Tuberculose: RJ é foco de alta de casos no país

• O sedentarismo preocupante no Brasil • Desigualdade no risco de câncer • Greve na enfermagem em Portugal • Paralisação de jovens médicos no Reino Unido • Triste número de suicídios nos EUA •

Créditos: Agência Brasil.
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Pelo menos desde o ano passado, o Brasil vive uma alta nos casos de tuberculose. O estado do Rio de Janeiro, em especial, está vivendo um “cenário crítico” da doença. Segundo a Agência Fiocruz, o estado apresentou o maior risco de morte relacionada à doença em todo o Brasil, com uma taxa de 5 óbitos por 100 mil habitantes. Para Paulo Viana, da Fiocruz, a taxa de incidência de 68,6 casos por 100 mil habitantes também “é um dado alarmante”, que reflete principalmente “a complexa situação socioeconômica enfrentada por muitos moradores do estado”. Como noticiado recentemente no Outra Saúde, já existem caminhos para combater a tuberculose com mais eficácia. Um deles passa pela bedaquilina, medicamento que pode reduzir o tratamento da doença de 18 meses para 6 meses. Porém, a Johnson & Johnson, dona de sua patente, se recusa a suspendê-la, dificultando enormemente a ampliação do acesso ao fármaco em países mais pobres, onde se concentram os casos e óbitos.

Apenas 1/4 dos brasileiros faz o mínimo recomendado de exercícios físicas

Bastam duas horas e meia por semana de atividades físicas para que se cumpra o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas apenas 26% dos brasileiros fazem exercícios com essa regularidade, aponta um artigo publicado na revista científica Epidemiologia e Serviços de Saúde e divulgado na Folha de São Paulo. Com base nos dados da edição de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde, os pesquisadores também descobriram que 14% dos cidadãos fazem algum exercício, ainda que menos que o recomendado, e que alarmantes 60% são “inativos”, isto é, não se exercitam no tempo livre. Os idosos são os que menos se engajam nessas atividades – aumentando o risco de quedas e fragilidades. Os benefícios de fazê-las seriam diversos: “muitas doenças crônicas e mortalidade precoce poderiam ser evitadas se as pessoas cumprissem as recomendações da OMS”, diz um dos autores do estudo, pós-doutorando na USP. A pesquisa não chega a se aprofundar sobre os determinantes sociais que incidem sobre essas estatísticas.

Risco de câncer diminui no mundo, principalmente para ricos, diz estudo

Uma pesquisa do Centro Alemão de Pesquisa Sobre o Câncer (DFKZ) descobriu que o risco de contrair câncer está diminuindo no país, mas de forma desigual. A redução é mais pronunciada nas regiões mais ricas da Alemanha do que nas regiões carentes. “Os fatores sociais parecem desempenhar um papel maior” para essa diferença, opina uma das autoras do estudo, com o acesso ao emprego, à previdência social e à educação formal guardando forte relação com a probabilidade de se desenvolver a doença. Ampliando seu escopo, os pesquisadores do DKFZ identificaram que esse quadro não se restringe à Alemanha, se reproduzindo em escala global na dicotomia entre países no centro do capitalismo e países dependentes e no cenário interno de cada Estado. A América Latina, por exemplo, assim como outras regiões de renda média ou baixa, continua tendo uma incidência maior de câncer que a América do Norte e a Europa Ocidental. Mas não sem clivagens de classe: as mulheres pobres da Colômbia morrem de câncer de colo de útero cinco vezes mais que as mulheres mais ricas do país latino-americano.

Enfermeiros em luta em Portugal…

Em julho, uma greve dos enfermeiros do setor privado em Portugal trouxe uma novidade ao cenário político. Isso porque, como conta o People’s Health Dispatch, essa categoria poucas vezes se pôs no centro de lutas reivindicatórias. Em parte, isso acontece pela preponderância do sistema público, o SNS, na saúde portuguesa: dos 80 mil enfermeiros do país, apenas 15 mil trabalham na saúde privada. As reivindicações dos grevistas, aliás, remetem a essa situação: os trabalhadores do setor privado trazem como reivindicações a equiparação de sua jornada laboral – passando de 40 para 35 horas semanais – e de suas remunerações por trabalho em fins de semana e feriados com as do setor público. Sindicalistas alertam que a saúde privada portuguesa só cresce, e deve chegar em breve a um quarto da força de trabalho. Mas a organização dos enfermeiros vive um ascenso: Mário Macedo, liderança da plataforma Enfermeiros Unidos, projeta que devem crescer as ações de protesto “não só a nível nacional, mas junto de colegas de toda a União Europeia”.

… e jovens médicos em greve no Reino Unido

Mais ao norte da Europa, outra categoria dos profissionais de saúde segue em movimento. Pela quinta vez no ano, foi anunciada uma greve dos junior doctors do National Health Service (NHS) britânico, informa a BBC. A nomenclatura caracteriza os médicos que trabalham no sistema público de saúde do Reino Unido ao mesmo tempo em que fazem cursos de especialização, algo similar à residência médica no Brasil. A British Medical Association (BMA) afirma que a paralisação durará quatro dias. A entidade sindical reivindica que só um aumento salarial de 35% poderia cobrir as perdas inflacionárias dos últimos 15 anos, jamais repostas pela série de governos do Partido Conservador que comanda o país desde 2010. Com a precarização dos serviços e a indefinição das disputas laborais, a fila do NHS só aumenta: quase 8 milhões de pessoas, um recorde, estão à espera de atendimento. Quase meio milhão esperam há mais de um ano pelo cuidado da saúde pública. O secretário de Saúde, Steve Barclay, não se sensibiliza: “chamo a BMA a suspender imediatamente as greves”, disse o político tory à BBC.

EUA batem recorde de suicídios em 2022

49 mil pessoas se suicidaram nos Estados Unidos em 2022. É um recorde. Em termos proporcionais, a cifra de 14,9 óbitos a cada 100 mil pessoas registrada no ano passado superou a marca máxima anterior de 14,2 a cada por 100 mil, registrada em 2018. Em comparação com 2021, também houve um crescimento em números absolutos: de 48.183 mortes, o país passou a 49.449 suicídios no período de um ano. Mais da metade desses incidentes envolveu armas de fogo, segundo dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC), agência sanitária do governo federal estadunidense. À Reuters, o secretário de Saúde do país, Xavier Becerra, disse que “nove em cada dez americanos acreditam que os EUA estão passando por uma crise na saúde mental, e os novos dados do CDC ilustram o porquê”. Outro recorde fúnebre dos Estados Unidos no ano passado foi o maior número de mortes por overdose em sua história – mais de cem mil, no país com a maior economia do mundo.

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