PÍLULAS: As vítimas esquecidas da epidemia de zika

• Cuba produz medicamento contra Alzheimer • Novas investidas da Pfizer • Brasil prega boa alimentação e dá benefícios à de baixa qualidade • Tratamento preventivo contra câncer? • Coronavírus de morcegos no Sudeste asiático •

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As vítimas esquecidas da epidemia de zika
Já estão completando sete anos as crianças que foram fruto de gravidez de mães com zika, no surto virulento que aconteceu entre 2015 e 2016 no Brasil. O vírus, transmitido pelo mosquito aedes aegypti, causa anencefalia em bebês em gestação. O problema de saúde pública foi tema de uma reportagem publicada pelo jornal norte-americano New York Times. As mães cujos filhos têm essa condição precisam lutar sozinhas, segundo a matéria, contra desafios que aparecem ao longo do percurso. Isso porque o interesse científico na doença caiu drasticamente, quando ficou claro que não seria um problema para o Norte Global. A reportagem destaca ainda os cortes drásticos na ciência feitos pelo governo Bolsonaro. Não se sabe de que maneira o vírus viajou de Uganda (onde apareceu pela primeira vez) ao Brasil. Tampouco por que apenas entre 7% e 14% dos bebês são afetados pela síndrome congênita do zika, e 3% sofrem de microcefalia. Não há orçamento para continuar as pesquisas. As crianças com os piores casos são totalmente dependentes de suas mães. O problema atinge em especial o Nordeste e pessoas negras e empobrecidas.

Cuba desenvolve medicamento promissor contra Alzheimer
Um novo medicamento está em fase de testes para tratar o Alzheimer, doença com tratamentos escassos que atinge 55 milhões de pessoas em todo o mundo. E sua procedência pode ser surpreendente: está sendo desenvolvido por cientistas cubanos. Mesmo com o bloqueio imposto pelos Estados Unidos, a ilha caribenha tem medicina muito avançada e desenvolveu, durante a pandemia, três vacinas diferentes contra a covid-19 – 88,7% de sua população está totalmente vacinada. Agora, os pesquisadores cubanos anunciaram que estão vendo bons resultados na fase um de testes do NeuralCIM, um medicamento neuroprotetor de uso nasal. Sua função é prolongar um pouco mais a vida das células do sistema nervoso, para que os sintomas sejam mais espaçados e a doença não progrida tão rapidamente.

Pfizer mira monopólio de tratamentos para doenças raras
A Pfizer está disposta a comprar a Global Blood Therapeutics, que tem um dos poucos tratamentos aprovados para a doença falciforme. A adição da empresa reforçaria o ramo de tratamento de doenças raras da Pfizer. A anemia falciforme é uma doença hereditária no sangue, que afeta cerca de 100 mil pessoas nos EUA e 20 milhões em todo o mundo, boa parte delas são pessoas negras. A Pfizer enriqueceu com a venda de sua vacina durante a pandemia – financiada em grande parte com dinheiro público norte-americano. Segundo o jornal Wall Street Journal, a empresa quer adicionar US$ 25 bilhões em receita de movimentos de desenvolvimento de negócios, como fusões e aquisições, até 2030.

A boa alimentação, cada vez mais difícil de ser adotada no Brasil
Há um problema grave de incongruência entre o que o Brasil prega como boa alimentação e a política tributária para quem produz cada tipo de alimento. Tem forte incentivo, por exemplo, a indústria que produz os ultraprocessados – produtos alimentícios como salgadinho e pão de forma, de baixo teor nutritivo, mas que levam aditivos químicos para tornar sabor, visual e cheiro mais atraentes. Produtos como achocolatados e macarrão instantâneo entram na categoria de “cesta básica” e por isso têm direito à desoneração. Mas o Guia Alimentar Para a População Brasileira, elaborado em 2014, indica que o consumo desse tipo de comida faz mal à saúde e deve ser evitado. Já aqueles alimentos que passam por processamento não tão prejudicial à saúde não recebem os mesmos benefícios. Há ainda de se considerar que os alimentos frescos ou minimamente processados foram responsáveis por cerca de 70% da inflação total da alimentação caseira entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Ou seja: o ministério da Saúde prega uma dieta que está cada vez mais difícil de ser seguida pela população.

Uma droga para prevenir cânceres com predisposição hereditária?
Após duas décadas de pesquisas com chamados inibidores Parp, bons resultados estão aparecendo no tratamento de tumores que causam uma série de cânceres como o de mama, ovário e próstata. Parp, abreviação da Poli(ADP Ribosa) Polimerasa, é uma enzima importante para ajudar as células a restaurar um DNA modificado. O problema é que, em células cancerosas, ela tem o efeito de matá-las – e os inibidores da enzima fazem com que elas se recuperem. Tem funcionado para fazer os tumores regredirem com bastante sucesso. Agora, cientistas estudam a possibilidade de utilizar drogas inibidoras de Parp para prevenir cânceres em pessoas com propensão a eles, por serem descendentes de indivíduos que contraíram a doença. Há quem precise fazer mastectomia ou retirar o útero para evitar que o tumor apareça. Essa descoberta pode apresentar um caminho mais simples.

Coronavírus de morcegos infecta 70 mil por ano no Sudeste asiático:
Estudo publicado na Nature Communications levanta ao menos 66 mil infecções anuais por coronavírus em pessoas que mantêm contato cotidiano com morcegos. O contingente de pessoas que carrega as duas modalidades de coronavírus é formado por comerciantes, fazendeiros e mesmo moradores de áreas habitadas pelo mamífero voador. Segundo o estudo, infecções não costumam gerar adoecimento, mas aumento das interações entre humanos e morcegos na região acende alerta. Aos governos, cabe orientar práticas preventivas e monitorar o fluxo viral permanentemente.

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