Ministério impulsiona Plano Nacional de Imunizações

• Mais força e novas estratégias à Campanha Nacional de Imunização • Pólio deixará de ser em gotinha • Nísia reforça importância da indústria da Saúde • SUS incorpora três medicamentos contra HIV/aids • Moção contra etarismo •

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Em uma live de quase duas horas realizada nesta sexta-feira, 7/7, a ministra Nísia Trindade anunciou novas medidas para retomar os patamares recomendados de imunização na população. Na transmissão, que contou com a participação Clóvis Francisco Constantino, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, e Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) do ministério da Saúde, a ministra voltou a ressaltar que a vacinação e superação de sua rejeição na população é uma tarefa de toda a sociedade. “Não foi assim nos últimos anos, mas queremos retomar a ciência e estamos trabalhando nesse sentido. A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do Governo Federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, afirmou.

Novas estratégias

Na live, o ministério também apresentou uma ampliação de sua estratégia de vacinação. A ideia é deixar de concentrar as imunizações apenas nos estabelecimentos de saúde, em especial unidades básicas, e passar a uma busca ativa da população. Isso significa que governos e municípios, dentro de suas especificidades estruturais, poderão desenvolver suas próprias políticas de imunização, como o uso de ambientes escolares ou mesmo vacinação a domicílio. “Vamos oferecer aos municípios um planejamento diferenciado, onde a imunização sai da unidade de saúde e vai até a pessoa que precisa ser vacinada. Também haverá transferência de recursos para estados e municípios, um recurso excepcional para ações de vacinação, coisa que o ministério da Saúde não faz há anos. A ideia é concentrar esforços onde há maior número de não vacinados. Ali é onde precisamos ser mais intensos em ações”, explicou Eder Gatti.

Mudança na vacinação da pólio

O ministério também apresentou uma mudança, que será introduzida a partir de 2024, na vacinação de poliomielite – também conhecida como paralisia infantil, que registrou seu último caso no Brasil em 1989, mas teve drástica redução de cobertura nos últimos anos. A imunização contra a doença deixará de ser administrada em gotas em sua dose final de reforço. Apenas a Vacina Inativada Poliomielite (aplicada por injeção) será suficiente. Ela já é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida da criança. Agora, passará também a ser aplicada no reforço dado aos 15 meses de vida e dispensará a dose oral, por gota, tradicionalmente aplicada quando a criança completa 4 anos. “A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema”, informa o site do ministério da Saúde. Chegou a aposentadoria do Zé Gotinha?

Nísia reforça importância de indústria da saúde

No dia anterior, 6/7, na reunião de relançamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, Nísia Trindade destacou a importância de o Brasil avançar em sua própria indústria farmacêutica. “A vulnerabilidade do nosso país na área da saúde, pensando o conjunto, medicamentos, vacinas e equipamentos médicos, no ano de 2022, foi de US$ 23 bilhões. Se trata de uma grande dependência. É a segunda maior dependência do ponto de vista setorial do Brasil”, disse. Como defendido por diversos economistas da saúde, uma política industrial vai além de garantir a soberania sanitária do país – motivo que já seria suficiente para ser levada adiante. Também significa um poderoso instrumento de geração de emprego e renda, com variados efeitos positivos na economia e na integração social, além de inovação tecnológica e científica.

SUS incorpora três medicamentos contra HIV/aids

O ministério da Saúde anunciou a incorporação de mais três antirretrovirais de combate ao vírus HIV/Aids no sistema de saúde: o darunavir (800 mg), o dolutegravir (5 mg) e o raltegravir (100 mg, granulado), que deverão ser disponibilizados gratuitamente na rede pública em até 180 dias. O primeiro é indicado para adultos que convivem com a doença e não mostram sinais de resistência ao medicamento, enquanto os outros dois são destinados a crianças que correm risco de “transmissão vertical” – isto é, quando pode ser passado de uma mãe que já convivia com o vírus ao nascerem.

Conferência de Saúde apoia moção contra etarismo

Dentro do imenso leque de demandas, além da defesa em si do próprio sistema público de saúde, uma das novidades legadas pela 17a Conferência Nacional de Saúde foi a moção de apoio ao combate ao etarismo. Assinada por mais de 400 delegados presentes ao encontro, a moção afirma que a discriminação contra idosos ficou mais explícita após a pandemia de covid, quando o isolamento social dificultou os cuidados em saúde de pessoas idosas e os diferentes governos foram incapazes de desenvolver estratégias rápidas e eficazes de cuidado deste público. Criou-se uma noção, na visão dos signatários e muitos outros especialistas em saúde, de que a morte de pessoas mais velhas no contexto do coronavírus seria algo menos grave. Além disso, a moção lembra das políticas da ONU para o envelhecimento saudável, firmadas por 193 países no documento Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, que elenca uma série de políticas de promoção da saúde e da cidadania dessas pessoas (confira aqui matéria do Outra Saúde sobre este tema).

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