PÍLULAS | A qualidade da água para consumo no Brasil não vai tão bem…

• BA.2 e o novo surto europeu • CoronaVac eficaz em crianças • Idosos na UTI por covid • 4ª dose protege de infecções sintomáticas • Bolsonarismo não minou vacinação • Mistérios da covid longa • Zoonoses na pandemia • Pólio no Malawi • Crianças e celulares •

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O jornal Nexo divulgou os resultados de uma tese de doutorado desenvolvida por Luciano Barros Zini, na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que analisou os riscos da saúde para a contaminação a partir do consumo de água. Neles, algumas das amostras analisadas apresentaram elementos não previstos pelo Padrão Brasileiro de Potabilidade de Água. Além disso, alguns sistemas de abastecimento de água indicaram a presença de protozoários que causam doenças como a Giardia e Cryptosporidium. A pesquisa utilizou a comparação do valor máximo permitido, com base na metodologia de avaliação quantitativa de risco químico, de acordo com as diretrizes da OMS. Foram encontrados 101 parâmetros químicos na água para consumo humano no Brasil; em 25 deles há concentrações acima de limites toleráveis de risco à saúde. Em relação à investigação feita para identificar os riscos de contaminação por protozoários, de um total de 2.304 análises de água bruta, 223 amostras apresentaram cistos de Giardia e/ou oocistos de Cryptosporidium.


O novo surto europeu e a subvariante BA.2 da ômicron

Quando a subvariante BA.2 da ômicron ganhou destaque, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que a infecção com BA.1 – a variante ômicron original – dava forte proteção contra a recém-chegada. Os EUA deram sinal disso: as infecções por BA.1 criaram boa imunidade contra a BA.2, diz reportagem do The New York Times. No entanto, a BA.2 está sendo associada a um novo surto de casos, recentemente. A BA.1 é altamente transmissível, mas é menos agressiva que a delta, e a BA.2 parece ter perfil similar. Pesquisadores britânicos e dinamarqueses descobriram um risco de hospitalização equivalente ao da BA.1. Mesmo assim, as hospitalizações podem ser muitas, se o número de casos for muito alto. A BA.2, conforme a CNBC, é agora responsável por mais da metade dos novos casos na Alemanha: ou seja, está infectando cerca de 120.000 alemães por dia. Não há como ficar à vontade nesse ambiente.


Covid: estudo comprova a proteção da CoronaVac em crianças de 3 a 5 anos

Uma pesquisa no Chile realizada com 500 mil crianças que tomaram o imunizante durante o surto da variante ômicron no país demonstrou que a vacina do Butantan tem 69% de eficácia contra internação em UTI causada pelo vírus; 64,6% contra hospitalização e 38,2% contra infecção na faixa entre os três e cinco anos de idade. O estudo foi realizado com base nos dados do Fundo Nacional de Saúde (FONASA), o sistema público de saúde do Chile, nos pequenos que tomaram duas doses do imunizante, com intervalo de 28 dias, entre os dias 6/12/21 e 26/2/22. Os estudiosos reiteram que as vacinas podem ser realmente menos eficazes contra a ômicron. Como comparação, um estudo com a vacina da Pfizer/BioNTech feita na África do Sul registrou que este imunizante reduz em 33% o risco de infecção e 70% o de internação pela nova variante.


Covid grave volta a afetar os mais velhos

Os pacientes de 60 a 79 anos são maioria nas internações com covid nas UTIs de São Paulo, indica enquete do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado (SindHosp) em 72 hospitais entre 7 e 14 de março. Desse total de centros médicos, 76% tiveram maior frequência de pessoas daquela faixa etária. Em 12% a maior frequência foi de pacientes com mais de 80 anos e em 7,5%, pacientes de 51 a 59 anos. Há vários motivos para os idosos terem formas mais graves da covid, a começar pela fraqueza natural da idade. Também parece haver muitos sem a imunização completa, nas UTIs, ou ainda sem a dose de reforço. Enfim, como foram os primeiros a serem imunizados, os idosos sofrem mais a perda do efeito da vacina, que decai com o tempo.


A 4ª dose protege contra sintomas – é o suficiente?

Pesquisadores do Sheba Medical Center, em Israel, publicaram recentemente um estudo no New England Journal of Medicine que analisou o quão bem uma quarta vacina anticovid protege contra o vírus. Os imunizantes da Pfizer e da Moderna forneceram “pouca ou nenhuma proteção contra a contração do vírus quando comparado a indivíduos jovens e saudáveis ​​vacinados com três doses”, segundo o Jerusalem Post. Mas fornecem proteção moderada contra infecção sintomática.


Ataques de Bolsonaro à vacinação tiveram pouco efeito

A influência do negacionismo presidencial durou pouco, apenas nos três primeiros meses do programa de imunização. Depois, deu marcha à ré radical: as cidades que votaram no presidente acabaram se imunizando mais, mostra um estudo da UFRJ e do IRD (Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento). Ele não se vacinou e desacreditou a vacina. Isso teve uma contribuição inicial negativa no início, dizem os pesquisadores. Mas depois, “até por ver os efeitos da vacinação, as pessoas se conscientizaram, independentemente de terem votado nele”, diz João Saboia, um dos autores. “Tem também esse aspecto de o Brasil ter uma tradição de vacina. O PNI (Plano Nacional de Imunização) é espetacular”, afirma João.


A covid longa e os limites da medicina

Em artigo de opinião para o New York Times, a antropóloga médica e professora assistente na Universidade de Michigan, Abigail A. Dumes, reflete sobre a semelhança das sequelas deixadas pelo coronavírus com “doenças contestadas”, cujo os marcadores são descritos como “medicamente inexplicáveis”, como a doença de Lyme crônica ou a encefalomielite miálgica – esta última mais conhecida como “síndrome da fadiga profunda”. Na medicina convencional, essa distinção é muito clara: sintomas, como cansaço e fadiga, são tidos como marcadores subjetivos; enquanto sinais como febre e artrite, são considerados marcadores objetivos. Segundo Dumes, os pacientes com essas doenças marginalizadas podem se sentir invisíveis. Elas descortinam a medicina: como ela entende o corpo humano, o que conta como evidência e como a medicina se baseia nessa evidência para produzir verdades médicas. No caso da covid longa, felizmente, ela foi reconhecida muito mais rapidamente, com amplos investimentos para tratamento e em como decifrá-la. Abigail espera que isso colabore para jogar luz para outras doenças negligenciadas, que não causam mais mortalidade, mas sofrimento e dor em quem a sofre.


Fiocruz: a covid afetou o tratamento de zoonoses

Pesquisadores apontam que a pandemia atrasou a detecção e assim aumentou riscos de quadros graves de várias zoonoses, as doenças transmitidas por animais. Entre outras enfermidades, o estudo assinala a leptospirose, uma infecção pela bactéria leptospira, presente na urina de ratos; a febre maculosa, adquirida via carrapatos, transmissores da bactéria rickettsia; e as hantaviroses, causadas por vírus (da categoria indicada pelo prefixo “hanta”) encontrados na urina e fezes de roedores silvestres. Os atrasos no diagnóstico dessas doenças, em princípio, prejudicam o tratamento e a recuperação dos pacientes. A rickettsia, por exemplo, atinge com violência os vasos sanguíneos. Se não for eliminada logo, o dano pode se tornar irreversível.


Poliomielite volta a assombrar o planeta

Descobriu-se em fevereiro que Malawi teve o primeiro caso de poliomielite em três décadas, e o primeiro em todo o continente africano desde que foi declarado livre da poliomielite selvagem em 2020. A doença foi identificada em uma menina de 4 anos que vive nos arredores da capital do país, Lilongwe. É possível que o vírus causador tenha vindo do Paquistão, um dos dois únicos países do planeta onde a pólio selvagem ainda circula, conforme o site Stat News. Além de Malawi, Zâmbia, Moçambique, Zimbábue e Tanzânia vão realizar vacinações em massa, afirma Modjirom Ndoutabe, coordenador da poliomielite na Organização Mundial da Saúde-África.


Os riscos da exposição a telas eletrônicas na primeira infância

O hábito envolvendo crianças entre zero e seis anos de idade é cada vez mais prevalente no mundo. Na pandemia, o tempo dos pequenos em frente à tela é uma grande preocupação, e pode ter efeitos de longo prazo ao longo na vida, como a um risco do aumento da obesidade, problemas de atenção e hiperatividade, problemas de sono, desempenho acadêmico insatisfatório e infelicidade. Estudos apontam que nem todo o tempo de tela afeta negativamente o desenvolvimento infantil, mas com mediação e participação dos pais. Cada hora mais é um problema: crianças expostas a dez horas diárias de telas tinham um efeito em seu desenvolvimento infantil comparado à desnutrição, prematuridade ou estresse tóxico. Veja, no Nexo, mais sobre esses efeitos prejudiciais e alguns dos principais estudos sobre a questão.

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