Rio, São Paulo e Brasília receberão retrospectiva do icônico diretor italiano, que completaria 100 anos. Dos filmes neorrealistas aos mais poéticos, ele equilibrou com genialidade tradição e vanguarda, lirismo provinciano e modernidade urbana
Em Synonymes, de Nadav Lapid, um perturbado judeu recém-chegado a Paris. As memórias do serviço militar, o cursinho para cidadania francesa, a recusa em falar hebraico. Em esquetes surreais, ele percorre as ruas de uma metrópole estilhaçada
Seguro no roteiro, filme inova ao bisbilhotar Vaticano a partir de pontífices reais. Trata de política, dramas pessoais e conflitos do catolicismo. Não se aprofunda em nenhuma destas dimensões. Vale como ótimo entretenimento
Em A Febre, de Maya Da-Rin, os indígenas vistos de forma profunda e original. Na história, o entre-lugar do protagonista: o trabalho, a periferia, a filha que estudará medicina; em casa, o idioma tucano e os contos de seus antepassados…
Dois cultuados cineastas em cartaz. Scorsese, em O irlandês, cruza crimes, traições e política em shakespeariana tragédia do submundo. Woody Allen, em valoroso filme de “sessão da tarde”, revisita Nova York com romantismo e ironia
No delicado — e assumido — melodrama de Karim Aïnouz sobre duas irmãs apartadas nos anos 50, o machismo que esfacela histórias. Mas, quando se afasta de personificação e retrata cultura opressora, denúncia ganha mais contundência
Há algo comum a filmes como Bacurau, Coringa e Parasita. O que seus autores já sabem e o resto das populações ainda não? A vida-mercadoria, cada vez mais insuportável, estará conjurando um movimento mundial de resistência?
Em Azougue Nazaré, espiritualidades em conflito: dionisíacos caboclos de lança e neopentecostais gris. Transcende a elegia folclórica e, em meio a intolerância religiosa, mostra o potente encontro entre o documental e o fantástico
É raro encontrar em cartaz filmes de muitas línguas diferentes. Concorrendo ao Oscar de produção estrangeiro, os latinos A odisseia dos tontos e Retablo; e o africano Papicha permitem que nos enxerguemos em outros tempos e lugares
Mostra de São Paulo trouxe densas comédias e dramas humanos de todos os continentes. Entre elas, O paraíso deve ser aqui, de Elia Suleiman: um palestino, em meio às paranoias de segurança, escancara — em silêncio — o absurdo que o cerca