Pílulas: Teto de gastos tolhe a ciência brasileira

• Como o teto de gastos inviabiliza a ciência brasileira • Tratamentos contra o câncer: imunoterapia e vírus contra tumores • A ameaça do “vereador dos garimpeiros” • Pandemia e a população de rua de SP • Colaboração científica EUA-China •

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Bloqueio de 1,8 bi: como o teto de gastos inviabiliza a ciência brasileira

Do orçamento de R$ 6,8 bi ao ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para 2022, estão assegurados só R$ 5 bi, denuncia a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O governo afirma que o bloqueio de R$ 1,8 bi é temporário e necessário para manter o “teto de gastos” (EC-95), que congela o investimento social até 2026. A medida é perversa, mostra matéria publicada no Jornal da Ciência, porque faz com que os gastos públicos como Educação, Saúde e Ciência tenham que disputar entre si para ficar com os recursos. E o corte em todas essas áreas prejudica o desenvolvimento da ciência brasileira – que provou ser forte e resiliente durante a pandemia de covid. Segundo a análise feita pela SBPC, o bloqueio atingirá em cheio os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDTC), representando uma possível queda de quase 45% em comparação com 2021.


Estudos contra o câncer: medicamento curou doença de 13 voluntários

O grupo analisado ainda é pequeno para mostrar resultados conclusivos, mas um tratamento foi capaz de curar o câncer com 100% de eficácia. Treze pessoas com câncer retal participaram de um estudo no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, EUA, para testar a eficácia de uma nova droga contra a doença. O Jemperli (dostarlimab-gxly) fez o câncer de todos os pacientes retroceder até se tornar indetectável. Segundo os médicos, os resultados da pesquisa publicada na New England Journal of Medicine são inéditos. 


Baseado em imunoterapia, tratamento reduz sequelas

Os voluntários do estudo tinham síndrome de Lynch, uma condição genética rara que incapacita as células de reparar erros produzidos na replicação do DNA. Acredita-se que medicamentos de imunoterapia como o Jemperli funcionam contra esse tipo de câncer porque as mudanças no DNA permitem que o sistema imunológico aprenda a reconhecer e atacar um tumor. E são ainda uma boa alternativa aos tratamentos com químio e radioterapia, que deixam sequelas mesmo naqueles que se curam.


E um vírus contra tumores começa a ser injetado em humanos

Um recente ensaio clínico administrou uma dose de Vaxinia, medicamento anticâncer que está em uma fase inicial de testes. A terapia inovadora envolve o uso do vírus da varíola, mas geneticamente modificado para infectar e matar as células cancerosas sem prejudicar as saudáveis. Quando o tumor é destruído pelo vírus, o corpo passa a interpretá-lo como corpo estranho, e cria uma resposta imunológica contra ele – aumentando a eficácia do tratamento. Testes em laboratórios e animais já tiveram sucesso contra uma ampla gama de cânceres, e os ensaios clínicos com humanos com tumores avançados está sendo conduzido pela City of Hope, instituto de pesquisa e tratamento do câncer nos Estados Unidos em colaboração com a Imugene, uma empresa de biotecnologia da Austrália.


Assim um vereador trabalha para legalizar o garimpo no Pará

Eleito com o mote “vereador dos garimpeiros”, Wescley Tomaz (MDB), do município de Itaituba (PA), trabalha para fazer jus a sua fama. Seu projeto já recebia apoio de Jair Bolsonaro desde antes da presidência, segundo reportagem da Pública. Wescley quer regularizar áreas de garimpo que hoje são ilegais, especialmente na região da Província Mineral do Tapajós, grande polo de mineração de ouro. Seu objetivo atual é criar um grupo de trabalho interministerial para buscar “soluções técnicas” que regularizem a prática – devastadora para o meio ambiente e os indígenas. Seu grupo busca também apoio para o projeto de lei 191/2020 (de autoria do governo federal) que prevê a prática dentro dos territórios dos povos originários.


Como a população de rua de SP lutou para sobreviver à pandemia

Quando a pandemia começou, veio o alerta: “fique em casa e lave as mãos”. Mas como a população de rua poderia cumprir tais recomendações? Uma matéria publicada na revista Radis traz relatos de como as ações do Centro de Convivência É de Lei tentaram mitigar a dor na cidade de São Paulo. A organização é voltada à redução de danos provocados por substâncias psicoativas. Logo percebeu que não poderia parar suas atividades com o início da quarentena, apesar do perigo de contaminação. As ações de solidariedade e distribuição de marmitas caíram, e havia poucos recursos disponíveis para as pessoas em situação de rua se higienizarem. A informação também era esparsa. A matéria conta como o É de Lei passou a produzir materiais informativos sobre formas de se proteger, para distribuir nas ruas. E narra as formas de ação para fortalecer os lugares onde se distribuía alimentos no centro e nas periferias.


Colaboração científica EUA-China em queda

Tensões políticas estão levando os dois maiores países em pesquisa no mundo a deixar de trabalhar juntos, segundo a revista Nature. As parcerias caíram mais de 20% em três anos. Um dos motivos parece ser o China Initiative, projeto norte-americano que visa impedir suposta espionagem chinesa e tolhe colaborações acadêmicas entre os dois países. Pesquisadores com ascendência chinesa relatam sentir medo de serem vigiados pelo governo dos EUA. Cientistas norte-americanos que deram entrevista à revista denunciam a política: “Se os Estados Unidos pararem de colaborar com a China, estaremos cortando nosso acesso a grande parte do que está acontecendo no mundo científico”.

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