Devagar, devagarinho

Brasil aplicou pouco mais de três milhões de doses, das 10 milhões disponíveis. Quantidade garantida no primeiro trimestre só deve cobrir um quarto dos grupos prioritários

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O ritmo da vacinação no Brasil anda melhorando, mas mesmo assim só foram aplicadas cerca de 3 milhões de doses, das 10 milhões disponíveis. Se continuar desse jeito, vai levar três anos para imunizar 70% da população, ou quatro anos para vacinar toda a população adulta (isso se a vacina não precisar ser repetida a cada ano, é claro…). 

“O Brasil possui mais de 37.000 postos de vacinação já prontos. Se você aplica 10 vacinas por hora, 60 por dia, e multiplica pelo número de postos, temos mais de duas milhões de doses por dia”, estima no El País o epidemiologista José Cássio de Moraes, que participa há 46 anos do planejamento de campanhas de vacinação no país. Esse cálculo projeta um número ‘por baixo’, sem levar em conta que o país poderia ainda ampliar a estrutura para a vacinação, contratando mais profissionais e alargando os horários, por exemplo. Mas, por enquanto, estamos com menos de 200 mil doses aplicadas por dia, em média.

O governo de São Paulo, que correu e conseguiu garantir a fotografia da primeira dose aplicada, não manteve a pressa: segundo o mesmo site, a campanha tem sido proporcionalmente mais lenta do que a de outros 17 estados, como Paraná, Rio Grande do Norte ou Bahia.

Raspando o tacho

Além dos problemas logísticos que não deveriam existir em um país acostumado à vacinação em massa, tem a sempiterna falta de doses. O Brasil deve encerrar o primeiro trimestre com 41,2 milhões, o que só dá para cobrir 26% da população prioritária (e não da população total), lembra o Estadão. 

E o governo Bolsonaro rejeitou três ofertas do Butantan para comprar a CoronaVac. Em julho do ano passado, o instituto informava que poderia oferecer 60 milhões de doses a partir do último trimestre de 2020. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não respondeu. Em agosto, o Butantan mandou outro ofício com o mesmo teor, prometendo 45 milhões de doses em dezembro e 15 milhões no primeiro trimestre de 2021. Nada de resposta. Só na terceira tentativa, em outubro, é que Pazuello decidiu que compraria 46 milhões de doses da vacina – mas foi quando Jair Bolsonaro o desautorizou e fez negociação voltar à estaca zero… Quem detalha as três recusas é a repórter Malu Gaspar, na Piauí.

No último sábado, o Butantan começou a produzir mais 8,6 milhões de doses da CoronaVac. E no mesmo dia a Fiocruz recebeu o primeiro lote do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir a vacina de Oxford/AstraZeneca; porém, a quantidade que chegou só é suficiente para produzir 2,8 milhões de doses, que devem começar a ser entregues em março. A previsão é que cheguem outros dois lotes em fevereiro, e que eles possibilitem a produção de 15 milhões ao todo. 

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