Reino Unido: o erro no novo plano de recomposição do trabalho em saúde

• Observatório do SUS • Hepatites virais aumentam no Norte e Nordeste • Luta contra pobreza menstrual em Gana • Efeitos das mudanças climáticas na Caatinga •

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Organizações de trabalhadores da saúde e ativistas criticaram o plano de longo prazo do governo britânico para a força de trabalho da saúde por ignorar problemas relacionados aos direitos trabalhistas. O plano, anunciado em 30 de junho, tem como objetivo abordar a escassez crônica de trabalhadores da saúde nos próximos 15 anos e prevê um investimento de £ 2,4 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) nos próximos cinco anos para impulsionar os programas de aprendizagem e a educação médica na Inglaterra. No entanto, as organizações de trabalhadores da saúde e os ativistas criticam o plano por não abordar as demandas dos sindicatos de trabalhadores da saúde por aumentos salariais para compensar cortes e congelamentos implementados nos últimos anos. 

Eles afirmam que melhorar as condições de trabalho e garantir aumentos justos são medidas essenciais para enfrentar a escassez atual de trabalhadores da saúde. Ativistas alertam que ações imediatas devem incluir um aumento salarial justo e investimentos nos locais de trabalho existentes para reter tanto os trabalhadores antigos quanto os novos. Além do Reino Unido, outros países do Norte Global, como França, Alemanha, Canadá e Estados Unidos, também enfrentam problemas relacionados à falta de trabalhadores da saúde, mas as soluções propostas não levam em consideração o papel das políticas de austeridade que agravaram o problema ao longo das décadas. Além disso, essas soluções ainda dependem fortemente da contratação internacional de profissionais de saúde, ignorando os alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as consequências desastrosas para os sistemas de saúde do Sul Global. Essas abordagens podem alimentar ainda mais a migração de trabalhadores de regiões empobrecidas para países do Norte Global, exacerbando ainda mais a escassez de profissionais em regiões mais vulneráveis.

Fiocruz cria observatório do SUS

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou o Observatório do Sistema Único de Saúde (SUS), um espaço para discutir soluções e desafios relacionados ao sistema de saúde pública do Brasil. O observatório terá a participação de acadêmicos, gestores públicos, representantes de movimentos sociais, trabalhadores e usuários do SUS, visando abordar problemas crônicos e emergentes. Inspirado em outros observatórios na área da saúde, como o da covid-19, o observatório buscará produzir uma visão abrangente sobre os temas discutidos, permitindo diferentes pontos de vista. O primeiro seminário será realizado em 1° de setembro, com foco no financiamento do SUS, em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Durante o lançamento, foram destacadas ameaças e oportunidades para o SUS, incluindo retrocessos políticos, subfinanciamento crônico, pressões para enfraquecer o sistema e a importância de fortalecer a atenção primária.

Hepatites virais: o problema das desigualdades regionais

Um estudo da Universidade Tiradentes revelou que, nas últimas duas décadas, a taxa de mortalidade por hepatites virais no Brasil diminuiu de 8% para 4% ao ano. No entanto, as regiões Norte e Nordeste apresentaram um aumento de cerca de 5% ao ano na mortalidade por hepatite crônica, indo na contramão do restante do país. O estudo destacou que as hepatites B, C e Delta podem evoluir para formas crônicas, cirrose hepática e câncer de fígado. Os estados do Acre e Amazonas foram os que registraram as taxas mais altas de mortalidade por hepatite viral crônica. A pesquisa também apontou que diferenças no acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento podem ter contribuído para as disparidades regionais. A Sociedade Brasileira de Hepatologia decidiu tornar permanente a campanha de conscientização e combate às hepatites virais, e planeja estender ações de diagnóstico, tratamento e prevenção em todo o país.

Gana exige: não taxem minha menstruação

Gana, na África Ocidental, está enfrentando uma severa crise econômica, e os custos de vida crescentes pressionam a população mais pobre do país. Essa crise generalizada, que dificulta até mesmo a compra de bens essenciais básicos, tem um impacto desproporcional em grupos vulneráveis como as mulheres. Por isso, ativistas ganesas ligadas à ala feminista do Movimento Socialista de Gana (SMG), em colaboração com as ONGs Yebetumi e Obaasima, estão organizando marchas e desfiles. O tema central: “Não taxem minha menstruação”. Elas lutam contra os altos impostos sobre produtos menstruais, que em Gana são de 20% na importação e um adicional de 12,5% a 15% de Imposto sobre Valor Agregado. As ativistas argumentam que esses produtos devem ser considerados bens essenciais, com os tributos zerados. Elas também ressaltam a importância de se abordar a menstruação como uma questão política, social e de saúde pública, em vez de relegá-la a um problema exclusivamente feminino. 

O Brasil também sobretaxa os produtos menstruais, essenciais para o dia a dia de metade de sua população. Apesar de os absorventes higiênicos serem isentos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), eles estão sujeitos a uma carga tributária média de 34,48%. Isso ocorre devido à aplicação de diferentes impostos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com alíquotas entre 18% e 25%, o Programa de Integração Social (PIS) com taxa de 1,65% e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) com taxa de 7,6%. Esses dados foram divulgados pelo Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo. Importante dado em tempos de discussões sobre a Reforma Tributária…

A Caatinga deve perder árvores e vegetação rara, com mudanças climáticas

Um estudo realizado por pesquisadores de diversas universidades brasileiras revelou que as mudanças climáticas podem ter sérias consequências para a biodiversidade da Caatinga. Segundo matéria publicada na revista Galileu, o bioma, que já é árido, tende a se tornar ainda mais seco no futuro, levando à perda de espécies, substituição de plantas raras por outras mais generalistas e homogeneização da paisagem em cerca de 40% da região. Os cientistas compilaram um banco de dados com mais de 400 mil registros de ocorrência de plantas da Caatinga e utilizaram modelos estatísticos e inteligência artificial para projetar as possíveis respostas das espécies às mudanças climáticas. 

Os resultados indicam que 99% das comunidades de plantas da Caatinga sofrerão perda de espécies até 2060. As árvores serão substituídas por vegetação de baixo porte, como gramíneas, devido ao clima mais quente e seco. Essas mudanças terão impacto nos serviços ecossistêmicos fornecidos pela vegetação, como a fotossíntese e o armazenamento de carbono. As áreas montanhosas serão especialmente afetadas, com deslocamento das espécies das baixadas para regiões mais altas e extinção das espécies das partes mais altas. Os pesquisadores ressaltam a importância de estratégias de conservação em longo prazo e de projetos que promovam a recuperação da conectividade da paisagem para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e evitar impactos adicionais causados pela atividade humana, como o desmatamento e a degradação do solo.

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