Grupo interministerial investigará fake news a respeito de vacinas

• Nísia lista prioridades do ministério da Saúde • Fiocruz conseguiu reconquistar altas coberturas vacinais • Avança reforma da saúde na Colômbia • Envelhecimento e câncer • Comitê de Plantas Medicinais •

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O ministério da Saúde trabalha para que aqueles – médicos ou não – que espalharam desinformação sobre vacinas não saiam impunes. Em entrevista concedida à Folha, Nísia Trindade informou que a pasta integrará um grupo de trabalho composto também por representantes da secretaria de Comunicação Social, da Advocacia-Geral da União e do Ministério da Justiça. “Condutas criminosas de médicos e de outras pessoas terão de ser punidas”, declarou a ministra, e afirmou também que o grupo analisará o tipo de desinformação e o grau de envolvimento da pessoa com a fake news. Essa é uma das medidas que estão sendo tomadas para reverter o cenário de baixa vacinação do Brasil, que continua mesmo com campanhas de vacinação mais estruturadas nesta nova gestão. Nísia anunciou outras ações, que em uma primeira fase buscarão priorizar a região Amazônica. “Vamos atuar junto às prefeituras, com lideranças religiosas, outros formadores de opinião, ministério da Educação. Estamos longe de conseguir reverter o mal dos últimos anos, vamos ter que fazer um trabalho muito intenso”, pontuou. A ministra também reuniu-se com o Conselho Federal de Medicina, que se comprometeu em apoiar as campanhas.

As prioridades do ministério, segundo Nísia Trindade

Ainda na entrevista que deu à Folha, Nísia falou de outras prioridades no ministério da Saúde. Um tema-chave para ela é a volta da busca da equidade no Sistema Único de Saúde. Trata-se de buscar reduzir as desigualdades, com medidas mais robustas voltadas àqueles em maior vulnerabilidade. A ministra destacou o trabalho que busca fazer para a população negra: “Nós já estamos realizando ações com o ministério da Igualdade Racial para atuar naqueles indicadores em que as pessoas classificadas como pretas e pardas apresentam os piores índices, como expectativa de vida, mortalidade materna”. Na entrevista, Nísia também tratou da regulamentação do setor privado. Quando questionada sobre a possibilidade de ampliar convênios das empresas com o sistema público, disparou: “Nossa visão é um SUS gratuito, universal e a participação do setor privado se dá mediante contratualização em bases adequadas”.

Com projeto da Fiocruz, Amapá e Paraíba atingem metas de vacinação

A Fiocruz pode ter encontrado algumas chaves para a retomada da cobertura vacinal, mostra O Globo. O Programa pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), desenvolvido em parceria com o próprio ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), obteve ótimos resultados nos estados do Amapá e da Paraíba – escolhidos por estarem mais atrasados na imunização. Após um ano de implementação, ambas as regiões superaram a meta de 95% de cobertura vacinal contra a poliomielite, enquanto a média nacional atingiu aproximadamente 75%. Em 2023, o programa continua surtindo efeito: o Amapá é o único estado que já alcançou 90% da cobertura contra gripe e a Paraíba está muito acima da média nacional. A estratégia adotada pelo PRCV foi baseada na participação ativa dos municípios, que identificaram suas próprias dificuldades e traçaram estratégias específicas para enfrentá-las. O projeto abrangeu três eixos principais: vacinação, sistemas de informação e comunicação/educação. Os resultados oferecem importantes lições para o país e destacam a importância do engajamento dos municípios na busca pela recuperação das coberturas vacinais.

Colômbia: avança a reforma na Saúde proposta por Petro

A Comissão de Saúde da Câmara dos Representantes do Congresso Colombiano aprovou o projeto de reforma da saúde proposto pelo governo do presidente Gustavo Petro. Ele recebeu 14 votos a favor e seis contra na fase inicial do processo parlamentar. Além dos membros da coalizão governista de esquerda Pacto Histórico, os legisladores dos partidos Liberal e U, apesar de suas reservas, votaram a favor da maioria dos artigos. A reforma da saúde, que visa tornar a saúde um direito universal, propõe um modelo híbrido público-privado que prioriza a atenção primária para prevenir mortes. Sugere a criação de pontos de acesso à saúde em cada bairro e cidade do país para garantir que todos os colombianos tenham acesso a esse serviço. Defende a eliminação da intermediação exercida por seguradoras privadas (EPS) e a criação de um sistema nacional de saúde baseado em um modelo de seguro social, financiado por contribuições parafiscais das contribuições para a seguridade social e pelos recursos próprios da nação. Também garante boas condições e benefícios para os trabalhadores do setor. A reforma é um dos pilares do governo nacional e marca sua agenda de mudanças para o país. 

Envelhecimento da população e aumento do câncer

Os sistemas de saúde devem se preparar urgentemente para um “tsunami” global de pacientes idosos com câncer, alertam médicos especialistas. Conta o Guardian que com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, o número de pacientes idosos que vão desenvolver a doença é uma preocupação séria. Estima-se que, até 2040, o número global de casos aumentará para 27,5 milhões e as mortes chegarão a 16,3 milhões, apenas devido ao crescimento e envelhecimento da população. Os centros de tratamento de câncer devem se preparar para essa demanda, considerando as necessidades específicas dos idosos. É crucial incluí-los também em ensaios clínicos e garantir que a força de trabalho seja adequada para lidar com o aumento do número de casos e a complexidade do tratamento.

Entidades científicas pedem recriação do Comitê de Plantas Medicinais

Organizações científicas participantes de um webinário promovido pelas Redes de Inovação em Medicamentos da Biodiversidade e pelo Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS) pediram a recriação do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. O evento destacou o potencial da biodiversidade brasileira na área de biotecnologia, subaproveitada, e ressaltou a necessidade de explorá-la de forma mais ampla. As entidades enfatizaram a importância de representantes do governo e da sociedade civil trabalharem juntos para desenvolver políticas baseadas nos conceitos da bioeconomia e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Os participantes do debate também defenderam a inclusão da fitoterapia no currículo das faculdades de medicina e agronomia, além de ações ministeriais para a implementação e continuidade do programa. Um relatório abrangente sobre o evento será enviado ao ministério da Saúde para revisão e atualização da política nacional.

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