Um mês depois, governo repete promessa

Aumento expressivo nos testes de covid-19 já tinha sido anunciado em abril, mas nunca aconteceu

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Já ouvimos essa história antes. Um mês atrás, o Ministério da Saúde prometeu a ampliação do número de testes diários para covid-19, chegando a fazer entre 30 e 50 mil por dia. Na época, o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, anunciou que a Pasta iniciaria “em breve” a testagem de casos leves em cidades maiores.

Nada disso aconteceu. Ontem o filme se repetiu, mas com números mais vultosos: o mesmo Oliveira anunciou a intenção de aumentar de 2,7 mil para 70 mil a análise diária de testes. Não agora… Só entre junho e agosto. A ideia é que no mês que vem sejam processados 16 mil testes por dia na Fiocruz, cinco mil no Instituto de Biologia Molecular, no Paraná, e mais 50 mil na rede privada. Mais uma vez, há a previsão de ampliar a oferta para casos leves, em modelo de drive-thru em capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes. E, de acordo com o secretário, nas 222 unidades-sentinela do SUS todos os casos (leves e graves) vão ser testados. Cá entre nós, nas unidades-sentinela isso deveria estar acontecendo desde sempre; esse foi o argumento do ex-ministro Mandetta para sustentar que a testagem massiva da população não era necessária em termos de planejamento de políticas públicas, já que os resultados dessas unidades forneciam boas estimativas por amostragem.

O programa de testagem foi batizado de ‘Diagnosticar para cuidar’ e pretende começar zerando a fila de mais de 90 mil amostras que estão aguardando análise atualmente. Para novas coletas, vai haver duas estratégias: ‘Confirma Covid-19’ e ‘Testa Brasil’. A primeira se baseia em testes PCR (os que verificam a presença do vírus nos primeiros dias de infecção), e a segunda com os testes sorológicos (os testes rápidos, menos precisos, e que só devem ser usados a partir do oitavo dia de sintomas). Segundo Oliveira, a intenção é priorizar os PCR por serem mais precisos.

Tudo isso depende, óbvio, da entrega da totalidade daqueles 46 milhões de testes anunciados lá atrás. Como dissemos ontem, até agora só 5,1 milhões chegaram. Oliveira estima um cronograma de entrega dos exames PCR (4 milhões em julho, 4 milhões em julho, 3,2 milhões em agosto), mas admite que não garante nada. “Essa oferta está condicionada à oferta de insumos no mercado”, disse.

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