real nas próximas semanas.

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