PÍLULAS | Covid: Fiocruz alerta contra os riscos da vacinação estagnada

• Santas Casas em crise • Varíola do macaco em países ricos • Maconha medicinal • Hipersonia • Uma lista de filmes para assistir de graça na VideoSaúde •

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O último Boletim do Observatório Covid-19, publicado na quarta-feira (19/5), deixou preocupados os pesquisadores da Fiocruz. Eles constataram que a vacinação contra a doença estagnou, tendo crescido apenas 0,3% na última semana. Os maus números foram puxados principalmente pela baixa taxa de imunização nas crianças de zero a 5 anos, cuja cobertura vacinal completa encontra-se em cerca de 30%. Também a adesão dos adultos à terceira dose entrou em queda, depois de uma alta (2,62%) em fevereiro. A Fiocruz alerta em especial para o caso dos idosos, que começaram a ser vacinados mais cedo e agora precisam do reforço para  evitar casos graves da doença. A preocupação foi ampliada por um estudo publicado na revista Nature. Segundo ela, as pessoas não-vacinadas e infectadas pela variante ômicron (muito disseminada no Brasil no início deste ano) têm baixa imunidade natural a longo prazo contra outras variantes do coronavírus. Ou seja: elas estão sujeitas a uma eventual volta das variantes que predominaram na pandemia durante seus dois primeiros anos.


Em crise, Santas Casas reivindicam no Congresso

A Confederação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) fincou, nesta semana, mais de 1,8 mil cruzes em frente a Esplanada dos Ministérios. Foi um pedido de socorro para o subfinanciamento das milhares de unidades – todas prestadoras de serviços ao SUS – espalhadas pelo país. De acordo com a confederação, o ato simbólico representa o número de instituições que estão em situação financeira crítica. A CMB pede que sejam alocados recursos de R$ 17,2 bilhões. A questão precisa de análise urgente por deputados e senadores, visto que esta seria a única forma de as Santas Casas cumprirem com as obrigações trabalhistas, agora que o piso nacional da enfermagem foi aprovado. Conforme mostrou o Outra Saúde, recentemente, foram fechados 315 hospitais e instituições nos últimos seis anos.


Doença da pobreza, “varíola do macaco” surge na Europa e América do Norte

Presente em grande parte da África Ocidental e Central, onde é endêmica, a “varíola do macaco” está assustando o mundo rico. São sete casos confirmados no Reino Unido desde o início de maio. Em Portugal, cinco infecções foram reportadas, e investigam-se outros 20 suspeitos. Na Espanha, autoridades sanitárias emitiram alerta para 23 possíveis casos. Também na quarta-feira, os EUA anunciaram o primeiro caso. O Canadá investiga mais de uma dezena de suspeitas. Ainda não foi confirmado se há ligação entre os ocorridos na Europa e na América do Norte. Apesar de não existir uma vacina específica, o Reino Unido já começou a imunizar, com vacinas antivaríola, profissionais da saúde e pessoas que possam ter tido contato com o vírus. Acredita-se que a eficácia seja de 85%. Identificada pela primeira vez em macacos, a doença espalha-se geralmente  por contato próximo. Provoca o surgimento de bolhas na pele. Produz também febre e inchaço nos gânglios, condições que geralmente duram duas semanas. As taxas de letalidade oscilam entre 3% e 6%.


Maconha medicinal conquista espaço. Quando o SUS a fornecerá?

Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Canabinóides (BRCANN), os pedidos de importação de produtos à base da cannabis mais que dobraram no país em 2021. Foram feitas 40.191 novas solicitações de importação de medicamentos com CBD (canabidiol), 110% a mais do que em 2020. Além do crescimento – impulsionado após a liberação, em 2019, de mais de 18 produtos com a substância –, a pandemia estimulou pacientes que buscavam tratar dores crônicas, fibromialgia, depressão, ansiedade e distúrbios de sono. Em 2021, uma resolução publicada pela Anvisa diminuiu a burocracia para a importação desses remédios. Mas o uso é limitado às pessoas com um certo poder aquisitivo. Por isso o tema da Marcha da Maconha de Brasília este ano será “Planta Livre é a Maconha no SUS”. O objetivo será pressionar para pressionar por políticas voltadas à saúde pública que ampliem o acesso aos grupos marginalizados que mais sofreram – e ainda sofrem – com a guerra às drogas.


Caminhos para compreender (e tratar) a hipersonia

A hipersonia – distúrbio do sono que se manifesta na forma de períodos diurnos de sonolência profunda, mesmo após noites bem dormidas – é tema de um artigo de referência  de referência no no site de Dráuzio Varella: O texto sugere que, em muitos casos, o distúrbio tem origens ainda desconhecidas – são as chamadas “hipersonias idiopáticas primárias”. Em outros, está relacionado a fatores como uso de medicamentos, transtornos psiquiátricos, lesões traumáticas e a chamada “síndrome do sono insuficiente”. Trabalho em turnos, hipotiroidismo, obesidade, alcoolismo e depressão podem ser predispositores. Os principais sintomas são a própria sonolência, estados letárgicos entre o sono e a vigília, cansaço extremo, ansiedade e lapsos de memória. O tratamento é feito por meio de mudança de hábitos e, em alguns casos, uso de medicamentos.


Mais de 160 filmes disponíveis na Plataforma VideoSaúde

Lançada em outubro de 2021, aberta ao acesso livre da população, a plataforma VideoSaúde, da Fiocruz, acaba de completar 160 obras no acervo. Ele reúne obras sobre temas de saúde coletiva e ciência e tecnologia – de documentários a dramas, passando por animações, oriundas do acervo institucional da Fiocruz e de parceiros externos. Entre os vídeos disponíveis estão novos lançamentos, como “Se não fosse o SUS”, produzida pelo Conselho Nacional de Saúde, e históricos, como “O massacres de Manguinhos”, documentário sobre a cassação sumária, em 1970, pela ditadura militar, de dez pesquisadores do então Instituto Oswaldo Cruz. Há ainda dois documentários de Maria Lutterbarch, que debatem a participação das mulheres na ciência, e séries que tratam de histórias sobre Reforma Psiquiátrica Brasileira e suas realidades territoriais. 

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