Ministério da Saúde cria plano de combate a doenças em presídios

• Medicamento para prevenção de HIV • Vacina contra esquistossomose • Saúde mental pós-pandemia • Ataques cardiacos em mulheres • Gripe aviária no Chile •

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Matéria d’O Globo apresentou um plano do governo para combater as doenças transmissíveis no sistema prisional, que pretende erradicar a transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, entre outras metas. Os detentos são considerados uma das populações mais vulneráveis à infecção por estas enfermidades. A iniciativa faz parte dos trabalhos do novo Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS), estabelecido no dia 6/6 e noticiado por este boletim na última quarta-feira. O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, com 837 mil presos – 240 mil a mais que a quantidade de vagas nos presídios do país. Nessas condições, o Estado brasileiro viola cotidianamente o direito à saúde dos encarcerados: “as celas superlotadas são acompanhadas de violência, insalubridade, maus-tratos, doenças e degradação. É uma bomba-relógio, um ambiente precário, propício para epidemias”, explica a epidemiologista Lígia Bahia (UFRJ).

Anvisa aprova medicamento injetável para prevenção de HIV

A Anvisa anunciou a aprovação do uso do cabotegravir para a prevenção à infecção pelo vírus HIV, informa a Agência Brasil. Pertencente à categoria das terapias de profilaxia pré-exposição (PrEP, na sigla comumente utilizada), o remédio é considerado mais eficaz – e prático – que medicamentos orais já disponíveis gratuitamente no Sistema Único da Saúde. Essas características advém do fato de que o cabotegravir é injetável e atua por meses no organismo, enquanto as PrEP em pílula devem ser tomadas todos os dias. Como noticiou o Outra Saúde no ano passado, o amplo acesso aos novos e mais modernos instrumentos na luta contra a aids passa por entraves ligados aos lucros da indústria farmacêutica. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento-guia que recomenda a utilização do cabotegravir  para a prevenção do HIV. No último dia 5, o registro do medicamento foi objeto de publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Fiocruz desenvolve vacina contra esquistossomose

O Brasil está em vias de dar uma contribuição decisiva para o combate a uma doença que ainda afeta 200 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a OMS. Isso porque a Fiocruz está na última etapa dos ensaios clínicos de uma vacina contra a esquistossomose, ou barriga d’água, que poderá ser a primeira a ser desenvolvida contra um verme parasitário. Apoiada pelo CNPq e pela Finep, a pesquisa que criou o imunizante Schistovac (Sm14) é encabeçada pela epidemiologista Miriam Tendler, do IOC/Fiocruz. A produção da vacina também será nacional, pois já foi assinado um acordo de transferência de tecnologia que viabiliza a fabricação de suas doses no Instituto BioManguinhos. Espera-se um rápido pré-licenciamento da Schistovac pela OMS. Por isso, Tendler reitera o “compromisso de produzir o antígeno em um contexto de vacina humanitária, visando uma distribuição ampla para países endêmicos e com limites de ganho”.

Depressão e ansiedade nas Américas, depois da covid

Um relatório divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revela que os casos de transtornos de ansiedade e depressão nas Américas aumentaram mais de 30% durante a pandemia de covid-19. O relatório aponta que esses transtornos mentais são a terceira e quarta principais causas de incapacidade na população da região, enquanto o álcool é responsável por 5,5% das mortes. A taxa de suicídio ajustada por idade também aumentou 17% entre 2000 e 2019, com cerca de 100 mil pessoas tirando suas vidas a cada ano. A pandemia agravou os problemas de saúde mental devido ao desemprego, insegurança financeira, luto pela perda de entes queridos e a convivência com uma crise sanitária sem precedentes. É bom lembrar que a América Latina foi a região que mais sofreu com as mortes da pandemia no mundo. Além disso, 65% dos países interromperam os serviços essenciais de saúde mental em 2020. O documento destaca que 8 em cada 10 pessoas com problemas graves de saúde mental não tiveram acesso adequado a tratamentos necessários em 2020. 

Por que mulheres jovens estão morrendo mais de ataques cardíacos?

Um aumento na mortalidade por ataques cardíacos em mulheres jovens no Brasil tem levantado preocupações, já que menos da metade delas recebe tratamento adequado para prevenir ou tratar esse problema, descreve a Folha. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou uma declaração abordando as deficiências na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de ataques cardíacos e outras doenças cardiovasculares agudas em mulheres. A SBC enfatiza que as diferenças entre homens e mulheres na cardiologia vão além de fatores cromossômicos e são influenciadas por valores sociais, percepções e comportamentos que moldam padrões e criam papéis diferentes na sociedade. 

Especificamente em mulheres mais jovens, as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares aumentaram nas últimas décadas, enquanto as taxas para mulheres mais velhas e homens diminuíram ou apresentaram crescimento menor. As razões por trás desse fenômeno ainda não são totalmente compreendidas, mas o documento da SBC fornece algumas pistas. As mulheres frequentemente apresentam fatores de risco cardiovascular não tradicionais, como estresse mental e depressão, e enfrentam desvantagens sociais relacionadas à raça, etnia e renda. Problemas psicológicos, em particular, podem sobrecarregar ainda mais um coração que já está sob estresse. Pesquisas mostram uma maior taxa de ataques cardíacos relacionados ao estresse em mulheres em comparação com homens. Além disso, a saúde mental das mulheres é mais afetada por fatores hormonais, violência baseada em gênero e trauma.

Gripe aviária no Chile: 10% dos pinguins morrem em surto sem precedentes

Um surto de gripe aviária causada pelo Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) está dizimando a população de pinguim-de-Humboldt no Chile, resultando na morte de 10% dos pinguins este ano, relata o Globo. A Reserva Nacional Pinguim-de-Humboldt foi fechada como medida de prevenção, e equipes de saúde estão trabalhando para evitar a propagação da doença. O vírus também afeta outras espécies marinhas, incluindo pelicanos, lontras-do-mar e gaivotas. A disseminação da gripe aviária entre mamíferos tem preocupado especialistas. Até agora, mais de 1,3 mil pinguins-de-Humboldt e 8 mil indivíduos de outras espécies marinhas morreram devido à doença. O uso de vacinas é recomendado para reduzir o número de casos, mas seu uso no Chile ainda é limitado. Embora não haja evidências de transmissão entre humanos, especialistas alertam para a possibilidade de mutação do vírus que pode afetar diretamente as pessoas.

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