Israel não abre sua fronteira para ajuda humanitária a Gaza

• A Atenção Básica no Brasil, por estado • Outro vetor para as doenças do mosquito • Queimadas na Amazônia afetam também diversidade • Gripe aviária mais perigosa • Morre pioneiro dos psicodélicos •

Foto: Majdi Fathi
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Durante os 10 primeiros dias do conflito em curso, Israel impediu a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, um cerco que entidades como a Anistia Internacional afirmaram ser uma ação de “punição coletiva” contra civis palestinos, “equivalente a um crime de guerra”. Nem mesmo a fronteira entre Gaza e o Egito pôde ser utilizada para esse fim, sob ameaça de bombardeio do exército sionista. Ontem (18/10), Israel flexibilizou sua posição e autorizou o envio de ajuda humanitária em Gaza – mas apenas por meio da fronteira com o Egito. A força agressora segue proibindo que água, comida e medicamentos cheguem via solo considerado israelense ao enclave palestino, que abriga hoje 2 milhões de vulneráveis. A limitada concessão está sendo apresentada pelo governo de Israel como um aceno a um pedido do presidente estadunidense Joe Biden. Mas não se pode descartar que a repercussão do ataque que matou 471 palestinos em um hospital, segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde de Gaza na manhã de ontem, também tenha influenciado a decisão.

Rio tem pior cobertura de atenção básica do SUS no país

Um levantamento do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde noticiado por O Globo identificou os estados do Brasil com melhor e pior cobertura da rede de Atenção Primária à Saúde (APS). Nos dados, a tragédia da saúde do RJ – apontado como o estado com pior cobertura em todo o país. O estado teve um dos piores desempenhos na vacinação contra a poliomielite, imunizando apenas 55,8% do público-alvo da campanha. Além disso, apenas 69,6% das mães fluminenses tiveram acesso a um pré-natal adequado. No total, só 69,3% da população do estado está coberta pelos serviços de APS – contrastando, por exemplo, com os números do Nordeste, onde a cobertura alcançou 87%. Na região, aliás, estão os maiores êxitos dessa política de saúde: seis dos estados de melhor desempenho no estudo estão no Nordeste. O Piauí e a Paraíba, 1º e 2º lugar do país, alcançaram 99,9% e 97,5% de cobertura da população, respectivamente.

A crescente presença do Aedes albopictus nas cidades brasileiras

O mosquito Aedes aegypti, um nome que já se tornou bem conhecido por muitos brasileiros, não é o único vetor do aumento dos casos de dengue identificado pelas autoridades de saúde nos últimos anos. O coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, Kleber Luz, indica que essa alta também se deve à crescente presença de uma outra espécie de inseto, o mosquito-tigre-asiático (Aedes albopictus), nas zonas urbanas do Brasil. Antes, essa espécie estava mais restrita a regiões mais silvestres. A mudança, explica o infectologista, se deve às alterações climáticas. “Com o aquecimento global, onde não tinha mosquito, agora tem; e onde já tinha, aumentou”, ele resume. Nesse quadro, “aumentaram a área, o número de casos, a gravidade e as mortes” por arboviroses como dengue, zika e chikungunya, ele continua. Para combater essa situação, diz o membro da SBI, é preciso firmeza nas políticas de meio ambiente: “se não controlar a temperatura, o cenário será pior”.

O efeito das queimadas para a biodiversidade, explicado pela Fiocruz

A emergência no Amazonas, abordada na reportagem de hoje deste boletim, está intimamente ligada à crise climática. Uma pesquisadora da Fiocruz Amazônia apresentou à Agência Fiocruz os múltiplos efeitos das queimadas que estão na origem da fumaça que está cobrindo as cidades do AM. Segundo Alessandra Nava, esses atos criminosos atingem os humanos mas também “afetam diretamente a saúde animal e causam perda de biodiversidade e da floresta – além dos preciosos serviços ecossistêmicos que a floresta e sua biodiversidade provêm”. No fim, “estamos todos interligados: sufoca gente, queima bicho, sofre a floresta e perdemos todos com isso”, ela sintetiza. Soma-se ao quadro a seca vivida pelo estado, também “exacerbada pela crise climática e o El Niño”. Por isso, ela aponta, é urgente “denunciar as queimadas ilegais e pressionar ações de prevenção desses crimes”, perpetrados por atores interessados em “privatizar os lucros e socializar enormemente os prejuízos” da destruição do meio ambiente.

Como a gripe aviária ficou tão mortal

O atual surto global da gripe aviária, cujos efeitos mais duros o Brasil conseguiu evitar até aqui, já é um dos maiores da história. Uma reportagem da revista Nature – baseada nas descobertas de um artigo científico publicado no mesmo periódico – desvenda alguns dos caminhos da mutação do vírus H5N1 que o levaram a causar tantas mortes e se espalhar com tanta facilidade desde o início do surto, em 2021. A nova variante do patógeno teria emergido em 2020 a partir de outro vírus causador da doença, o H5N8, e da interação com cepas da chamada “influenza aviária de baixa patogenicidade”. Suas mutações genéticas facilitaram a circulação do vírus entre aves silvestres – antes, ele era mais comum entre animais domésticos ou criados para consumo humano, como galinhas. E esse tem sido o maior desafio. “Desde que o vírus se adaptou às aves silvestres, não temos nenhum mecanismo para controlá-lo. Essa é a novidade de maior impacto até agora”, explica à revista o biólogo Vijaykrishna Dhanasekaran.

Pioneiro de pesquisas com psicodélicos morre nos EUA

Um dos mais proeminentes pesquisadores das drogas psicodélicas no mundo, o estadunidense Roland Griffiths, faleceu aos 77 anos na última segunda-feira (16/10), informou a Universidade Johns Hopkins, onde ele lecionava. Uma nota da instituição de ensino lembra que “estudos pioneiros de Griffiths descobriram que a psilocibina – ingrediente ativo dos cogumelos psicodélicos – poderia ajudar no tratamento da depressão e ter efeitos terapêuticos em pessoas com problemas de abuso de substâncias”. Esse trabalho “marcou o início de um renascimento das pesquisas com psicodélicos, que estavam basicamente inativas desde o início dos anos 1970”, explica o comunicado da universidade. Anteriormente, Griffiths já havia conduzido estudos pioneiros sobre os efeitos da dependência de cafeína no corpo humano. Ativista, o pesquisador também viveu embates com a indústria de bebidas ao encabeçar um movimento pela regulamentação dos energéticos nos Estados Unidos.

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