Os anúncios de Nísia na Marcha das Margaridas

• A crise dos opioides nos EUA • Covid comprometeu o coração de hipertensos • SP em emergência por gripe aviária • Anvisa cria câmara de registro de medicamentos • Saúde em municípios remotos •

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O ministério da Saúde destinará R$180 milhões para a qualificação de equipes multiprofissionais da Atenção Primária em Saúde para o atendimento de mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência, disse anteontem (15/8) a ministra Nísia Trindade. O anúncio ocorreu na Marcha das Margaridas, mobilização de movimentos sociais de mulheres do campo cuja 7ª edição se concluiu ontem. Como explica a Agência Brasil, 3,5 mil municípios com índices de vulnerabilidade social mais altos poderão ser contemplados pela iniciativa. Em fala dirigida à Marcha, que reuniu cerca de 100 mil participantes, Nísia também anunciou a retomada de iniciativas da Política Nacional de Educação Popular em Saúde e da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas. Ambas haviam sido descontinuadas no governo Bolsonaro. Além disso, será reinstituído o Grupo da Terra, instância responsável por “articular, monitorar e implementar ações decorrentes de acordos negociados entre o Ministério da Saúde e os movimentos sociais” do campo.

30% dos estadunidenses têm problemas com opioides

Os números são de uma pesquisa recém-lançada pelo centro de pesquisa em saúde KFF: 3 a cada 10 adultos nos Estados Unidos já sofreram com a dependência de opioides ou têm um parente dependente, conta matéria do New York Times. Os norte-americanos brancos, pobres e que vivem no meio rural foram os mais propensos a declarar sua dependência ou a de familiares – mas os números para as populações negra, hispânica, urbana e suburbana também não foram pequenos. Os negros, na verdade, foram os mais afetados no grande aumento nas mortes por overdose registrado nos últimos anos. Outro dado revelador da crise da saúde nos EUA é que menos da metade dos que desenvolveram distúrbios ligados ao abuso de substâncias tiveram acesso a tratamento adequado, diz o mesmo estudo. Só 20% dos 2,5 milhões de estadunidenses em que esses distúrbios se conectam com o uso de opióides puderam utilizar os medicamentos mais eficazes para esse fim – com as baixas taxas tendo raiz, principalmente, em problemas financeiros. As mulheres negras, adultas e desempregadas foram o segmento com menos acesso ao tratamento no país das 110 mil mortes anuais por overdose.

Pesquisa identifica lesões cardíacas pós-Covid em pacientes hipertensos

Um estudo do Rio de Janeiro identificou que o coronavírus causou lesões no coração de pessoas com pressão alta que tiveram covid-19, noticiou a Folha. O artigo científico que detalha as conclusões da pesquisa ressalta que nem todos os danos foram simples de identificar: 25% dos que tiveram sequelas não apresentaram sintomas típicos, como dores no peito ou palpitações, e as lesões em seus músculos cardíacos só foram reconhecidas pela presença elevada, em seu sangue, da troponina – uma proteína liberada pelas células do coração quando elas se rompem. Uma das autoras do estudo frisa que esses eventos não podem ser comparados com os casos de miocardite causados pela vacina: esta “é em geral mais leve, podendo desaparecer, enquanto a infecção pelo Sars-CoV-2 pode provocar casos de inflamação grave do miocárdio”, explicou. Para combater essas consequências, a pesquisadora indica um “olhar diferente para esses pacientes no momento de entrada hospitalar”.

São Paulo decreta estado de emergência por gripe aviária

Para conter o avanço da gripe aviária, o governo de São Paulo decretou estado de emergência durante um período de 180 dias. A medida foi implementada por orientação do governo federal, com base na identificação de 13 casos da doença pela secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento. Eles foram detectados em aves silvestres de 8 municípios paulistas: todos no litoral, com exceção da capital. Segundo o G1, a declaração de emergência zoosanitária permitirá ao estado acessar “um fundo de R$ 200 milhões para trabalhar no controle e prevenção” dessa gripe, recursos esses previstos em decreto do ministério da Agricultura. Formalmente, o Brasil segue sendo considerado um território livre de infecção pelo vírus da gripe aviária, já que ainda não houve diagnósticos confirmados em granjas – mas essa continua a ser uma das principais preocupações das autoridades, tendo em vista os efeitos negativos no agronegócio que decorreriam dessa situação.

Anvisa cria câmara técnica de registro de medicamentos

A portaria nº 875/2023 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de criar a Câmara Técnica de Registro de Medicamentos, a Cateme. Segundo nota do órgão federal, a nova instância ficará encarregada de “realizar estudos técnicos e emitir recomendações referentes ao registro de medicamentos e produtos biológicos”. A nota ressalta ainda que a medida “amplia a participação social no processo decisório da Agência”, já que as dez cadeiras da Cateme serão ocupadas não só por figuras do governo mas também por representantes da sociedade civil – os nomes já anunciados provêm de universidades, hospitais públicos e privados, entidades de defesa do consumidor e institutos de pesquisa como o INCA e a Fiocruz. A câmara técnica terá a prerrogativa de criar grupos de trabalho com a presença de convidados “que irão desenvolver discussões de temas mais específicos relativas ao registro de medicamentos e produtos biológicos”.

Saúde em municípios remotos é tema de novo livro da Fiocruz

A que particularidades de contextos sociais distantes dos grandes centros urbanos o SUS deve estar atento? É a pergunta sobre a qual se debruça Atenção primária em saúde em municípios rurais remotos no Brasil, último lançamento da editora Fiocruz. Temas como “força de trabalho em saúde, o trabalho de agentes comunitários de saúde e a necessária interlocução entre serviços de APS e a comunidade” são algumas das questões presentes nos estudos reunidos no novo volume, aponta a Agência Fiocruz. As pesquisas abordam os desafios concretos de regiões como o Semiárido, o Matopiba e o Norte de Minas Gerais, entre outras localidades brasileiras menos assistidas pelo Estado. Os estudos sobre comunidades remotas de Ligia Giovanella, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fiocruz e uma das organizadoras da obra, já haviam sido objeto de reportagem do Outra Saúde.

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