PÍLULAS | O que seria de nós sem a vacinação?

• Risdiplam no SUS • Pandemia afetou tratamento da hepatite C? • Reforma tributária e a Saúde • Ketamina: droga legal para os ricos? •

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Foi capa da Folha, ontem, a descoberta de que o número de mortes por covid entre pessoas não vacinadas foi 26 vezes maior que aquelas que completaram a  imunização, em São Paulo. Levantamento foi feito levando em conta pior período recente, quando a ômicron causou nova onda, entre 5/12/21 e 26/2/22. Entre os não vacinados – 716,8 mil paulistas – as mortes foram 332 por 100 mil habitantes. Já entre aqueles que tomara as duas doses, de 13 mortos por 100 mil. Entre os 2,9 milhões de habitantes que tomaram apenas uma dose, a proteção contra morte ainda foi bem maior que aqueles não imunizados: de 22 para cada 100 mil.


Mais um medicamento essencial disponível no SUS

Segundo a Agência Brasil, o medicamento risdiplam. para tratamento de Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1, está incorporado a partir desta segunda-feira, 14/3, no Sistema Único de Saúde. A AME é uma doença genética que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína considerada essencial para a sobrevivência dos neurônios motores. Sem ela, os neurônios morrem e as pessoas vão perdendo controle e força musculares, ficando incapacitados de se moverem, engolirem ou mesmo respirarem. O quadro é degenerativo e não tem cura. A Atrofia Muscular Espinhal possui quatro subtipos, distintos conforme a idade de início dos sintomas. O tipo 1 é o mais grave da doença. A sua incidência é de um caso para cada seis a 11 mil nascidos vivos.


Para mapear impactos da covid na prevenção e tratamento da hepatite C

Uma pesquisa está mapeando como a pandemia de covid-19 influenciou no cuidado, tratamento e prevenção da hepatite C (HCV) no Brasil. Profissionais e gestores de saúde que atuam em serviços e programas de hepatites virais podem colaborar preenchendo um questionário online, com perguntas sobre o trabalho com HCV antes e durante o período. Responder à pesquisa demora cerca de 15 minutos, e a participação é anônima. O levantamento é parte de um estudo mais amplo, elaborado por Francisco Inácio Bastos, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), e pesquisadores da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (Eaesp/FGV) e da London School of Economics. Segundo uma das autoras, Carolina Coutinho, até 2019 o país estava com tendência de queda nos principais indicadores. Em 2020, com a chegada da pandemia, houve uma queda de 50% na dispensação de medicamentos para o combate à HCV, o que pode impactar nos índices a longo prazo.


Reforma tributária deve triplicar carga da Saúde

Entidades do setor de saúde reforçaram nas últimas semanas a ofensiva contra o texto atual da PEC 110/2019, da criação de um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) Dual, que unifica impostos federais em um IVA e de estados e municípios em outro – e que resultaria em um tributo de 26,9% sobre bens e serviços no Brasil, setor no qual a Saúde está inserida. Segundo a agência JOTA, a aprovação aumentaria três vezes a carga de 9,9% sobre serviços hospitalares e laboratoriais e em mais de seis vezes os 4,2% sobre os planos de saúde. Mesmo sem otimismo para aprovação da proposta, o setor trabalha para que o texto seja modificado. A Confederação Nacional de Saúde (CNS) prevê que as mudanças vão aumentar os preços de serviços laboratoriais e hospitalares em pelo menos 15,1% – um custo de R$ 18,1 bi a mais para os consumidores. Para planos de saúde, o aumento chegaria a 21,6%. 


Terapia ou spa para o cérebro? As nebulosas fronteiras do uso da ketamina nos EUA

Na clínica Nushama, em Nova York, EUA, as 18 salas de tratamento têm nomes de pioneiros da medicina psicodélica, como Ram Dass. Os pacientes recebem uma máscara para os olhos e fones de ouvido para tocar meditações de palavras faladas e música instrumental de Deuter, um instrumentista alemão new age. Mas diversos especialistas na área de tratamentos psicodélicos ouvidos pela reportagem do The New York Times não enxergam com bons olhos sua abordagem. Graças a brechas legais e uma colcha de retalhos de pesquisas convincentes, empresas como Nushama estão escrevendo as regras à medida que se expandem. A Food and Drug Administration (FDA) e a Drug Enforcement Administration (DEA) – o aparato de repressão às drogas no país – não aprovam o uso da substância, mas ela é autorizada para uso terapêutico, com uma fórmula vendida para aplicação em spray nasal. Embora eficaz no tratamento da depressão onde outras drogas falharam, a clínica promete benefícios duvidosos, e seus clientes não precisam possuir acompanhamento psicológico prévio. Por isso, há muita hesitação a esse ramo que cresce e chega a cobrar 1,5 mil dólares por sessão.

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