PÍLULAS | EUA, próximo país a sofrer nova onda?

• Acordo da Fiocruz para produção de medicamentos • Covid e bolsonarismo • 4ª dose em idosos em SP • Remédio contra coronavírus no SUS? • Poluição e doenças autoimunes • Aborto será direito no Chile? •

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A técnica, antiga, da vigilância de águas residuais para a busca de patógenos, tem servido de auxílio a muitos países para rastrear a covid. Ela pode detectar a presença de um vírus independente de a infecção ter sido percebida ou não pelo sistema de Saúde – por isso, a cobertura abrange inclusive aquelas pessoas que não foram testadas. Há algum tempo, o Outra Saúde relatou sua eficácia: em Nova York, microbiologistas identificaram a ômicron 10 dias antes do primeiro caso reconhecido na cidade. Embora, atualmente, as Américas vivam uma retração de casos, números preocupantes na Europa e Ásia acendem novo alerta. Outra onda pode ocorrer por aqui? Em sua coluna para a Folha, o médico infectologista Esper Kallás noticiou que dados dos Centros para Prevenção e Controle de Doenças, nos EUA, apontam para um aumento significativo na presença do material genético do Sars-CoV-2 em várias cidades americanas. Em alguns casos, o aumento na detecção excede mil vezes.


Fiocruz faz acordo com franceses para produzir remédios

Entra gradualmente no radar da saúde brasileira o desenvolvimento autônomo de medicamentos para o tratamento de doenças cardiovasculares, como angina, isquemia e hipertensão, e, mais adiante, de malária, tuberculose e aids, entre outras. O Instituto de Tecnologia em Fármacos, da Fiocruz, abre perspectivas importantes, nessa tendência, inclusive do ponto de vista da indústria. Os remédios citados são parte de uma cooperação técnica acertada há uma semana entre o Instituto e o laboratório francês Servier. Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, e Olivier Laureau, presidente do Grupo Servier, assinaram o acordo como testemunhas.


Covid matou mais nas cidades pró-Bolsonaro

Artigo publicado no TheLancet para as Américas constatou: mesmo quando têm alto IDH, porte ou esforço do SUS para combater a pandemia, os municípios que deram a vitória a Bolsonaro em 2018 registraram mais óbitos pelo vírus. O estudo, de um grupo independente de pesquisadores ligados a instituições como Fiocruz, UnB e UFRJ, analisou todos os municípios brasileiros. Cidades bolsonaristas do Sul e Sudeste tiveram taxas de mortalidade muito superiores às não-bolsonaristas do Nordeste. Em equiparações entre cidades grandes e com IDH alto, aquelas que elegeram Bolsonaro têm quase o dobro de mortes. As alianças de empresários e políticos locais também foram um fator: Chapecó, em Santa Catarina, tinha óbitos inferiores à média nacional. Após eleger João Rodrigues (PSD) para prefeito, a cidade registrou, no início de maio de 2021, uma taxa de óbitos acumulada 75% maior que a do país. Ele foi defensor de tratamentos sem eficácia e do que chamava de lockdown inverso, com comércios abertos e doentes sendo atendidos em casa.


Baricitinibe, contra covid, pode chegar ao SUS

O primeiro medicamento contra o vírus a obter parecer favorável para incorporação à rede pública de saúde está em consulta aberta no ministério da Saúde e depende da aprovação final da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). O remédio, originalmente usado contra a artrite reumatoide, possui aval da Anvisa desde setembro para uso contra a covid e já é administrado na rede privada. Estudos da própria fabricante apontam a redução de 38% das mortes de pacientes com covid. O valor do tratamento completo (que dura 14 dias) é de cerca de R$ 460; a empresa já tem um contrato com SUS para a entrega de 570 mil comprimidos até 30 de março, para uso contra a artrite.


Governo de SP anuncia a 4ª dose para idosos

O governador João Doria anunciou que a aplicação da quarta dose da vacina anticovid para maiores de 80 anos iniciará na próxima segunda-feira, 21/3. Os elegíveis precisam ter tomado a dose de reforço (3ª dose) há pelo menos quatro meses. Atualmente, 90% da população de SP completou a cobertura vacinal. O estado é o primeiro do Brasil a atingir a meta da OMS de vacinados contra a covid-19 entre a população elegível. São Paulo também atingiu o índice de 73% de crianças vacinadas com a primeira dose da vacina, com 3,9 milhões de doses aplicadas até a tarde de ontem, entre o público de 5 a 11 anos. Entre os que tomaram a segunda dose, completando a imunização para esta faixa etária, o percentual é de 26,87%.


Poluição pode estar ligada ao risco de doenças autoimunes

Já foi demonstrado que a exposição prolongada às partículas poluídas está associada a derrames, câncer no cérebro, aborto espontâneo e problemas de saúde mental. Agora, segundo reportou o Guardian, pesquisadores da Universidade de Verona descobriram que o contato estendido com poluentes também se associa a um risco aproximadamente 40% maior de artrite reumatóide, um risco 20% maior de doença inflamatória intestinal, como Crohn e colite ulcerativa, e um risco 15% maior de doenças do tecido conjuntivo, como o lúpus. O estudo reuniu informações médicas de 81,3 mil homens e mulheres e cada paciente foi vinculado à estação de monitoramento da qualidade do ar mais próxima por meio de seu código postal residencial. Cerca de 12% foram diagnosticados com uma doença autoimune durante esse período. Apesar da relação, a diretora do Centro de Pesquisa em Inflamação e Medicina Translacional da Brunel University London advertiu que não é possível constatar que o ar poluído seja a causa das doenças, “embora não haja dúvida de que existe uma ligação.”


Aborto pode se tornar direito constitucional no Chile

A interrupção voluntária da gravidez foi acrescentada ao projeto da nova Constituição, em debate no Chile. A assembleia aprovou dia 15/3, por 108 votos a favor, 39 contra e 6 abstenções, a inclusão de um texto assegurando que o Estado deve fornecer as condições para uma interrupção voluntária da gravidez, protegida, e com garantia de seu exercício livre de violências e da interferência de terceiros. A nova Constituição está sendo elaborada para substituir a atual, herdada ainda da ditadura de Augusto Pinochet. O projeto constitucional deve ser concluído até 4 de julho.

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