Governo intervém em fábrica de vacinas BCG

• Plano para eliminar doenças como a tuberculose • Fila de cirurgias já tem 1 milhão de pessoas • Medida de contenção da gripe aviária • Escabiose em indígenas no MA •

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A Fiocruz assinou um acordo para retomar a produção nacional da vacina BCG, que combate a tuberculose, e intervir na Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), única produtora do imunizante no Brasil, relata a BBC Brasil. A produção da vacina na FAP estava irregular desde 2016 devido a interdições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão constatou que a fábrica apresentava riscos à saúde da população por não atender às boas práticas de produção de imunobiológicos. Além disso, foi revelado que uma fábrica em Xerém, que deveria solucionar o abastecimento da vacina, está em construção há 34 anos e nunca produziu uma dose sequer. 

O ministério da Saúde recusou prestações de contas da FAP, exigindo a devolução de ao menos R$ 24,8 milhões por problemas na aplicação dos recursos, e decidiu intervir na Fundação. Com as mudanças anunciadas pela Fiocruz, o ex-presidente da FAP foi afastado e uma nova diretoria assumiu a gestão. Os próximos passos começam com negociar as dívidas da FAP e apresentar um plano de recuperação institucional e econômico-financeira. Enquanto isso, a Fiocruz negocia com uma fábrica na Espanha para produzir temporariamente a vacina BCG da FAP. A expectativa é retomar a produção nacional a partir do segundo semestre de 2024. 

Mais medidas para conter a tuberculose e outras doenças

O governo brasileiro estabeleceu ontem, 6/6, o Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente, com o objetivo de eliminar enfermidades como a tuberculose, a doença de Chagas e a malária até 2030. O ministério da Saúde coordenará as ações do colegiado, que conta com a participação de oito pastas. O Brasil busca cumprir as metas estabelecidas pela ONU para reduzir a taxa de mortalidade e incidência da tuberculose até 2030, a fim de eliminar a doença até 2050. A tuberculose é uma doença infecciosa que afeta principalmente os pulmões e é transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis. No Brasil, a tuberculose é um sério problema de saúde pública, com aproximadamente 70 mil novos casos notificados e 4,5 mil mortes anualmente.

Fila de cirurgias no SUS continua a aumentar

O número cresce: mais de 1 milhão de cirurgias eletivas estão paradas na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil, de acordo com um relatório divulgado pelo ministério da Saúde. Segundo a Folha, o programa do ministério busca reduzir essa fila e pretende repassar cerca de R$ 600 milhões aos governos estaduais e do Distrito Federal para esse fim. Mas estima-se que o investimento reduza em apenas aproximadamente 45% o total de procedimentos. Até o momento, um terço do orçamento total foi direcionado para o programa. A primeira fase do plano é focada em cirurgias eletivas, mas também serão priorizadas consultas especializadas e exames complementares nas próximas etapas. 

No entanto, especialistas destacam a necessidade de medidas de médio prazo, como a formação de especialistas, para resolver o problema de forma mais efetiva. A cirurgia de catarata é a que possui o maior contingente de pacientes aguardando, com cerca de 167 mil pessoas na fila. O programa pretende realizar aproximadamente 88 mil cirurgias de catarata. Segundo o presidente do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire, são necessários pelo menos R$ 3,5 bilhões ao longo dos quatro anos de governo, não só para zerar a fila como para garantir a manutenção de mão de obra e capacitar o sistema de saúde a estancar a “pandemia da pandemia”, como demonstrado em reportagem do Outra Saúde.

Crédito para contenção da gripe aviária

O governo brasileiro anunciou a abertura de um crédito de R$ 200 milhões destinado ao Ministério da Agricultura e Pecuária para combater a influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1). Com o estado de emergência zoossanitária em vigor e a confirmação de casos da doença em aves silvestres em diversos estados, as ações de controle e contenção serão intensificadas. O crédito será utilizado no Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e incluirá medidas como a identificação, testagem e cuidados sanitários dos casos suspeitos. O Brasil mantém seu status de livre de influenza aviária na criação comercial e segue exportando seus produtos de forma segura. No momento, foram confirmados 24 focos da doença em aves silvestres nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Especialistas alertam para a rápida mutação do vírus da gripe aviária durante o maior surto já registrado, ressaltando o aumento da virulência e o risco de disseminação entre mamíferos, embora o risco em humanos ainda seja baixo. A vacinação de aves é apontada como uma medida para reduzir o número de casos e mitigar o risco para os seres humanos.

Escabiose em indígenas do Maranhão

Famílias indígenas no Maranhão estão enfrentando um surto de sarna devido à falta de acesso a tratamentos, informa a Revista Galileu. O problema afeta especialmente crianças nas Terras Indígenas do município de Itaipava do Grajaú. A escabiose, altamente contagiosa, começou a se espalhar na região em novembro do ano passado. A distância entre as aldeias e os serviços de saúde dificulta o acesso aos cuidados médicos, e a falta de tratamento faz o ciclo de recuperação e retorno da doença se perpetuar. As famílias indígenas estão comprando pomadas e sabonetes do próprio bolso para o tratamento, pois não há distribuição gratuita desses itens. Lideranças indígenas têm pedido ações que facilitem o acesso à saúde, mas as respostas das autoridades têm sido insuficientes. Além da escabiose, a falta de água potável agrava a situação em algumas aldeias. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) afirmou que realizou atendimentos e entregou medicação, mas lideranças locais contestam, alegando a falta de equipes de saúde nas aldeias afetadas. Até o momento, não foram divulgadas ações futuras para resolver os problemas enfrentados pelas famílias indígenas no Maranhão.

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