Saúde é a maior preocupação dos brasileiros com o país

• Brasileiros preocupam-se com saúde • Investimento no Complexo Industrial da Saúde • Lucros na saúde privada • Nova consulta sobre cigarros eletrônicos • EUA buscam diminuir preço dos remédios • Antídoto contra peixes venenosos •

Foto: NDMais
.

A saúde é a questão social que mais preocupa os brasileiros no momento, segundo os resultados de uma recente pesquisa do Datafolha. 23% dos entrevistados pela sondagem, realizada no último dia 5/12, apontaram-na como principal problema do Brasil. Em setembro, a saúde estava no centro das preocupações de 17% da população – e empatava com a segurança pública no primeiro lugar. Com o avanço de 6% em três meses, se descolou do outro tema, que por sua vez recuou para 10% dos ouvidos. A saúde já havia liderado o ranking durante todo o governo Bolsonaro, marcado pelo genocídio que vitimou 700 mil pessoas na pandemia da covid-19 e pelo desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS). Em dezembro de 2020, um dos momentos de auge do morticínio, 30% das pessoas declararam sua preocupação com o estado da saúde no país.

R$ 70 milhões para apoio à inovação nos segmentos de fármacos e dispositivos médicos

Na última reunião do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis), o governo anunciou novos investimentos que impulsionam o setor farmacêutico nacional. O Ministério da Saúde repassará R$70 milhões à Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) para a “execução de projetos de PD&I” e o “desenvolvimento tecnológico de novas soluções para a saúde”, segundo nota. A ideia é que os recursos viabilizem pesquisas voltadas para o desenvolvimento de “IFAs, fármacos, equipamentos médicos, além de novas soluções em biossegurança”, diz a empresa. O valor é importante – mas relativamente modesto. E o modelo pode ser melhor: como explicou o MCTI em nota da época da criação da empresa, “diferentemente da Finep, a Embrapii não [é] uma estatal, mas sim uma instituição com a gestão compartilhada entre os setores público e privado, com governança majoritariamente privada”. Por que não concentrar os recursos públicos voltados para pesquisas estratégicas para o país na Finep?

Operadoras de saúde voltam a registrar lucros

Dados divulgados no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, de responsabilidade da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), apontam: os empresários da saúde estão voltando a lucrar no país. As novas informações, relativas ao 3º trimestre de 2023, indicam um lucro de 1 bilhão de reais no período. Em 2022, o setor privado havia registrado um prejuízo bilionário – neste ano, somados os três primeiros trimestres, o lucro acumulado já está na casa dos R$3,1 bilhões. Porém, como Outra Saúde havia apontado ainda no início de 2023, só a especulação financeira está salvando as contas da saúde privada. No âmbito do resultado operacional, ou seja, das atividades efetivamente ligadas à prestação de serviços à saúde, as perdas seguem grandes – como já são desde 2021. A crescente dependência da financeirização segue uma das principais características dos atuais impasses na saúde suplementar.

Anvisa autoriza consulta pública sobre cigarros eletrônicos

Uma nota da Anvisa divulga que será realizada uma nova consulta pública sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil. É a nona ação nesse sentido em apenas quatro anos: antes, já foram promovidas duas audiências públicas em 2019, uma revisão sistemática e um parecer independente em 2020, três consultas dirigidas em 2021 e uma Tomada Pública de Subsídios em 2022. E a pressão da indústria do tabaco não para de crescer em favor da legalização do produto, que tudo indica ser danoso à saúde. Por enquanto, a abertura para contribuições ainda não significa que as posições mudaram: tanto a Anvisa quanto o Ministério da Saúde mantém sua defesa da “manutenção da proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar, o que inclui todos os tipos de cigarros eletrônicos” e da “proibição da publicidade e da divulgação, por meio eletrônico ou por meio impresso, ou qualquer outra forma de comunicação ao público, consumidor ou não desses produtos”.

Biden quer que NIH possa contornar patentes de remédios caros

Não só os países do Sul Global questionam as patentes farmacêuticas – os Estados Unidos também querem abaixar o preço dos remédios. Segundo a revista Science, o governo Joe Biden apresentou na semana passada uma proposta de ampliar o escopo dos march-in rights do Estado, que correspondem à prerrogativa de contornar os direitos patentários de medicamentos que façam uso de pesquisas realizadas com financiamento público. E por uma questão de soberania: a ideia é que os National Institutes of Health (NIH), centros estatais de desenvolvimento nos campos biomédico e farmacêutico, os ofereçam à população, sem depender das companhias farmacêuticas. A diretora dos NIH, Monica Bertagnolli, afirmou que “usará todas as ferramentas que puder com o objetivo de obter o acesso aos fármacos que nossos pacientes precisam”.

Para se proteger dos peixes venenosos

Um grupo de pesquisadores do Butantan está alcançando notáveis êxitos no desenvolvimento de soros contra peixes venenosos. Até agora, se mostraram eficazes os que combatem os efeitos do veneno de quatro espécies: o peixe-escorpião, o niquim, a arraia de rios da Amazônia e o bagre-amarelo – este último, presente em todo o litoral do Brasil. Os mais afetados por esse tipo de acidente, segundo relato à Revista Pesquisa Fapesp da bióloga que coordena a equipe, são pescadores do Norte e do Nordeste. O problema é agravado pelo fato de que muitos médicos não sabem reconhecer a causa dos ferimentos – muitas vezes, acreditam estar diante de cortes com vidro ou ferroadas de siris. Os 4 mil registros de acidentes do tipo em seis anos, afirmam os estudiosos, muito provavelmente não representam a totalidade dos casos. O fato de sua notificação não ser obrigatória ainda traz problemas para o real dimensionamento do problema no país, eles dizem.

Leia Também: