Ainda a covid e suas variantes

• No Brasil, poucas crianças pequenas tomaram a vacina • Como oferecer cuidado a crianças indígenas • Bebidas açucaradas e câncer no fígado • Bloqueios à laqueadura na América Latina •

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Beta, delta, ômega… O alfabeto grego fez parte de nosso vocabulário pandêmico por um período. Com a rápida mutação do vírus, novas cepas de preocupação surgiam e mudaram os ventos, obrigando países a rever estratégias sanitárias. Isso aconteceu com alguma frequência até aparecer uma variante que, até agora, não pôde ser superada: a ômicron. Uma característica dessa nova cepa do vírus, de ser mais transmissível e causar uma doença mais leve, foi relevante para sua dominação. Nos últimos dias, o coronavírus voltou às manchetes, após a OMS classificar como preocupante uma nova subvariante da ômicron, de código EG.5. 

Na França, foi registrada uma nova epidemia da doença, favorecida pelas férias de verão no hemisfério norte, quando há aglomerações e festas. Segundo consta, a EG.5 hoje já tem maior prevalência nos Estados Unidos, sendo responsável por 17% dos novos casos. “Coletivamente, as evidências disponíveis não sugerem que a EG.5 tenha riscos adicionais à saúde pública em relação às outras linhagens descendentes da ômicron atualmente em circulação”, avisou a OMS. Ela parece ser, a princípio, ainda mais transmissível – mas é preciso que se estude melhor para fazer conclusões mais precisas. O que realmente preocupa a OMS, hoje, é o fato de que a maior parte dos países parou de relatar dados de hospitalizações e internações. A falta de informação pode atrasar uma resposta, caso haja uma virada muito forte na corrente…

Covid em crianças ainda preocupa

A OMS fez ainda um apelo para que os países não abandonem a vacinação contra a covid. No Brasil, é importante que esse alerta seja ouvido. Segundo um levantamento feito pelo Observa Infância, projeto da Fiocruz em parceria com o Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), apenas 10% das crianças de até 5 anos completaram o ciclo vacinal contra o coronavírus – hoje, três doses são recomendadas no total. Segundo O Globo, que recebeu em primeira mão os resultados do levantamento, a situação piora com crianças ainda mais novas. Entre os bebês de 6 meses a 2 anos, apenas 2,9% foram totalmente imunizadas. Daqueles que tomaram a primeira dose, só 10,4% voltaram ao posto de saúde para completar a vacinação. O problema principal é que essa faixa etária apresenta números altos de internação. Foram 2.764 em 2023 e 80 mortes de pequenos. Especialistas ouvidos pelo jornal afirmam que o ministério da Saúde precisa buscar comunicar-se especificamente com pais de crianças pequenas, ensinando sobre a importância da vacinação. De modo geral, segundo a avaliação da epidemiologista Carla Domingues, o governo precisa abrir novas frentes se quiser aumentar as taxas de imunização infantil. “Para cada localidade temos de pensar numa estratégia”, falou ao Outra Saúde.

“Carta de Manaus”: o cuidado com crianças indígenas

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou, na quarta-feira (9/8), a “Carta de Manaus: Em Defesa da Saúde da Criança e do Adolescente Indígena”, que estabelece cinco eixos de debates em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente. O documento, resultado dos 9º Fórum Nacional em Defesa da Saúde da Criança Indígena e do 1º Fórum de Saúde da Criança e do Adolescente Indígena da Região Norte, prioriza a saúde, a proteção contra violência e a garantia de direitos para crianças e adolescentes indígenas. A carta ressalta a necessidade de uma política de saúde indígena alinhada com as culturas locais e a criação de ferramentas educativas específicas. “O cuidado com a saúde necessita ser preventivo e não somente curativo, daí a necessidade de reconhecer na medicina as peculiaridades da saúde indígena respeitando sua cultura e criando ferramentas (cartilhas) de educação e informação com linguagem voltada à sua cultura”, descreve. Também enfatiza a importância de profissionais indígenas de saúde, a atenção à saúde mental, imunização, combate à violência, educação sexual e reprodutiva, e nutrição adequada, adaptada às tradições culturais. 

Refrigerante e suco de caixinha e sua relação com câncer de fígado

O consumo regular de bebidas adoçadas, como refrigerantes e sucos industrializados com açúcar, está associado a um maior risco de desenvolver câncer de fígado e de mortalidade por doença crônica hepática, segundo relata a Folha. Um estudo conduzido com mulheres pós-menopausa nos Estados Unidos descobriu que o risco de câncer de fígado é 85% maior em pessoas que consumiram uma ou mais latas de bebidas açucaradas por dia, em comparação com aquelas que consumiram três latas ou menos por mês. O estudo também revelou que o risco de mortalidade por doenças do fígado era 68% maior entre os que consumiam bebidas adoçadas diariamente. E a opção “zero” ou “sem açúcar” não resolve: o risco elevado também foi observado em relação a bebidas dietéticas, com um aumento de 17% no risco de câncer de fígado para aqueles que consumiam uma ou mais latas de refrigerante diet ou sucos adoçados artificialmente por dia. A Organização Pan-americana da Saúde defende que os países aumentem os tributos desse tipo de bebidas, para inibir o consumo e reduzir os danos à saúde pública.

Por que é tão difícil fazer uma laqueadura?

Na América Latina, mulheres que optam por não serem mães enfrentam desafios significativos ao buscar a laqueadura, um procedimento de esterilização cirúrgica. Embora seja mais de 99% eficaz na prevenção da gravidez e considerado seguro, muitos médicos recusam a cirurgia, especialmente para mulheres jovens sem filhos. Isso porque há uma característica importante da laqueadura: é irreversível. Segundo um levantamento da BBC News Brasil, mesmo em países onde é um direito reprodutivo garantido por lei, como Brasil, Colômbia, Argentina e Chile, muitas mulheres encontram obstáculos devido a preconceitos culturais, religiosos e médicos. Longas filas de espera em instituições de saúde pública contribuem para dificultar o acesso. A pandemia agravou a situação, reduzindo ainda mais o acesso a serviços contraceptivos permanentes para mulheres. Essas barreiras afetam especialmente mulheres de baixa renda e vulneráveis, tornando a esterilização acessível principalmente para aquelas que podem pagar por ela de forma privada. Além disso, muitas mulheres enfrentam julgamentos, desconfiança em relação às suas decisões e obstáculos de consentimento.

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