PÍLULAS: SBPC cobra de candidatos compromisso com a Ciência

• Direitos reprodutivos: mulheres não precisaram de apoio do marido para laqueadura • Novo vírus detectado na China não parece grande ameaça • O SUS diante da covid longa • Estudos da fiocruz sobre as sequelas da doença • Cortes no ICMS ameaçam financiamento à saúde •

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SBPC quer compromissos com ciência e democracia
Ontem foi um dia importante para a luta democrática, em que milhares de pessoas se reuniram em ato para defender a legitimidade das urnas e a democracia brasileira. Em nome dos mesmos princípios, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) elaborou uma carta de compromisso para que seja assinada por candidatos ao Executivo e ao Legislativo nas eleições de 2022. Sob forte ataque do governo Bolsonaro, a Ciência enfrenta uma enorme crise nos últimos anos – especialmente com cortes de orçamento, mas também com a propagação do anticientificismo que é característico ao bolsonarismo. Agora, a SBPC quer virar essa página. Em sua carta, princípios básicos para que o Brasil siga um rumo diferente são listados, e os postulantes a cargos públicos devem se comprometer com eles. Entre os princípios, estão o compromisso com o Estado Democrático de Direito; com a CT&I; com a educação básica, o ensino superior e a pós-graduação; com a Saúde; com o Meio Ambiente; com a igualdade racial e de gênero; com a Cultura; com o enfrentamento às mudanças climáticas. A entidade divulgará os nomes daqueles políticos que assinarem a carta-compromisso.

Senado aprova liberdade para laqueadura sem aval do marido
O Legislativo aprovou , na última quarta-feira, 10/8, projeto de lei que permite que qualquer pessoa faça esterilização voluntária sem precisar de autorização do cônjuge. A idade mínima para fazer o procedimento também diminuiu de 25 para 21 anos. É uma vitória especialmente para mulheres, vítimas maiores do patriarcado, que agora podem decidir ter ou não filhos sem que seu marido interfira. Por causa da pandemia, mas também por motivos relacionados ao conservadorismo que vem ganhando espaço no Brasil, o número de laqueaduras vem caindo ao longo dos anos. A cirurgia, que permite às mulheres evitar filhos por meio da obstrução das trompas, caiu quase 50% entre 2019 e 2021. Agora, o projeto de lei está nas mãos de Bolsonaro, que precisará sancioná-lo ou não nos próximos dias.

A maternidade e a questão de cor
Há uma disparidade nos dados de quem faz laqueadura no Brasil, registrada pelo site Gênero e Número: mulheres negras são a grande maioria (72,8%) na realização do procedimento; 25% são brancas. Algo que remete a um triste fenômeno registrado por uma reportagem da Tab Uol: a violência no Brasil, que mata desproporcionalmente jovens negros, parece estar fazendo mulheres negras desistirem da maternidade. Entre as pretas que fazem laqueadura, 49% são solteiras, 7% são divorciadas e 2% viúvas, ante 42% de casadas. A faixa etária predominante entre todas as cores de pele é entre 40 e 49 anos. Segundo entrevistadas para a mesma matéria da Gênero e Número, mulheres muitas vezes encontram dificuldade de fazer valer mesmo as leis já vigentes. Profissionais desinformados muitas vezes rejeitam fazer laqueadura em mulheres solteiras ou que não tenham tido nenhum filho.

O que pode significar o vírus langya, detectado na China
Há pouco motivo para preocupações com o novo vírus, que apareceu no leste chinês e foi destaque das notícias de Saúde desta semana. É o que dizem cientistas que falaram à Nature. Eles  afirmam tratar-se apenas de mais uma doença que eventualmente aparece em humanos devido ao rastreamento feito por autoridades de vigilância epidemiológica. O langya henipavírus (LayV), ligado a outros vírus já conhecidos que infectam seres humanos, pode causar tosse, febre e fadiga – e até infecções respiratórias capazes de matar. Mas a incidência e o contágio são raros. Entre os 35 casos que foram registrados desde 2018, todos tinham em comum um contato recente com roedores. Não há evidências de que a contaminação entre pessoas aconteça.

O SUS diante da covid longa
O assunto é mais um tópico que reforça os questionamentos ao chamado “teto de gastos” sociais. “O sistema de saúde tem de ser ampliado. Porque além do que já havia, existe uma nova carga, que são os pacientes doentes de covid longa”, afirmou Fátima Marinho, médica epidemiologista, em entrevista ao Outra Saúde. “E não vemos plano nenhum de enfrentamento. O desafio já está colocado e não temos respostas. Temos uma população mais doente. Daquelas 2,5 milhões de pessoas hospitalizadas com covid até dezembro de 2021, 70% sobreviveram. E dos que sobreviveram cerca de 30% terão covid longa, uma doença nova, que não conhecemos. Estamos tentando estudar e entender a gravidade desta modalidade. Precisamos de pesquisas e novos medicamentos para tratar de uma coisa nova.”

Fiocruz também estuda o drama das sequelas
A OMS já firmou a definição covid longa para pacientes que, em termos oficiais, se recuperaram do coronavírus, mas apresentam sintomas e sequelas de forma persistente. E aos poucos aparecem pesquisas científicas a atestar o fenômeno. Uma delas foi feita pela Fiocruz-MG, que acompanhou 646 pacientes recuperados de covid durante 14 meses e aferiu que 324 (50%!) mantiveram sintomas como cansaço, perda de olfato e paladar, insônia, ansiedade, perda de memória. A pesquisa também dividiu as pessoas observadas em grupos que tiveram covid leve, moderada e grave, e confirmou que em todos os grupos há uma taxa relevante de sequelados. “O ideal é não pegar a covid, esse é o critério. E como? Se protegendo e utilizando máscara. Essa é a primeira questão que é fundamental. Não tem um tratamento para sequela, isso tem que ser individualizado”, afirmou o infectologista Marcos Caseiro ao jornal Brasil de Fato.

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