Malária: Estratégias contra o surto, entre os Yanomami

• Estratégias para conter malária entre os yanomamis • Doença volta aos EUA • Unimed e os planos cancelados de autistas • Refugiados afegãos em SP registram surto de sarna • Energia eólica na China • Aspartame cancerígeno •

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Se nos EUA a malária está de volta (veja nota a seguir), da Amazônia ela nunca se afastou. A região concentra 99% dos casos no Brasil. Foram 129 mil pessoas contaminadas em 2022 e 31 mil apenas no primeiro trimestre deste ano. A área Yanomami, em Roraima, é o foco principal. Quase esquecido pela mídia brasileira, o surto recente acaba de ser reportado com correção, em vídeo, num documentário da revista norte-americana Nature.

O filme expõe os contornos da tragédia. Na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista, Luciana Pires de Freitas, consultora do Centro de Operações de Emergência, conta que o governo Bolsonaro deixou as instalações “sem dados sobre a doença, sem medicamentos, microscópios ou lâminas”. Muito mais grave é o problema nas regiões remotas. A falta de médicos e, pior, de condições para realizar a testagem, está levando os técnicos de Saúde a considerarem a estratégia extrema da Administração em Massa de Drogas. Quando adotada, medica-se toda a população de um determinado território – é a única maneira de fazer com que os remédios cheguem a quem precisa.

A carência extrema de condições de atendimento está levando a uma solução inovadora. Júnior Yanomami, diretor do Departamento de Saúde Indígena conta que, à falta de médicos e outros profissionais, a saída tem sido formar membros das comunidades tradicionais. Em defesa da vida, indígenas tornam-se agentes de saúde e até microscopistas. A consultora Luciana crê que, em alguns meses, o pior da malária terá passado. Será a hora de lidar com a desnutrição e a tuberculose…

Malária: os EUA voltam ao mapa, duas décadas depois

O declínio constante das condições de vida nos EUA assumiu uma nova face. O Centro de Controle de Doenças (CDC) anunciou nesta segunda-feira que o país passou a ter transmissões comunitárias de malária, pela primeira vez desde 2003. Cinco pessoas foram recentemente infectadas – quatro na Flórida e uma no Texas. Como nenhuma delas viajou ao exterior, a transmissão ocorreu certamente nos próprios EUA.

Mais de 250 milhões de pessoas adquirem malária todos os anos – e 619 mil morreram da doença só em 2022, segundo a OMS. Mas a doença permanece oculta e neglicenciada, porque a maioria esmagadora dos casos e óbitos ocorre na África, na maior parte das vezes em regiões rurais. A erradicação seria possível, mas não há esforço internacional coordenado para isso.

Os novos casos nos EUA revelam o contrário: a difusão da malária em regiões antes seguras. Mas não chega a haver motivo para surpresa. Vítimas de desigualdade e pobreza crescentes, os norte-americanos viram sua expectativa de vida cair, em 2021, a 76,1 anos – a mais baixa desde 1996. Além da covid, contribuíram a epidemia de overdoses de drogas legais e a privatização do sistema de saúde, que exclui dezenas de milhões do acesso a cuidados adequados.

Unimed promete rever cancelamento de convênios de autistas

Em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) na terça-feira (26/6), representantes da Unimed se comprometeram a rever as suspensões de dezenas de planos de saúde de pessoas com autismo realizadas pela empresa, relatou a Folha de São Paulo. A política interna excludente da gigante da saúde privada, analisada em profundidade em Outra Saúde, foi revelada em denúncias enviadas ao gabinete da deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP), que prontamente as tornou públicas. 

Em entrevista ao Outra Saúde, a parlamentar paulista apresentou um quadro alarmante: gastos exorbitantes para as famílias, crianças fora da escola e abandono por parte da ANS, que deveria regular ativamente o setor. Como explica Werner, as suspensões devem ser consideradas ilegais, já “nenhuma seguradora pode unilateralmente cancelar um plano se um segurado estiver com um tratamento em andamento”.

Surto de sarna afeta refugiados afegãos acampados em aeroporto de SP

Foram identificados 26 casos de sarna no último mês entre um grupo de cidadãos do Afeganistão que acampa no aeroporto de Guarulhos desde que fugiram da crise em seu país natal, noticiou a Agência Brasil. Os refugiados, como denuncia uma voluntária que trabalha entre eles, vivem “sem banho diário, sem higiene e sem dignidade básica” – e a prefeitura de Guarulhos se nega a receber a maioria deles, alegando falta de vagas nos espaços de acolhimento que gere. 

Por sua vez, o governo federal afirma que a questão “foi encaminhada ao Grupo de Trabalho Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ), que tem a competência para dar encaminhamento à solicitação”, mas ainda não foram anunciadas medidas concretas. A empresa privada que é concessionária do aeroporto também diz que “tem contribuído no suporte” aos afegãos. Enquanto nada se encaminha, cerca de 200 migrantes têm a saúde cada vez mais afetada pela vulnerabilidade em que se encontram.

Boom de energia eólica e solar na China reduzirá drasticamente emissões de carbono 

Em 2020, Xi Jinping afirmou que a China construiria até 2030 novas usinas eólicas e solares com a capacidade de gerar 1.200 GW de energia. Segundo relatório produzido pelo Global Energy Monitor e divulgado pela BBC, a meta deve ser alcançada ainda em 2025, com cinco anos de antecedência. Como demonstra o gráfico abaixo, a produção de energia limpa mais do que dobrará no país. Entre outras descobertas do estudo, estão as constatações de que 55% dos investimentos em energia eólica e solar realizados em 2022 foram feitos pela China e de que a nação asiática já conta com mais painéis solares instalados que todo o resto do mundo (além de ser seu maior produtor). Segundo a matéria, esse processo foi estimulado pelo governo com subsídios às energias renováveis e a imposição de metas ambientais às províncias, e o novo cenário “deverá ter um impacto significativo na limitação dos efeitos das altas de temperatura” decorrentes das mudanças climáticas.

OMS sugere: também o aspartame pode ser cancerígeno

Um dos mitos mais difundidos pelas corporações alimentícias pode estar caindo: o da suposta segurança do aspartame, talvez o adoçante artificial mais consumido no mundo. A Agência Reuters revelou esta semana que, segundo suas fontes, dois órgãos da Organização Mundial de Saúde (OMS) estão prestes a lançar alertas sobre o suposto caráter carcinogênico do produto. São eles: a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (Iarc, na sigla em inglês) e o JECFA (Comitê Conjunto da OMS e ONU sobre Aditivos Alientares).

Mesmo antes de oficializada, a advertência está despertando polvorosa entre a indústria. Decisões anteriores da Iarc serviram, em diversos países, como base para que consumidores movessem processos multibilionários contra corporações. Por isso, apavoram-se representantes de entidades como a Associação Internacional de Adoçantes (ISA) e o Conselho Internacional de Associações de Bebidas. Eles dizem temer que os consumidores sintam-se “perturbados”.

No entanto, informa a Reuters, dois estudos internacionais anteriores já apontaram indícios de aumento de incidência de câncer entre camundongos submetidos ao aspartame e entre humanos que consumiam quantidades importantes de adoçantes artificiais.

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