Ministério da Saúde terá coordenação para doenças crônicas não-transmissíveis

• Plataforma global de investimento em saúde • Medicina para assentados do MST • Ansiedade, obesidade e consumo de álcool entre jovens • Parceria Fiocruz-Angola • Adeus a Domingos Sávio Alves •

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Lançado na semana passada , o Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel) – fruto de uma parceria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) com a ONG Vital Strategies – identificou que 56,8% dos brasileiros está com excesso de peso e que houve um crescimento expressivo da população obesa. Respondendo à situação, o ministério da Saúde anunciou a criação de uma coordenação voltada para as doenças crônicas não-transmissíveis, informa a Agência Brasil. No leque de responsabilidades da nova estrutura estarão as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas, entre outras. Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do MS, explicou à agência que o governo federal se reuniu com as secretarias estaduais para criar um plano de ação que enfrente a questão nos próximos dois anos.

OMS e bancos multilaterais criam plataforma de investimento em saúde

O Banco Africano de Desenvolvimento (ADB), o Banco Europeu de Investimentos (EIB), o Banco Islâmico de Desenvolvimento (IsDB) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciaram nessa semana a criação de uma nova plataforma de financiamento de saúde, a Health Impact Investment Platform (HIIP), divulgou o portal Health Policy News. Os recursos da iniciativa serão voltados para o desenvolvimento da “atenção primária em países de baixa e média renda”, informaram as instituições em uma coletiva de imprensa conjunta. Esse foco decorre da compreensão de que a atenção primária “é o caminho mais eficaz para a melhora da saúde e do bem-estar”, dizem. A OMS foi escolhida para ser a coordenadora da plataforma, que iniciará seus trabalhos com um caixa de 1,5 bilhão de euros. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) informou que estuda a possibilidade de se somar à HIIP nos próximos anos.

UFPel pode abrir cursos de medicina humana para assentados

Uma nova parceria entre a Universidade Federal de Pelotas promete mexer na política gaúcha: o MST e a instituição pretendem dar início em 2024 a um curso de medicina humana para assentados da reforma agrária vinculados ao movimento. O MST e a UFPel possuem convênio para cursos de medicina veterinária, por onde 139 pessoas já se formaram. O Sindicato Médico do estado, dominado pelo bolsonarismo, obviamente se posiciona contra, com a batida justificativa da preocupação com a qualidade do ensino. No entanto, a mesma entidade bancou os crimes dos profissionais bolsonaristas durante a pandemia e se posicionou favoravelmente a médicas como Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro durante seus depoimentos da CPI da Covid, quando ambas tentaram justificar a prescrição de tratamentos enganosos, em especial através da cloroquina. Ao Brasil de Fato, a reitora Isabela Andrade cutucou: “percebo uma postura de gratuita contraposição a uma iniciativa que enfrenta um grave e histórico quadro de falta de profissionais médicos dispostos a atuar em espaços normalmente relegados”, disse, lembrando que, no fim das contas, os médicos conservadores passam longe de atender pacientes distantes de seus contextos geográficos, sociais e econômicos.

Vulnerabilidades em saúde de jovens

O Inquérito Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) uma pesquisa realizada pelo telefone pela consultoria de Saúde Vital Strategies, em parceria com a UFPel, Abrasco e Instituto Umane, entrevistou cerca de 9 mil jovens de 18 a 24 anos a fim de estudar sua atual condição em relação a doenças crônicas. O levantamento aferiu índices relevantes de ansiedade, obesidade e aumento do consumo de álcool. “Tem um gap. Temos uma agenda para crescimento e desenvolvimento de crianças de zero a cinco anos. Depois tem alguma coisa para os adolescentes, mas falta política pública para esse público que está entrando na faculdade, começando no mercado de trabalho”, analisou Luciana Sardinha, gerente da Vital Strategies, em entrevista à Folha. A pandemia agravou uma situação, que se junta a incertezas quanto ao progresso pessoal numa idade de transição entre a vida estudantil e profissional, hábitos de consumo incentivados por publicidade inadequada, ausência de campanhas de conscientização e falta de atividades físicas rotineiras.

Fiocruz assina parceria com Angola

Em cerimônia na capital Luanda, a Fiocruz assinou um memorando de entendimento com a Universidade Agostinho Neto (UAN), uma das principais instituições de ensino superior públicas de Angola. “A parceria tem como objetivo a colaboração mútua nas seguintes áreas: doenças tropicais negligenciadas, com destaque para malária e tuberculose; doenças transmissíveis; arboviroses; resistência antimicrobiana (AMR); HIV; clima e saúde; saúde materna, infantil e reprodutiva; entre outras”, diz a nota publicada no site da Agência Fiocruz. Seguindo a orientação de política externa que historicamente orientou o trabalho do instituto de pesquisa, “faz parte da política de cooperação institucional reforçar as parcerias técnico-científicas com países do hemisfério sul, sobretudo os de língua portuguesa”, explicou à agência Anna Cristina Calçada Carvalho, coordenadora da Cooperação Institucional do IOC/Fiocruz.

Morre Domingos Sávio Alves, um dos mentores da Reforma Psiquiátrica

“A tristeza envolve a todos os que tiveram a sorte de conviver com ele, e puderam acompanhar sua generosa e fertilíssima trajetória no campo da saúde mental pública, na Reforma Psiquiátrica e na Luta Antimanicomial no Brasil”. Foi assim que a Associação Brasileira de Saúde Coletiva definiu a perda de Domingos Sávio Alves, médico neurologista, sanitarista e especialista em Psiquiatria Social, falecido no dia 24 de junho. Domingos Sávio foi presidente da Colônia Juliano Moreira, um dos maiores manicômios da história do Brasil e recentemente desativado. Nos anos 1980, ele foi um dos precursores da chamada Reforma Psiquiátrica, que mudou radicalmente a concepção de promoção de saúde mental. Trabalhou no ministério da Saúde e recebeu diversos reconhecimentos ao longo de sua vida, a exemplo da Medalha do Mérito Médico pela presidência da República, em 2001, e a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz pelo Ministério da Saúde em 2009.

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