O colapso das correntes oceânicas

• Aquecimento global interfere nas correntes oceânicas • Regulação de propaganda de alimentos que fazem mal • Emergência zoosanitária em mais quatro estados • Operações cardíacas à distância com sucesso • Câncer de pescoço em alta •

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A cadeia de efeitos incontroláveis do aquecimento global abrange uma série de alterações nos ciclos da terra, muitos deles ainda desconhecidos. Um dos efeitos até hoje pouco comentados no debate público é a mudança das correntes oceânicas, que em condições normais sempre detiveram cerca de 90% do calor global. A hipótese é aventada em artigo publicado na revista Nature Communications pelos irmãos dinamarqueses Peter Ditlevsen e Susanne Ditlevsen, a partir de padrões estatísticos sobre os registros históricos do movimento dos mares no Atlântico Norte e projeções matemáticas de alta complexidade. A novidade é que pelo método aplicado pelos pesquisadores, a probabilidade de alteração das correntes marítimas é de 95% até o fim do século.

Os dados são relacionados ao Atlântico Norte devido a maior facilidade em financiar pesquisas e coletar dados. Ainda que a metodologia possa ser considerada incompleta, há pouco a contestar sobre a mudança dos padrões da maré oceânica desta parte do mundo e seus efeitos no resto da Terra parecem consequência evidente. De acordo com o estudo, o sistema de correntes marítimas está mais vagaroso do que antes, o que gera efeitos no norte, que pode sofrer com ondas de frio mais rigoroso, e no sul do mundo, que tende a ficar ainda mais quente. “Não vejo a publicação de Ditlevsen & Ditlevsen como uma contradição ao último relatório do IPCC ou a outros trabalhos que o antecederam, mas como mais um passo na direção de projeções mais acuradas”, afirmou Marilia Campos, pesquisadora visitante do Instituto de Geociências da Unicamp com ênfase em Mudanças Climáticas, em reportagem do G1.

Anvisa poderá regular propaganda de alimento não saudável

Jorge Messias, Advogado Geral da União, validou parecer da Controladoria Geral da União que reconhece autoridade da Anvisa em regular publicidade de alimentos ultraprocessados e de baixo teor nutricional. A querela teve origem em ação do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que contestava o papel da agência, ou seja, pretendia liberar a publicidade de tais produtos sem o devido esclarecimento dos danos à saúde que podem causar. O assunto tem potencial de chegar ao STF. Por ora, não se restringe o direito de propagandear o consumo de tais produtos, mas reconheceu-se a competência da Anvisa em disciplinar essa publicidade, de maneira que haja esclarecimentos a respeito de sua nocividade.

Mais quatro estados decretam emergência zoossanitária

Após Santa Catarina, os estados de Bahia, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Tocantins declararam estado de emergência zoossanitária devido ao surto de gripe aviária que chegou ao hemisfério sul no outono. “Essa ação articulada entre os Estados e o governo federal é um jeito de mostrar nossa responsabilidade com a produção de aves e respeito aos grandes produtores. Mas, também, à produção em pequena escala, que vai desde o produtor de quintal a uma granja de menor porte. Ou seja, ao sistema da produção de alimentos e à economia nacional”, afirmou o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues. Com isso, os estados podem acessar verbas federais para promover ações de controle sanitário e combate ao vírus. O decreto federal de 22 de maio sobre a emergência prevê a liberação de cerca de R$ 200 milhões para tais ações.

Novo método permite operações cardíacas a distância

Um projeto desenvolvido pelo Instituto do Coração, vinculado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, com apoio do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), conseguiu realizar cirurgias à distância em crianças com problemas cardíacos. Enquanto especialistas orientavam as cirurgias através de câmeras e microfones acoplados, médicos locais executavam o procedimento. A tecnologia pode ser útil para diminuir a fila de pacientes à espera de cirurgias que moram fora dos grandes centros, que concentram os principais hospitais do país. São cerca de 30 mil crianças com cardiopatias congênitas no Brasil e pelo menos 70% precisariam de intervenção cirúrgica. O experimento já realizou 16 procedimentos, todos no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão – e bem sucedidos. “A interação, integração entre as equipes foi muito boa. Tecnicamente, nós tivemos condições de acompanhar com muito detalhe o que estava acontecendo na Universidade Federal do Maranhão. As imagens foram muito boas, a possibilidade de diálogo e discussão do caso durante a realização da operação também foi muito produtiva”, analisou Fabio Biscegli Jatene, vice-presidente do Incor, em reportagem da BBC Brasil.

Câncer de pescoço e cabeça em alta

Dados do Instituto Nacional do Câncer indicam uma alta de tipos de câncer um pouco menos frequentes: aqueles relacionados à laringe, faringe, boca e partes mucosas da cabeça. O INCA prevê cerca de 120 mil casos até 2025 e alerta que os números entre jovens surpreendem. Antes relacionados a álcool e tabagismo, agora as neoplasias podem ser mais uma trágica expressão do negacionismo científico e moralismo a respeito da educação sexual, uma vez que o HPV é a novidade que explica a alta. “Quando falávamos de prevenção de câncer de cabeça e pescoço há 30 anos, era evitar cigarro e beber, alimentar-se bem. Agora, são todos esses hábitos e a vacinação contra HPV, que, infelizmente, sabemos que não está indo tão bem, apesar de estar disponível na rede pública”, disse o médico oncologista Luiz Paulo Kowalski.

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