PÍLULAS: Saúde privada é contra o piso salarial da Enfermagem

• Rol taxativo na justiça de SP • Mais sobre a nova varíola – e por que ela deve mudar de nome • Vacina contra a ômicron chega à Europa • Bilionários e seu projeto de vida eterna •

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Saúde privada é contra o piso salarial da Enfermagem

O setor privado está torcendo o nariz para a aprovação do piso salarial da Enfermagem, que estabeleceu que enfermeiros devem receber ao menos R$ 4.750 e outros profissionais da categoria 70% ou 50% do valor. Ao menos três notícias mostram que a valorização desses trabalhadores preocupa os empresários. Um dia após a sanção da lei, em 5/8, a DaVita – maior rede de diálise, que possui 91 clínicas e atende 350 hospitais pelo país – chamou uma reunião de emergência com o ministro da Saúde, ameaçando parar de prestar serviços para o SUS. A situação é grave: 87% dos pacientes com doença renal, que precisam de diálise frequente, são atendidos por clínicas privadas conveniadas ao SUS. Clínicas que fazem o procedimento querem tornar a lei sem efeito. No final da semana passada, o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) denunciou que já foram oficializadas quatro denúncias feitas pela categoria no estado, que registram demissões em massa e assédio moral nos locais de trabalho. Já os planos de saúde desejam aumentar em 12% os valores das mensalidades – ideia rechaçada pela Coren-MG.

Rol taxativo: Justiça tem decidido a favor de pacientes, em SP

Considerada uma vitória dos planos de saúde, a decisão a favor do rol taxativo estabeleceu que as empresas só precisam custear tratamentos que estão inseridos em uma lista estipulada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mas a decisão abre brechas, que têm sido aproveitadas nos julgamentos que acontecem no estado de São Paulo. Segundo um escritório de advocacia, de sete processos em primeira ou segunda instâncias, apenas uma decisão foi contra o cliente do plano de saúde. Entre os casos, estão o de um menor de idade com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que precisava de terapia comportamental; um tratamento de radioembolização hepática para um paciente com câncer no fígado e o fornecimento de equipamento de infusão contínua de insulina para tratamento de um paciente diabetes. Em geral, as decisões levam em conta que a prescrição médica deve ser atendida. Uma lei que obriga os planos de saúde a cobrirem tratamentos fora do rol da ANS foi aprovada na Câmara dos deputados em 4/8 e deverá ser votada no dia 29.

Nova varíola: o forte aumento no Brasil e novas descobertas

Segundo levantamento da OMS, o Brasil foi o país onde o número de infectados pela varíola dos macacos teve maior aumento. A Organização faz relatórios a cada duas semanas, e em 7/8 os casos subiram 190,7% em relação ao período até 25/7 –  eram 592, passaram a 1,7 mil. E tudo indica que o aumento continua acelerado: o país registrou, no domingo, 2.893 infectados. No mundo, mais de 27 mil pessoas contraíram o vírus – mais da metade delas na Europa. Cientistas identificaram, recentemente, um novo sintoma relacionado à doença: a proctite, inflamação no revestimento interno do ânus. Segundo estudo publicado no Lancet, 25% dos casos relataram o problema. Outros dados da pesquisa identificaram que 39% dos infectados precisaram de cuidados médicos – mas apenas 2% foram hospitalizados. Quase todos os indivíduos que participaram da pesquisa relataram comportamento de risco para ISTs, o que leva os cientistas a reafirmar que o contato próximo durante o sexo é a forma principal de transmissão da doença.

Em breve deixaremos de chamá-la “varíola dos macacos”

Embora tenha sido identificada em símios, eles não são vetores da doença. Mas seu nome pode confundir as pessoas: cinco macacos foram encontrados mortos em São Paulo, a suspeita é de que tenham sido atacados. E há um outro grave problema: até recentemente, as cepas continuavam sendo chamadas pela região na África onde eram predominantes. As diretrizes da OMS rejeitam a nomeação de uma doença que a relacione com animais ou lugares, para conter a estigmatização. Por isso, há alguns meses, a organização estuda a mudança de nome. As variantes já perderam seus nomes relacionados à África: chamam-se, agora, Clado I e Clado II – seus subgrupos levam uma letra minúscula após o algarismo romano. Falta renomear o vírus. Para isso, a OMS abriu uma consulta pública para recolher sugestões. É possível fazê-lo aqui

Covid: Nova vacina contra variante ômicron chega aos países ricos

Foi aprovada ontem, 15/8, a primeira vacina contra as novas cepas da covid-19. Produzida pela empresa Moderna, ela é capaz de evitar com eficácia as subvariantes BA.4 e BA.5 da ômicron, que causou uma grande onda de internações em diversas partes do mundo – incluindo no Brasil. Há meses as grandes empresas farmacêuticas trabalham para desenvolver vacinas que sejam eficazes contra as novas variantes. Todos os imunizantes utilizados mundo afora foram feitos a partir da variante original da covid – desde então, cepas como a delta e a gama vêm causando estrago. A ômicron especialmente causou as maiores ondas da doença em todos os continentes, embora tenha sido bem menos letal, seja por sua constituição, seja porque parte do mundo já estava minimamente imunizado. É previsto que as novas vacinas cheguem aos norte-americanos a partir de setembro e aos britânicos ainda neste semestre. Enquanto isso, 73% dos africanos não chegaram a tomar nenhuma dose de imunizante.

Magnatas não querem morrer

Combater o envelhecimento tornou-se uma espécie de projeto de estimação para muitos dos titãs da tecnologia do Vale do Silício (EUA). No início de 2022, a Altos Labs, uma empresa de reprogramação celular parcial, atraiu bilhões de dólares em investimentos, inclusive de Jeff Bezos e Yuri Milner. Os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page, investiram bilhões na Calico, com objetivos semelhantes. Peter Thiel foi um dos primeiros patrocinadores da Unity Biotechnology. Peter Diamandis está apostando no sangue jovem e nas células-tronco. Como mostra a Stat, especialistas apontam o doutor Nir Barzilai, médico e diretor do Instituto de Pesquisa do Envelhecimento da Universidade Alberto Einstein, em Yeshiva (Israel) como o nome ideal para conduzir a empreitada. No entanto, há barreiras burocráticas, uma vez que os projetos de aumento da longevidade passam pelo desenvolvimento de alguma nova droga, o que esbarra em proibição do FDA estadunidense, pois ao não considerar o envelhecimento uma doença, não licencia novos remédios para tal finalidade. De resto, testar e desenvolver essa fórmula mágica ainda carrega custos astronômicos.

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