PÍLULAS | Enfermagem mostra força, mas Arthur Lira descumpre promessa

• Coronavac para pequeninos? • Preocupação do fim das máscaras nas escolas • Doenças respiratórias ainda ameaçam crianças • A pólio pode voltar • Transplantes de órgão em queda • Fiocruz produzirá remédio para HIV • Estudantes com deficiência relatam problemas em SP •

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As manifestações de profissionais da enfermagem em Brasília pelo piso salarial, em 8/3, surtiram efeito. Mas o Congresso deu mais uma prova de que tem as portas fechadas à sociedade. Arthur Lira, presidente da Câmara, reuniu-se, em 9/3, com representantes das entidades que compõem o Fórum Nacional da Enfermagem. Recebeu os deputados do Grupo de Trabalho que construiu relatório comprovando a viabilidade financeira do piso. Ouviu as entidades. Comprometeu-se a pautar a votação do PL 2564/20, que define o piso, no dia seguinte, no Colégio de Líderes. Ali se decidiria se o projeto pode seguir direto ao plenário sem passar pelas comissões. Mas pelo visto seu compromisso não era assim tão firme. Por atraso na agenda, a reunião foi cancelada. A luta segue…


Novo passo para aprovar CoronaVac a crianças pequenas…

Quando o Instituto Butantan pediu autorização à Anvisa para o uso da Coronavac em crianças, no final de 2021, a solicitação envolvia também aquelas de 3 a 5 anos. Mas a agência só autorizou a partir dos 6. Agora, o Instituto está reunindo novos dados para provar a segurança e eficácia da vacina também nessa faixa etária mais nova. Como parte do processo, Dimas Covas, diretor da entidade, sua equipe e um grupo de pesquisadores do Chile reuniram-se com técnicos da Anvisa na quarta-feira (9/3). Ampliar o acesso da CoronaVac aos pequenos pode ser essencial em um momento de flexibilização do uso de máscaras por todo o país. Nos últimos meses, eles estiveram mais suscetíveis à covid do que em toda a pandemia. O momento exige pressa, mas o Butantan ainda não informou quando enviará toda a documentação necessária para a nova autorização à Anvisa.


…Que estão inseguras nas escolas… 

O fato é que a vacinação infantil vai mal. Apenas 47,1% tomaram a primeira dose em todo o país, e há grande desigualdade entre estados: enquanto em São Paulo a taxa é de 70%, em regiões mais pobres ela acontece de forma bem mais lenta. Por esse e outros fatores, pesquisadores ligados à Rede de Pesquisa Solidária estão preocupados com as escolas, especialmente com a retirada de máscaras dentro delas. Isso porque desde o ano passado, gestores começaram a suspender algumas proteções, como o limite de lotação de salas de aula. Os cientistas, que criaram o Índice de Segurança do Retorno às Aulas Presenciais, perceberam uma flexibilização não justificada de agosto para cá. Entre as medidas que avaliam, está a distribuição ou exigência de uso de máscaras PFF2 – adotada por apenas seis estados.


…E ainda estão entre os que mais pegam covid

Na edição do Boletim InfoGripe da última quarta-feira, 9/3, números alertam que, apesar da manutenção do cenário de queda na população em geral, a incidência de casos em crianças cresceu significativamente em fevereiro. Os mais afetados entre aqueles que estão no grupo abaixo dos 40 anos foram os pequenos entre 0 e 4 anos. Faixas acima do 60 se mantêm como os principais acometidos pela covid. De acordo com o Boletim, nenhum dos 27 estados apresentam sinais de crescimento na tendência de longo prazo. Mas, em meio à flexibilização das restrições, como as máscaras, Marcelo Gomes, pesquisador da Fiocruz e coordenador do InfoGripe, explica que alterações no comportamento de longo prazo necessitam de uma interpretação cautelosa à luz de eventuais oscilações. “Em situações como essa, o recomendável é que eventuais novas medidas que estejam em planejamento à luz da tendência de queda sejam suspensas para reavaliação da tendência nas semanas seguintes.”


Brasil corre alto risco de retorno da pólio

Um surto da poliomielite no Malawi e um possível espalhamento para Israel está causando preocupação em países onde a vacinação contra a doença está baixa. E, infeliz e surpreendentemente, o Brasil está entre eles, tendo registrado a cobertura vacinal mais baixa de todos os tempos, de 67,7% em 2021. Apenas 51,8% estão com a cobertura completa, de 5 doses ao longo dos primeiros anos da infância. O alerta veio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) que percebe uma baixa na cobertura vacinal em todo o continente. Como testemunhamos com a covid, as doenças estão se espalhando em velocidade preocupante – por isso o medo de ela chegar aqui. Para o ministério da Saúde, estaríamos seguros se a taxa de vacinação estivesse acima de 95% – bem distante do cenário atual. Em 2015, estávamos muito bem, com um índice de 98%, que foi caindo rapidamente nos últimos anos. O último registro de um brasileiro com pólio foi em 1989.


Dois anos de queda nos transplantes de órgãos

A melhora da situação do país em relação à pandemia pode trazer esperanças para aqueles que estão na fila de espera para transplante de órgãos. Isso porque a crise sanitária causou queda nessas operações, especialmente em 2020, mas também em 2021, segundo a Folha de S. Paulo. No ano passado, 4.214 morreram antes de conseguir fazer o transplante. Embora o número de doadores potenciais tenha aumentado em relação ao período anterior à pandemia, os efetivos caíram bastante – especialmente entre os doadores vivos de rim. Um dos motivos é a demora causada para que os exames de covid fiquem prontos – condição para que o órgão possa ser doado. Ilka Boin, secretária da diretoria da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), luta para que seja aprovada a doação de pessoas assintomáticas para covid, como já é feito nos EUA e Europa. A ação poderia acelerar o processo.


Fiocruz produzirá e distribuirá medicamento para HIV

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz começou um processo de internalização da tecnologia do medicamento Dolutegravir 50mg, antirretroviral para o tratamento de pessoas com HIV. Ao longo de 2022, distribuirá 16,5 milhões de comprimidos a unidades do SUS. Fruto de parceria estratégica com a farmacêutica britânica GSK ViiV Healthcare, a primeira fase da internalização abarcará apenas a etapa final de produção, de análise de controle de qualidade e embalagem. Aos poucos, o instituto começará a produzi-lo, até que toda a produção seja feita no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM). O Dolutegravir é um dos mais modernos antirretrovirais utilizados no mundo e é atualmente distribuído a mais de 300 mil pacientes.


SP: Estudantes com deficiência ficam sem auxílio

A rede municipal de ensino de São Paulo está enfrentando dificuldades para integrar as crianças e jovens com deficiência, mostrou reportagem da Folha. Há apenas 4 mil funcionários para auxiliar 18,2 mil estudantes com necessidades especiais. Em 40 escolas da rede, há apenas um ou nenhum profissional para acompanhá-los. E há diversos tipos de deficiência, que exigem níveis diferentes de auxílio: alguns alunos necessitam de alguém desde o momento que chegam na escola. A Secretaria Municipal de Educação afirma que abriu processo seletivo para recrutar até 6 mil estagiários para trabalharem em turmas com estudantes com deficiência. Mas para Carolina Videira, da ONG Turma do Jiló, é pouco: “É preciso que todos os funcionários das escolas estejam preparados para remover as barreiras atitudinais, que as barreiras arquitetônicas sejam rompidas”.

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