PÍLULAS | Governo Bolsonaro desviou verba de covid para comprar tratores

• Desvio da Saúde para comprar tratores • Racionamento da vacina BCG • Vacina reduz covid longa • Fiocrus estuda covid longa em MG • Aquecimento global compromete o sono • Os riscos cada vez mais próximos da catástrofe climática • Tratamento contra o câncer em países pobres •

.

Governo Bolsonaro desviou verba de covid para comprar tratores 

O governo federal comprou tratores com R$ 89,8 milhões originalmente destinados a diminuir o impacto da pandemia de covid-19 em comunidades pobres. A aquisição de 247 equipamentos agrícolas ocorreu antes da definição de quais municípios as receberiam – escancarando a ausência de critérios do Ministério da Cidadania. A compra de máquinas agrícolas se tornou uma marca da gestão Bolsonaro: a partir do processo licitatório no Ministério do Desenvolvimento Regional, políticos aliados usam o famoso orçamento secreto para enviar os tratores a suas bases eleitorais. Dessa vez, a novidade é que a compra foi realizada com recursos da União.


Estados racionam vacina BCG após interdição de fábrica nacional

O fornecimento da vacina BCG, que previne a tuberculose, está diminuindo desde que o ministério da Saúde parou de garantir o imunizante. A fábrica nacional da vacina, pertencente à Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), foi interditada pela Anvisa por irregularidades que apresentavam “risco à saúde da população brasileira”. Sem soluções apresentadas pelo governo federal, as doses atualmente distribuídas aos estados brasileiros foram doadas pelo Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço regional da OMS. A BCG é uma das primeiras vacinas oferecidas a bebês humanos.


Vacina reduz sintomas de covid longa

Já se sabe que a covid pode afetar vários órgãos após a infecção, especialmente em pessoas que foram hospitalizadas com a doença – o que vem sendo chamado de covid longa. Pesquisadores britânicos entrevistados pelo Guardian observaram que pacientes com covid grave desenvolveram mais doenças cardiovasculares, hepáticas e pulmonares. Segundo eles, a chance de miocardite, por exemplo, aumenta em 13% para pacientes com covid longa. Um estudo, também do Reino Unido, acompanhou mais de 28 mil pessoas e descobriu que a vacina diminui os sintomas daqueles que estavam sofrendo com a covid longa: a condição foi reduzida em 13% após a primeira dose e 9% depois da segunda. Estudos ainda tentam entender como a vacina impacta no tratamento da doença.


Fiocruz investiga covid longa no Brasil

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou covid longa em 50,2% dos 646 pacientes acompanhados pela pesquisa. O estudo, realizado em Minas Gerais, contabilizou 23 sintomas após o fim da infecção aguda: fadiga, relatada por 35,6% dos voluntários, tosse persistente (34,0%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%). Além disso, também chamam a atenção os transtornos mentais, como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%). Sequelas mais graves, como a trombose, foram evidenciadas em 6,2% dos pacientes. A pesquisa acompanhou pessoas entre 18 e 91 anos que tiveram covid leve, moderada ou grave. Dos voluntários analisados, apenas 5 haviam tomado a vacina – desses, 3 desenvolveram covid longa. 


Mudanças climáticas prejudicam o sono

Pesquisa publicada na revista One Earth concluiu que o aumento da temperatura afeta negativamente o sono. O corpo humano libera calor para o ambiente externo todas as noites, dilatando vasos sanguíneos e aumentando o fluxo para mãos e pés. Para que nossos corpos transfiram calor, o ambiente ao redor precisa ser mais frio do que nós. Temperaturas fora da média podem fazer com que uma pessoa perca até 58 horas de sono por ano, sendo especialmente vulneráveis as mulheres e idosos de baixa renda em países mais quentes.


Cada vez mais próximos da catástrofe climática 

Relatório divulgado esta semana pela ONU mostra que indicadores de mudanças climáticas bateram recordes em 2021. O estudo, desenvolvido pela Organização Meteorológica Mundial, destaca piora em quatro deles: aumento das concentrações de gases do efeito estufa, da acidificação dos oceanos, além da elevação do nível do mar e das temperaturas. Com uma média global de aquecimento quase 1,1 grau acima do nível pré-industrial, caminhamos firmes para a catástrofe climática.


Países pobres não têm acesso a medicamentos contra o câncer

Atualmente, menos de 50% dos medicamentos contra o câncer presentes na lista de remédios essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS) estão disponíveis em países de baixa e média renda. Quase três em cada quatro mortes por câncer da próxima década devem ocorrer nesses locais. Enquanto isso, farmacêuticas globais se uniram para anunciar um consórcio que pretende atacar o problema, mas pode não passar de jogada de marketing. Sua primeira ação: ceder remédio para leucemia que entraria em domínio público já ano que vem.

Leia Também: