PÍLULAS | Os novos encontros pré-Conferência Livre de Saúde

• Cuidados domiciliares com idosos na pandemia • Por que a puberdade começa mais cedo a cada década • Quando é preciso fazer exames preventivos contra o câncer • Pesquisa sobre segurança alimentar •

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Estão se multiplicando os eventos que preparam a Conferência Livre, Democrática e Popular da Saúde, convocada pela Frente pela Vida e cuja plenária final ocorrerá em agosto. É o caso, por exemplo, do Encontro Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores da Saúde, evento preparatório que acontecerá dia 27 por transmissão em vídeo. Para ajudar a esquentar os motores, o Cebes promove, hoje (23/5) a partir das 17h, um debate entre Túlio Franco, Rosana Onocko e Lúcia Souto, os presidentes da Rede Unida, Abrasco e do próprio Cebes, respectivamente. Na sexta-feira (20/5), o  editorial da Saúde em Debate faz um paralelo do momento atual com o da Constituinte de 1988 para destacar a importância da Conferência Livre de Saúde. Em texto contundente, defendem: “Esse contexto exige uma grande articulação do campo democrático, visando a um novo pacto social e à construção de um projeto nacional, que tenha como horizonte: a redução das enormes desigualdades sociais; um novo modelo de desenvolvimento que seja sustentável, soberano, que preserve a natureza e seja voltado para as necessidades da população e para as gerações futuras, e não para interesses privados que espoliam nossas riquezas.”


O trabalho de cuidado com os idosos, na pandemia

Até meados de 2020, durante a primeira fase da pandemia de covid, no Brasil, foi o momento em que o isolamento social funcionou com mais abrangência – muito embora distante do necessário – e quando começaram a aparecer os problemas derivados dessa situação. Um estudo publicado nos Cadernos de Saúde Pública avaliou o cuidado domiciliar de idosos neste ano, e fez descobertas importantes. Uma delas mostra a importância do trabalho profissional desse tipo de cuidado: 11,7% dos adultos que moravam com idosos que necessitam de auxílio funcional deixaram de ter cuidador e tiveram que assumir essa responsabilidade. E esse trabalho de cuidado extra recaiu principalmente sobre as mulheres. Mas o estudo constatou, também, que essa sobrecarga teve classe social e cor: pessoas brancas e de maior renda foram as que mais constataram a mudança. Isso, analisam os pesquisadores, não significa que a situação entre essas pessoas é pior. Mas que “a população negra e de baixa renda já vem sofrendo os efeitos do trabalho de cuidar desde muito antes da pandemia”.


A puberdade começa mais cedo a cada década… 

Ainda não se sabe ao certo, mas o fato é que as crianças – especialmente as meninas – estão amadurecendo mais cedo do que as gerações anteriores. Uma pesquisa publicada em 1997 por Marcia Herman-Giddens, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, foi um divisor de águas nesse sentido. Ela constatou, ao analisar 17 mil registros, que as garotas na década de 1990 começaram a desenvolver seios mais de um ano mais cedo do que o que foi registrado em décadas anteriores. Quanto à menstruação, estudos posteriores feitos em dezenas de países mostram que ela chega três meses mais cedo a cada década desde 1970. 

…Mas por quê?

Parece não haver dúvidas de que o aumento da obesidade infantil desempenha um papel importante nesse amadurecimento precoce. Mas esse fator não explica tudo, afinal acontece também com crianças que não são obesas. Pesquisadores desconfiam do aumento da obesidade entre outras possíveis influências, como químicos encontrados em alguns plásticos e estresse exacerbado. A puberdade precoce pode ser prejudicial para as meninas, que correm maior risco de depressão, ansiedade, abuso de substâncias e outros problemas psicológicos, em comparação com colegas que atingem a puberdade mais tarde; meninas que menstruam mais cedo também podem ter um risco maior de desenvolver câncer de mama ou uterino na idade adulta, segundo o estudo.


Mulheres e exames preventivos contra câncer: menos pode ser mais

O Outra Saúde publicou, em 13 de maio, uma pílula que de certa maneira celebrava a ampliação do acesso a exames para detectar cânceres femininos, de útero e de mama. Fomos alertados prontamente por uma leitora para o risco contido nessa nova lei. Nesta nota publicada na Abrasco, os motivos da preocupação. A entidade considera um retrocesso essa ampliação da oferta de exames de mamografia, citopatologia e colposcopia para todas as idades. As recomendações baseadas em evidências científicas indicam que os testes preventivos para câncer de colo de útero devem ser feitos em mulheres de 25 a 64 anos; a mamografia em mulheres de 50 a 69. Isso porque, fora dessas faixas etárias, a possível descoberta de um câncer e o decorrente tratamento podem ser mais prejudiciais do que benéficos. “Apesar de apoiadas em evidências sólidas, as recomendações para o rastreamento dos cânceres do colo do útero e mama, vem sendo ao longo dos anos atacadas por entidades e personalidades com conflitos de interesse com a indústria médico-farmacêutica”, afirma a Abrasco.


Para contribuir com pesquisa sobre a Segurança Alimentar

Colabore com a pesquisa “Interfaces entre a Saúde e a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional: potencialidades e desafios da Vigilância Alimentar e Nutricional do Sistema Único de Saúde”. Desenvolvida pela pesquisadora Beatriz Gouveia Moura no programa de pós-graduação da Universidade Federal do Sergipe, a pesquisa pretende identificar a percepção de gestores, profissionais e representantes da sociedade civil sobre o papel da Vigilância Alimentar e Nutricional do SUS. A pesquisa colabora com o projeto “Atualização do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) sob a ótica dos profissionais envolvidos”, que descreve e prediz tendências das condições nutricionais da população brasileira, analisando as causas e fatores que permitem a vergonhosa existência de grupos humanos em risco alimentar. Para participar, clique aqui.

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