Trabalhadores do NHS veem piora do serviço de saúde no Reino Unido

• Gilead segurou medicamento para manter patente • A relação entre a pandemia e o aumento de diabetes • Teste M-chat para autismo no Rio • Mudança no esquema vacinal da pólio • Chat GPT na medicina •

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O sistema de saúde pública britânico está piorando ao longo dos últimos cinco anos, segundo seus trabalhadores. O instituto de pesquisa YouGov inquiriu 1.058 funcionários do National Health Service (NHS) e descobriu que 71% deles acredita que não têm tempo suficiente para tratar os pacientes como gostaria – 37% sentem que precisariam de muito mais tempo disponível para cada pessoa. 57% também acreditam que a qualidade do cuidado que oferecem diminuiu, desde 2018. A presidente da Academy of Medical Royal Colleges, Jeanette Dickson, afirmou ao jornal The Guardian que é “extremamente frustrante, não apenas para as pessoas que precisam de tratamento, mas também para a equipe do NHS que realmente deseja passar mais tempo com os pacientes para que possa oferecer cuidados de melhor qualidade”.

Esses números refletem o tensionamento do sistema público de saúde no pós-pandemia, mas sobretudo as políticas de “austeridade” e o desfinanciamento que o NHS atravessa nas últimas décadas. Trabalhadores da saúde no Reino Unido vêm fazendo greves e manifestações para exigir salário digno, que não tem sido reajustado segundo a inflação galopante no país. Mais recentemente, o governo britânico anunciou um plano de longo prazo para recompor a força de trabalho, mas sofreu críticas das organizações por  ignorar problemas relacionados aos seus direitos. Embora em más condições de trabalho, 73% dos funcionários que responderam à pesquisa afirmam se orgulhar de fazer parte do NHS.

Gilead atrasou desenvolvimento de remédio contra HIV para segurar monopólio

O sistema de patentes dos Estados Unidos cria incentivos para as empresas desacelerarem a inovação. É o que fica evidente com uma denúncia feita por pacientes que vivem com HIV contra a Gilead Sciences. Documentos internos, divulgados em litígios contra uma das maiores farmacêuticas do mundo, revelam que a empresa atrasou por quase dez anos o desenvolvimento de um novo medicamento contra o HIV para maximizar seus lucros. Embora alegasse publicamente que o medicamento não era suficientemente diferente para justificar a pesquisa, a verdadeira razão da farmacêutica era proteger o monopólio lucrativo de tratamentos existentes baseados no tenofovir, segurando o novo remédio até o momento em que a patente do anterior expirasse. 

A estratégia visava permitir que a empresa mantivesse os preços altos e evitasse a concorrência de genéricos mais baratos. Em um memorando interno, a Gilead estimava que poderia aumentar sua receita em 1 bilhão de dólares em seis anos se atrasasse a nova versão até 2008 – a droga ficou indisponível ao grande público até 2015. Depois de atualizado, o remédio tinha potencial para ser menos tóxico para. Isso gerou ações judiciais de cerca de 26 mil pacientes que alegam terem sido expostos desnecessariamente a problemas renais e ósseos. 

O que explica o aumento de diabetes em jovens após a pandemia?

Um estudo com mais de 38 mil jovens confirmou que a pandemia de covid provocou um aumento nos casos de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes. Inicialmente, os pesquisadores pensavam que o aumento era causado pelo próprio vírus, mas descobriu-se que isso provavelmente não era verdade. A incidência de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes com menos de 19 anos foi cerca de 14% maior durante o ano de 2020, o primeiro ano da pandemia, em comparação com o ano anterior. No segundo ano da pandemia, a incidência aumentou ainda mais, chegando a 27% a mais do que em 2019. Os pesquisadores ainda não sabem o que causou esse aumento repentino e sugerem que o sistema imunológico pode estar sendo afetado por fatores ambientais ou mudanças no estilo de vida, além de outras razões como dieta e obesidade. Essas descobertas fornecem novos mecanismos para os pesquisadores explorarem as causas da diabetes tipo 1 em crianças.

Rio oferecerá teste para descoberta precoce de autismo

O prefeito Eduardo Paes sancionou uma lei que institui o Programa Municipal de Descoberta de Sinais Precoces de Autismo no Rio de Janeiro. Conforme a norma, será aplicado o teste escala M-chat em crianças entre 1 ano e 4 meses e 2 anos e meio de idade, seguindo a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Essa é uma ferramenta de triagem usada para ajudar a identificar sinais precoces de autismo em crianças nessa faixa etária. O M-Chat detecta possíveis comportamentos e características associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) para que uma avaliação mais completa possa ser realizada por profissionais especializados. O programa visa aprimorar o tratamento e coletar dados estatísticos sobre o TEA na cidade. Responsáveis serão devidamente informados sobre a relevância da identificação precoce e dos diferentes graus de probabilidade do autismo, conforme classificação da escala M-Chat. 

Por que a vacina da pólio não vai mais ser em gotinha?

O Brasil está realizando uma mudança no esquema de vacinação contra a poliomielite, substituindo a vacina oral (VOP) pela vacina injetável (VIP) para crianças menores de 1 ano. A mudança foi baseada em recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), visando reduzir o risco de casos derivados da vacina, que têm sido mais comuns do que casos causados pelo vírus selvagem da pólio. A vacina injetável é considerada mais segura, pois é feita com um vírus inativado, eliminando o risco de mutação e disseminação. O novo esquema de vacinação entrará em vigor a partir de 2024, com quatro doses da vacina injetável administradas aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade. A baixa cobertura vacinal ainda é uma preocupação, pois pode permitir que a doença volte a circular. A poliomielite é uma doença contagiosa que pode causar sequelas motoras, e as medidas preventivas incluem lavar as mãos, ter cuidado com alimentos e beber água tratada.

As questões em torno do uso do Chat GPT para ensino de medicina

Médicos no Centro Médico Beth Israel Deaconess em Boston estão utilizando a inteligência artificial, representada pelo chatbot GPT-4 da OpenAI, para auxiliar em diagnósticos médicos. A ideia é que estudantes de medicina possam utilizar o chatbot para obter insights semelhantes a consultas informais entre médicos experientes. GPT-4 foi testado em casos difíceis e superou a maioria dos médicos em desafios diagnósticos. No entanto, os professores reconhecem que é importante utilizar a IA corretamente e que ela pode cometer erros – muitas vezes até “delírios”, que precisam ser identificados. Alguns médicos temem que os estudantes possam depender excessivamente da IA em detrimento do desenvolvimento de suas habilidades de raciocínio médico. A utilização adequada do chatbot envolve apresentar o caso de maneira adequada e saber quando confiar em suas respostas.

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