Escolas privadas mais vulneráveis a alimentos ultraprocessados

• Ultraprocessados nas escolas • STF decide em favor de fabricante de genéricos • OMS analisa inteligência artificial na Saúde • Participação indígena na ciência • América Latina, onde mais morrem defensores do meio ambiente •

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A Folha de S. Paulo publicou matéria a partir de artigo publicado na última edição do Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz, com estudo que constata o enorme “cerco alimentar” que os estudantes sofrem. Trata-se do fato de que em quase toda escola há uma grande quantidade de comércios que vendem comida de baixo valor nutricional num raio aproximado de 250 metros, a configurar o que especialistas chamam de “pântano alimentar”. Isso significa que nossa sociedade fomenta decisivamente maus hábitos de consumo alimentar, não raro instalados dentro das próprias escolas e suas cantinas. Um aspecto interessante da pesquisa é que ela atesta uma maior penetração da indústria alimentícia de baixo nível nas escolas privadas, onde o poder aquisitivo é maior. Como já observado por estudiosos, a propaganda foi capaz de criar uma cultura que considera alimentos processados e industrializados mais nobres do que os naturais ou menos processados. Enquanto isso, a obesidade infanto-juvenil não para de crescer.

Decisão de Fux limita patentes e favorece genéricos

Em decisão monocrática, Luiz Fux decidiu pela validade do pleito da EMS, fabricante de medicamentos genéricos, em ação que visava garantir a produção de rivaroxabana, um anticoagulante utilizado no tratamento de TVP (Trombose venosa profunda). O remédio produzido pela alemã Bayer teve sua patente expirada em 2020, momento em que a EMS passou a fabricar sua versão genérica. O ministro também avaliou que a produção de genéricos está liberada a partir da publicação da ADI 5529, que limita as patentes a 20 anos, sem possibilidade de renovação, a partir da data de solicitação de seu reconhecimento ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

OMS publica documento sobre IA em saúde

Ciente da inevitabilidade das transformações que a digitalização levará à área da saúde, a OMS publicou o documento Regulatory considerations on artificial intelligence for health (Considerações regulatórias sobre inteligência artificial na saúde). O texto traz advertências a respeito da necessidade de se criar mecanismos confiáveis de armazenamento e uso da IA na área, em especial no que tange ao uso de dados dos pacientes, grande objeto de cobiça do mercado do setor. Apesar disso, evidencia os avanços que a digitalização pode trazer na prestação de serviços em saúde, inclusive à distância, em relação a populações de áreas mais remotas, ou mesmo análise de exames e tomadas de decisões clínicas com base em ampla base de dados. Em resumo, o documento lista seis prioridades, que falam sobre controle de risco, transparência e participação social.

reivindica conhecimentos ancestrais

Termina hoje a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada pela Fiocruz e cujo tema do ano é Ciências básicas para o desenvolvimento sustentável. O evento visa estimular o avanço na direção das metas do desenvolvimento sustentável da ONU, em especial nas áreas de saúde e meio ambiente. Na abertura, o destaque ficou por conta de Diadiney Helena de Almeida, indígena pataxó e historiadora e doutora em História da Ciência e da Saúde pela Fiocruz. Em sua fala, ela reivindicou maior consideração pelo estado brasileiro das práticas e conhecimentos dos povos nativos na busca pelos objetivos de sustentabilidade. 

“Eu venho trazer alguns incômodos, mas preciso conclamar todos vocês a navegar pelos nossos rios, a observar, a ouvir, mas também a se banhar, a beber de suas águas. É preciso colocar em prática uma ciência que possa conviver e dialogar excessivamente com universos que contêm outras percepções de mundo. Estou falando de tantas histórias apagadas e de tantas vozes silenciadas.” Mediadora do debate de abertura, a pesquisadora Ana Lucia Pontes, que chefiou incursão da Fiocruz na operação de assistência aos yanomami no início do ano, exaltou a história de Diadiney, primeira doutoranda indígena da história da instituição. “Como isso não foi um marco? É uma trajetória muito comum para diversos indígenas: uma invisibilidade que as instituições dão historicamente a estas pessoas.”

América Latina concentra 88% das mortes de ambientalistas em 2022

Relatório da ONG Global Witness mostra que América Latina, continente de vastos estoques de recursos naturais e modelos econômicos baseados na exportação de matérias primas, é o lugar mais violento e letal do mundo para defensores da preservação ambiental. Só em 2022, 88% dos 177 mortos por atuarem contra grandes interesses extrativistas são latino-americanos. A Colômbia lidera a lista com 60 óbitos, seguida pelo Brasil, com 34. Um terço do total dos mortos é de alguma etnia indígena, o que confirma a lógica racista destes processos econômicos, ainda disposta a ignorar direitos dos povos originários, mesmo quando previstos nas leis. Em relação a 2021, o estudo registrou um preocupante aumento de 23% nas mortes de ativistas ambientais. Para além da exploração econômica da terra, contribuiu para os números as atividades do narcotráfico nas rotas mais importantes para este tipo de comércio ilícito, que muitas vezes passa por áreas de floresta e campo do continente.

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