Em obra premiada, Dai Sijie indaga: por que ler clássicos, como Tolstói ou Shakespeare, que tratam de épocas e realidades tão distantes? Resposta está na mágica da fabulação – que constrói pontes improváveis e convida à combater o obscurantismo
Allan da Rosa e Dinha, dois poetas das quebradas, com doutorado na USP, mas que não se transformaram em eruditos de aquário. Eles apostam na poesia sofisticada, mas acessível, forjada na “teoria suada” da ação política e nos saberes do Nordeste e da África
Mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, ganha nova edição. Romance, femininamente áspero e ensolarado, convida a acompanhar a viagem a pé de uma jovem retirante, de SP a Pernambuco, em busca de sua ancestralidade nordestina
Após 15 anos, uma sequência do festejado Árido movie, de Lírio Ferreira. Acqua movie retrata um Nordeste violentado pelas oligarquias, mas também vai além do mundo rude e reacionário: mostra a beleza da ancestralidade e dos afetos
Sala histórica de SP é tema de documentário de Ricardo Calil. Nele, sem-teto recriam cenas de clássicos – em meio a ameaças de reintegração de posse. Um filme sobre o poder transformador do cinema, em confronto com a realidade bruta
Três expoentes da Literatura Hip Hop, que se inspiram mais no rap que em saraus. Inflamados, dão mais vazão às narrativas que a elementos formais da poesia e convidam à insurgência das periferias, para além da redenção individual
Do processo de impeachment à saída de Dilma, documentário tenta traçar perfil humano de presidenta golpeada e arredia — e capturar a desolação no palácio presidencial, espaço de sussurros e frieza, mesmo quando o país pega fogo
Filme retrata a história real de infiltrado da CIA nos Panteras Negras — e a jornada de Fred Hampton para unificar os oprimidos nos EUA: negros, latinos, religiosos e brancos… Mas o beijo da tradição (e a truculência do Estado) liquidam este sonho
Ela canta a condição da mulher negra e o amor distante, onde os corpos nunca se encontram. Ele exalta a lascívia e o futebol de várzea. Juntos, em Punga, representam uma geração que pôde mirar mais a liberdade estética que a denúncia social