O que está por trás do aumento de casos de HIV entre idosos brasileiros

Alta de H1N1 • Planos devem cobrir tratamento para câncer de tireoide • Como a indústria tenta emplacar cigarros eletrônicos • Vacina contra vírus sincicial respiratório • Pílula do dia seguinte na Argentina •

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Dados do IBGE apontam que o Brasil vive um grande aumento dos casos de HIV entre a população idosa, conta matéria da BBC Brasil. Em 2011, 360 brasileiros com mais de 60 anos testaram positivo para o HIV. De 2015 em diante, não houve nenhum ano com menos de 1,2 mil casos no Brasil – os últimos dados, de 2021, apontam 1.517 diagnósticos naquele ano. Especialistas consultados pela BBC apontam uma série de fatores que, juntos, podem ter levado a essa situação: entre eles, o baixo uso de preservativos nessa faixa etária, pela redução do risco da preocupação com a gravidez; a popularização de remédios contra a disfunção erétil, prolongando a vida sexual; a ampliação do fenômeno cultural de descobertas sexuais ao fim da vida; questões biológicas como a maior fragilidade das mucosas da vagina e do ânus nessa idade, com uma redução do sistema de defesa do corpo; e o aumento nos esforços de testagem pelo poder público.

Fiocruz identifica alta de casos de H1N1 entre adultos

A edição de 1º de junho do boletim InfoGripe, produzido semanalmente pela Fiocruz, aponta uma alta nos casos de influenza A entre adultos no Brasil, sendo eles majoritariamente associados ao subtipo H1N1 (responsável pela pandemia de 2009). O crescimento dos casos positivos dessa variante da gripe, que já somam 31% dos casos totais de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no país, foi identificado em 16 estados e 14 capitais espalhadas por todas as cinco regiões do Brasil. Há 2 meses, a H1N1 representava apenas 9% dos casos de SRAG. Ainda segundo a Fiocruz, “no cenário epidemiológico geral do país, há sinal moderado de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo”. A campanha nacional de vacinação contra a gripe chegou ao fim no último dia 31 com uma cobertura de apenas 42,7% do público-alvo. Como os estoques não acabaram e há uma necessidade de ampliar a imunização da população, o ministério orientou a prorrogação da oferta da vacina.

Planos de saúde devem cobrir tratamento para câncer de tireoide, determina ANS

O Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que define as consultas, exames e tratamentos que os planos de saúde têm a obrigação de cobrir, agora inclui o tratamento do câncer de tireoide com mesilato de lenvatinibe, informa a Agência Brasil. A decisão da Agência Nacional de Saúde (ANS) indicará o medicamento para os pacientes em que nem a cirurgia e nem a radioterapia tenham surtido efeito. A agência também determinou que a cobertura do tratamento será obrigatória a partir do dia 3 de julho. Defendendo a medida, a ANS frisou que o rol “representa uma conquista para os beneficiários e para a sustentabilidade do setor” já que “as tecnologias passam por processo que inclui a ampla participação social e criteriosa análise técnica”. A Federação Nacional da Saúde Suplementar (Fenasaúde), representante do segmento privado, não comentou a mudança – mas é possível que busque judicializar esse avanço na garantia dos direitos dos usuários do sistema de saúde.

Vapes: Fiocruz aponta interferência da indústria do tabaco nas políticas públicas

Uma análise realizada pelo Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab/ENSP/Fiocruz) identificou que o uso diário de cigarros eletrônicos é protagonista no consumo de nicotina entre a população mais jovem. O estudo do Cetab aponta que a indústria do tabaco tem estimulado o crescimento do consumo dos vapes no Brasil, apesar de sua ilegalidade – e explica as formas através das quais o setor age para interferir nas políticas de saúde pública. “Através de grupos de fachada promovendo sua agenda; desacreditando a ciência, normalizando o consumo dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) através das redes sociais e de influenciadores digitais; usando o conceito de redução de danos, dizendo que são produtos menos tóxicos, o que não é verdade; envolvendo profissionais de saúde para passar uma mensagem distorcida e assim confundir a opinião pública e, finalmente, pressionando os órgãos regulatórios como a Anvisa”, listou a pesquisadora Silvana Rubano Turci.

Autoridades americanas de saúde aprovam vacina para vírus sincicial respiratório

Uma nova vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) recebeu a aprovação da Food and Drug Authority (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, noticiou a Reuters. Desenvolvido pela Pfizer, o produto tem o nome comercial de Abrysvo. As grandes empresas farmacêuticas entraram em uma corrida pela imunização contra o VSR nos últimos meses – uma vacina da britânica GSK foi autorizada há poucas semanas e a estadunidense Moderna anunciou que também pretende submeter um produto seu à FDA. O governo dos EUA pretende utilizá-las para vacinar o público com mais de 60 anos. Nos testes realizados pela agência de saúde, o imunizante da Pfizer demonstrou ter 67% de efetividade entre pessoas dessa faixa etária com até 2 sintomas de VSR e 85,7% entre os que apresentaram 3 ou mais sintomas. Paralelamente ao cenário da América do Norte, o Brasil vive uma alta de infecções pelo vírus sincicial respiratório entre crianças, o que instou o Amapá a decretar emergência na saúde pública há duas semanas.

Argentina facilita acesso à pílula do dia seguinte

A Argentina não exigirá mais receita médica para a aquisição da pílula do dia seguinte, anunciou o governo na última quarta (31/5). Nota oficial do ministério da Saúde defende que a medida ajuda a superar as “dificuldades de acesso a serviços de saúde, métodos de contracepção e educação sexual” que parte dos cidadãos enfrentam. Entrevistada pela Reuters, a diretora de Saúde Sexual e Reprodutiva do ministério, Valeria Isla, afirmou que a decisão “remove uma importante barreira ao acesso” aos direitos previstos em lei. Em seus quatro anos de mandato, o governo de Alberto Fernández não teve a capacidade de superar certos impasses políticos, que inviabilizaram seu êxito geral. Como mérito, soube dar ouvidos ao forte movimento das mulheres pelos direitos sexuais e reprodutivos e avançar na legislação que regulamenta a interrupção de gravidez – e a nova ampliação do acesso aos contraceptivos é uma importante adição à legalização do aborto promovida em 2020.

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