Vacina contra dengue pode chegar em 2024

• Brasil se prepara para comprar vacina para dengue • Butantan prepara imunizante contra a zika • Covid em alta no Ceará; Ministério anuncia nova campanha • Estudantes e remédios psiquiátricos • A Sabesp foi privatizada, e agora? •

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O início do verão está próximo e o Ministério da Saúde procura se preparar para a prevenção da dengue, no ano que vem. É algo de extrema urgência: 2023 foi o segundo ano com mais casos da arbovirose desde 2000. A crise climática está acabando com a temporalidade da doença e o El Niño deve trazer fortes chuvas nos primeiros meses do ano que vem, o que aumenta a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Por isso, o Conitec, Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, está terminando sua avaliação para incluir a vacina Qdenga no SUS. O imunizante, produzido pela farmacêutica japonesa Takeda, protege de quatro sorotipos da dengue – 80% contra a doença sintomática e 90% contra hospitalizações. “Esse processo de incorporação poderá se constituir em uma alternativa importante para auxiliar no enfrentamento da doença, alinhada às demais estratégias já implementadas atualmente”, declarou a ministra Nísia Trindade. Mas há um porém: o altíssimo preço pelo qual está sendo vendida a Qdenga. São R$ 170 por dose, mais de duas vezes o valor das vacinas mais caras oferecidas pelo SUS. Por isso, o Conitec condicionou a compra a uma nova negociação com a Takeda. A Comissão iniciou, ontem, 7/12, uma consulta pública para a incorporação do imunizante no SUS. Fica aberta por 10 dias.

O Brasil produz seu imunizante

Espera-se que o uso da Qdenga no SUS seja temporário. Isso porque o Instituto Butantan está próximo de finalizar a produção de sua própria vacina contra a dengue, em parceria com a farmacêutica MSD. O imunizante está em fase 3 de testes, e os primeiros resultados mostraram uma eficácia de 79,6%. “A previsão para o término do estudo é 2024, quando o último participante completar 5 anos de acompanhamento”, afirma nota publicada em 22 de setembro.

Butantan também trabalha em vacina contra zika

Com a pandemia, todos os esforços do instituto paulista se voltaram à produção da Coronavac, vacina contra a covid. Nos últimos meses, as operações começaram a voltar ao normal, e com isso os estudos para a produção de um imunizante contra a zika, vírus também transmitido pelo Aedes aegypti. Os planos são de iniciar os testes com animais em agosto de 2024, informou O Globo. O Brasil enfrentou uma epidemia da doença entre 2015 e 2017. Nessa época, foi descoberta uma terrível particularidade da zika, que a diferencia dos outros vírus transmitidos por mosquito: a anencefalia em bebês cujas mães foram contaminadas. Deu-se o nome de Síndrome da Zika Congênita (SZC) ao conjunto de anomalias decorrentes da infecção da mãe pelo vírus. Mais de 15 mil crianças nascidas na época da epidemia apresentaram sintomas da SZC. Em pessoas que não estão gestando, a zika causa doença considerada leve, e 80% dos casos são assintomáticos. Isso permite que se faça algo inusual nas pesquisas para a vacina: os “ensaios de desafio”, quando se faz uma infecção controlada nos voluntários. Pode ser uma boa medida, já que o vírus está em transmissão muito mais controlada, hoje – o que dificulta os ensaios clínicos. 

Fim de ano e a covid

Foi identificada pela primeira vez no Brasil, no Ceará, uma subvariante da covid que já é responsável por 8,9% das infecções globais, a JN.1. O estado registrou um aumento de 5.000% de casos em um mês. A cepa já foi encontrada em vários municípios, mas principalmente em Fortaleza. Além do Ceará, ela já foi registrada no Mato Grosso do Sul e em São Paulo, o que significa que ela também pode estar presente em outros estados. Embora ainda se saiba pouco sobre a JN.1, a OMS analisou que parece não apresentar grave ameaça global. Por causa da nova variante e também pela proximidade das festas de fim de ano, o Ministério da Saúde decidiu antecipar o reforço da vacina bivalente contra a covid para idosos e pessoas com comorbidade acima de 12 anos. No Ceará, a cobertura vacinal da bivalente está em 19% e da monovalente em 70%. A pasta também disponibilizou uma equipe de vigilância sanitária para o estado, além de enviar um reforço de 900 tratamentos antivirais para serem usados em maiores de 65 anos e imunossuprimidos adultos.

Mercado paralelo de remédios psiquiátricos na USP

Uma reportagem do UOL revelou algo preocupante: há pessoas, supostos estudantes da USP, que vendem medicamentos psiquiátricos por whatsapp, sem receita médica. Em um grupo, chamado “tarja preta”, estão à venda calmantes e estimulantes, que são entregues na Universidade de São Paulo, no Butantã, e também nos campus das faculdades de Medicina e Saúde Pública. A saúde mental de jovens estudantes é algo que vem piorando consideravelmente, em especial nos últimos anos. O psiquiatra Bruno Cammarota afirmou ao UOL: “A pandemia triplicou o número de atendimentos, sobretudo entre os estudantes universitários, no qual observamos um crescimento relevante de casos de ansiedade e ataques de pânico”. Mas a automedicação é extremamente perigosa, afirmam especialistas ouvidos pela reportagem – podem causar intoxicação e dependência do remédio, entre outros riscos. “Inúmeras vezes recebi pacientes que estavam se medicando por conta própria. Eles tinham desenvolvido uma relação de dependência com a droga, não apenas química propriamente dita, como também afetiva, não conseguindo mais funcionar minimamente sem o remédio”, afirmou Sérgio Rocha, também psiquiatra. 

As águas de São Paulo, privatizadas

O que era temido, aconteceu. Nesta quarta-feira, 6/12, o projeto de lei referente à privatização da Sabesp foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), obtendo 62 votos favoráveis dos deputados e apenas 1 voto contrário. Trata-se da venda da maior parte das ações que pertenciam ao governo estadual. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo é a nona maior empresa de água e esgoto do mundo em população atendida e terceira maior em receita. Em entrevista ao Outra Saúde, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), José Faggian, alertou para o grande risco da privatização da companhia.

“É sempre bom enfatizar que o serviço de saneamento tem uma interface direta com a saúde da população. Em um serviço dessa natureza, quando você coloca como principal objetivo o lucro, inevitavelmente você vai ter risco de duas coisas. Você vai ter, primeiro, um aumento de tarifa para garantir essa lucratividade e, depois, uma piora na qualidade dos serviços para que ase maximize esse lucro. Isso a gente tem visto pelo mundo e em alguns exemplos aqui no Brasil, em situações onde o serviço de saneamento foi privatizado”, analisou. Em manifestação, também na quarta-feira, contra a venda da Sabesp, a presidente da Unidade Parlamentar (UP), Vivian Mendes, e outros quatro integrantes do partido foram detidos em ação truculenta da polícia militar. Ela foi solta no dia seguinte, mas ainda há dois presos. Segundo pesquisa do Datafolha feita no início do ano, 53% dos paulistas são contra a venda da Sabesp.

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