PÍLULAS | Prevent Senior novamente alvo de reclamações

• Saúde privada e concentração de mercado • Brasileiros confiam mais na ciência • O machismo contido na lei da Alienação Parental •

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A Folha revelou que a operadora de saúde Prevent Senior descredenciou 15 hospitais entre janeiro e março deste ano. Ao mesmo tempo, as reclamações contra a empresa mais que dobraram no mesmo período avaliado: foram 662 queixas na Agência Nacional de Saúde (ANS), contra 311 nos três primeiros meses de 2021. Um dos usuários do plano, morador da zona norte da capital paulista, denuncia que o plano não disponibiliza serviços de ortopedia próximos a sua residência – e uma das opções oferecidas o obrigaria literalmente a cruzar a cidade. A ANS afirmou à reportagem da Folha que as operadoras têm o direito de reduzir a rede hospitalar desde que os atendimentos sejam absorvidos pelos outros hospitais e com a autorização expressa da agência. A Prevent afirma que “boa parte” dos descredenciamentos partiu dos prestadores de serviço, após a empresa discordar de reajustes “abusivos” dos repasses.


A saúde-negócio ganha corpo e concentra o mercado

Do início de 2021 até agora, o setor de saúde lidera o ranking de fusões e aquisições no Brasil, realizando 150 transações, que movimentaram 20 bilhões de reais, relata O Estado de S. Paulo. O jornal registra, entre outras, a fusão das operadoras Hapvida e a NotreDame Intermédica, que devem ficar com a maior fatia do mercado, com mais de 20% dos planos individuais. E a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or. A concentração de mercado tende a constituir operadoras de planos de saúde que têm sua própria a rede de hospitais e clínicas da própria empresa. Especialistas acreditam em uma próxima onda de aquisições voltada para as healthtechs, empresas de tecnologia da saúde. Ou seja, pode haver importantes aquisições de redes de laboratórios.


Um salto de confiança dos brasileiros na ciência

Resultados de uma pesquisa de opinião feita pelo Centro de Estudos SoU_Ciência em parceria com o Instituto Ideia Big Data mostra que 28,3% afirmam que, para assuntos importantes, as fontes que mais confiam são de cientistas de universidades e institutos públicos de pesquisa. Antes da pandemia, em 2018, esse número era de 11,8%; em 2015, 7,8%. Em anos anteriores, religiosos, médicos e jornalistas estavam à frente. A pesquisa ouviu 1.252 pessoas, com 16 anos ou mais, em todo o país. A importância de fazer a pesquisa neste momento, diz Pedro Arantes, professor da Unifesp e um dos coordenadores do SoU_Ciência, é captar o impacto que a pandemia teve na percepção da ciência e tecnologia no Brasil. Porém, o tema ainda é distante da população, segundo a pesquisa. Quase 58% dos entrevistados disseram não se lembrar de qualquer instituição de pesquisa no país e cerca de 74% não sabem nomes de cientistas brasileiros importantes.


Contra o Estado patriarcal e Estado violador brasileiro

Oportuno artigo da filósofa Ana Liési Thurler no Susconecta destaca o contexto de recomendação do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de 11/2. Ela propõe a revogação da Lei da Alienação Parental, de 2010, que desabona argumentos visando a calar as mulheres em casos de denúncias de violências e de abusos. “O quadro em que essas controvérsias se desenvolveram foi de um Estado brasileiro mantendo fortes traços de Estado patriarcal, tornando-se um Estado violador”, assinala Ana. O CNS recomendou ainda o banimento em todo território nacional do uso de termos sem reconhecimento científico – como síndrome da alienação parental, atos de alienação parental e derivações.

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