PÍLULAS | OMS recomenda a descriminalização do aborto

• Vacinar e acabar com a fome • Cedo para decretar fim da covid? • Encolhimento do cérebro pós Sars-CoV-2 • Sedentarismo na velhice • Faltam medicamentos oncológicos no SUS • O drama dos sem-teto em SP • Transplante de coração em bebê •

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Na última terça, 8/3, Dia Internacional da Luta das Mulheres, a OMS publicou novas diretrizes sobre a garantia da proteção de saúde de meninas e mulheres quanto ao procedimento. No documento, o órgão orienta retirar barreiras políticas desnecessárias, como a criminalização, aprovação de familiares e outros limites que as colocam em maior risco. Além do perigo à vida pelas complicações, a proibição tem forte impacto social, argumenta a organização. Segundo a OMS, anualmente, mais de 25 milhões de abortos clandestinos e inseguros acontecem pelo mundo. As diretrizes também defendem a adoção de outras formas de evitar a gravidez indesejada, que é basicamente fornecer as informações precisas para evitá-la. Mas é incisivo: “Ser capaz de obter um aborto seguro é uma parte crucial dos cuidados de saúde. Quase todas as mortes e lesões resultantes de abortos inseguros são totalmente evitáveis”. Em países em que o aborto é restrito, apenas um em cada quatro é realizado de forma segura; quando o procedimento é legal, nove em cada 10 são feitos em condições médicas ideais.


Não basta vacinar, é preciso comer bem

Embora a vacinação estimule a ação do sistema imune, ela também depende de outros fatores para garantir a proteção adequada contra agentes infecciosos. Junto com a expansão da cobertura vacinal contra a covid, é essencial garantir a alimentação adequada para que haja eficiência na resposta imunológica. O alerta é do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que vê o agravo nutricional vivenciado pela população brasileira com o crescimento da fome. Ao Jornal da USP, a professora Magda Carneiro-Sampaio, titular de Pediatria da FMUSP e imunologista, explica que a ingestão de aminoácidos é extremamente necessária para a proliferação de linfócitos e garantir a produção de anticorpos contra os agentes estranhos na circulação sanguínea. Segundo estudos, em 2021, 43 milhões viviam com insegurança alimentar e 19 milhões enfrentavam a fome. A pediatra vê no retorno das aulas uma janela para reforçar a alimentação das crianças, para que elas não só tenham uma reação adequada com as vacinas, mas para que fiquem menos suscetíveis também a outras doenças.


Países vão deixando a pandemia para trás. Muito cedo?

Em todo o mundo, autoridades políticas estão começando a suspender as restrições que foram impostas em 2020 para conter o avanço do coronavírus. Após o pico de infecções da nova variante ômicron, entre o final de 2021 e o começo deste ano, países estão considerando que locais onde a cepa, menos letal, é dominante, já estão preparados para a transição. Medidas incluem a flexibilização do uso obrigatório de máscaras, o fim do isolamento, a volta de grandes eventos e menos burocracia para viagens. No Reino Unido, por exemplo, todas as restrições, incluindo o uso de máscara em público e o autoisolamento após um teste positivo, estão sendo descartadas. Cientistas pedem cautela. Entre eles, Deepti Gurdasani, epidemiologista da Queen Mary University of London, do Reino Unido, critica que o número de mortes e hospitalizações não estabilizaram a uma taxa segura; e que, em contrapartida ao relaxamento, nada está sendo implementado, como ampliar a qualidade de ventilação de locais fechados. Governos, por exemplo, estão abandonado a testagem, que continua sendo vital. Na contramão, outros pesquisadores apostam que é mais importante focar no tratamento de casos graves do que prevenir a infecção.


Covid: imagens mostram o encolhimento do cérebro após infecção

Um estudo publicado na Nature mostra que mesmo quem teve sintomas leves da doença pode ser afetado com alteração do cérebro. As diferenças foram significativas em exames de ressonância magnética em pacientes antes e depois da infecção. Gwenaelle Douaud, principal autora do estudo, do Wellcome Centre for Integrative Neuroimaging, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirma que os resultados são uma grande surpresa, por se tratar de uma infecção essencialmente leve. A pesquisa foi feita a partir do banco de dados de registro de saúde, o UK Biobank, analisou 401 participantes, durante 4,5 meses, em média, após a infecção (96% dos quais tiveram covid leve), e 384 participantes que não tiveram covid. Os resultados apontam que o tamanho geral do cérebro em participantes infectados havia encolhido entre 0,2 e 2% e houve perdas de massa cinzenta nas áreas olfativas e regiões ligadas à memória. Os cientistas ainda não sabem até que ponto as mudanças são reversíveis.


Mais evidências sobre os males do sedentarismo na velhice

Um grupo de pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicou na revista “Cadernos de Saúde Pública” estudo que mostra que quase metade dos idosos que permanecem ao menos seis horas em comportamento sedentário sofrem com problemas de sono. A pesquisa avaliou dados de 43.554 idosos por meio da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Os resultados mostram que os mais velhos que relataram permanecer mais de seis horas diárias assistindo TV, e em mais de três horas sem realizar nenhuma atividade, tiveram mais chance de ter problemas no sono. “Com o envelhecimento, é comum a ocorrência de mudanças no padrão de sono, tais como o tempo, o sono fragmentado e a quantidade de sono não REM, fundamental para a restauração física e manutenção da qualidade de vida”, aponta Núbia Carelli, uma das autoras do estudo. Evidências apontam que problemas para dormir estão associados a depressão, declínio cognitivo e aumento não saudável do Índice de Massa Corporal.


SP: alerta para a falta de medicamentos oncológicos no SUS

O Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP) cobra do ministério da Saúde providências para a falta de medicamentos para tratamento de diversos tipos de tumores. “Desde junho de 2021, com exceção do Trastuzumabe, todos os medicamentos restantes faltaram em algum momento”, afirmou o Cosems/SP em ofício à pasta do governo. Entre eles, fármacos para leucemia mieloide crônica, leucemia linfoblástica aguda, tumor do estroma gastrointestinal e câncer de mama. Segundo o Estadão, os medicamentos são de responsabilidade de dois órgãos ligados ao SUS: dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) ou Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). Mas a compra é centralizada no Ministério da Saúde.


Minúsculo passo para sanar a emergência da moradia em SP

A prefeitura da capital paulista fechou contrato com 15 hotéis e garantiu 1.459 vagas na região central da cidade para atender moradores em situação de rua. Segundo o plano de trabalho ao qual a Folha teve acesso, irão custar R$ 22,3 milhões por seis meses. Apesar de urgente, ainda não há informações de quando as vagas começarão a ser utilizadas. É um ponto de partida para a administração da cidade, que enfrenta uma grave crise devido ao aumento de pessoas vivendo nas ruas. Mas ainda é muito pouco. O programa terá capacidade para atender 4,6%, das mais de 31 mil pessoas nessa situação. Quase metade das vagas serão destinadas prioritariamente às famílias, o perfil que mais cresceu entre os moradores de rua na pandemia. Porém, a ação da prefeitura paulistana chega a parecer contraditória: desde o ano passado, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem ordenado ações de despejo em hotéis no entorno da chamada “cracolândia” – justamente locais que servem de alternativa aos sem-teto.


Novo e inédito transplante duplo em criança

Nos EUA, Easton nasceu com um coração fraco e com problemas em seu sistema imunológico. Seus primeiros sete meses de vida foram no hospital, passando muito tempo ligado a aparelhos e submetido a cirurgias cardíacas. Os médicos do Duke University Hospital, na Carolina do Norte, solicitaram uma autorização ao FDA, órgão regulador de saúde do país, para realizar um tipo experimental de transplante de coração. Assim, Easton foi o primeiro humano que recebeu um transplante combinado de coração e timo – uma glândula que ajuda o desenvolvimento de células T, que combatem substâncias estranhas no corpo e ajuda a criar a imunidade necessária para a adaptação do novo órgão. Meses após a cirurgia, exames revelam que Easton está evoluindo bem. Os médicos esperam que essa conquista signifique um grande avanço para a área de transplantes de órgãos.

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