Sobre o câncer

Nos Estados Unidos, os planos que cobram altas taxas para a realização de procedimentos atrapalha o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama

Créditos: Department of Pathology, Calicut Medical College

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SOBRE O CÂNCER

“Marcos superlativos”: Na Folha, Claudia Colucci fala dos dez anos do Instituto do Câncer de São Paulo, instituição 100% pública que tem hoje o maior parque radioterápico e o maior laboratório de pesquisas sobre a doença. Com 500 leitos, 28 andares e 84 mil metros qudrados, ele já atendeu 94 mil pessoas, e 45 mil ainda estão em tratamento. O diretor-geral, Paulo Hoff, diz que os projetos de pesquisa desenvolvidos por lá levam ao uso de tecnologias avançadas e permitem que pacientes do SUS tenham acesso a tratamentos de ponta. Mas afirma que o sucesso esbarra no diagnóstico tardio – mais de metade dos pacientes já chega com câncer em estágio avançado.

Tem alerta sobre isso vindo também da Sociedade Brasileira de Mastologia. De acordo com ela, 70% dos casos de câncer de mama diagnosticados levam à mastectomia, e esse percentual só é tão alto devido à demora no diagnóstico.

A demora não é só no Brasil, e uma reportagem do New York Times mostra como, nos EUA, os planos que cobram taxas altas para a realização de exames influenciam nisso, segundo resultados de um estudo recente. O foco foi justamente o câncer de mama.

E depois do diagnóstico, o tratamento convencional – com quimioterapia, radioterapia ou cirurgia – deve ser acompanhado de exercícios físicos, recomendam enfaticamente pesquisadores australianos. A Sociedade de Oncologia Clínica da Austrália lançou essa posição em uma declaração endossada por 25 instituições de saúde e câncer – e é a primeira vez que pesquisadores se esforçam para fazer dos exercícios uma parte essencial do tratamento. “Se os efeitos do exercício pudessem ser encapsulados em uma pílula, ela seria prescrita para todos os pacientes com câncer em todo o mundo e vista como um grande avanço no tratamento do câncer”, diz a principal autora, a professora Prue Cormie, da Australian Catholic University.

PACOTE DO VENENO

O conjunto de projetos de lei que revogam a atual lei de agrotóxicos deve ter seu relatório votado amanhã. Mas o subprocurador-Geral da República Nívio Silva Filho encaminhou ao Congresso uma nota técnica afirmando: há inconstitucionalidades no texto (a íntegra da nota está aqui). E o Conselho Nacional de Saúde já se posicionou contra.

FALTA BCG

Mas não no SUS, diz o Estadão. Na capital paulista, a  vacina – que protege recém-nascidos contra tuberculoses e costuma ser dada antes da alta hospitalar – está em falta em maternidades e centros de imunização particulares, que aconselham as mães a procurarem a rede pública. O problema está na produção. A Fundação Ataulpho de Paiva, que fornece a vacina, teve que parar a produção no fim de 2016 por falhas nas boas práticas, e a comercialização só deve voltar este mês. O Ministério da Saúde também compra normalmente desse laboratório, mas, com a suspensão, tem importado do indiano Serum.

O POLÍTICO E A PÓLIO

Em matéria que resume a história da vacina contra a pólio, a BBC mostra como um ilustre paciente impulsionou as pesquisas. Franklin Roosevelt foi diagnosticado com a doença em 1921, anos antes de se tornar presidente. A poliomelite já existia desde muito tempo antes – e a maior especialista do século anterior havia sido uma mulher, a médica francesa Mary Putnam -, mas só depois de Roosevelt a coisa deslanchou. Depois de assumir a presidência, em 1933, ele criou uma comissão e, mais tarde, uma fundação de pesquisa, que receberam grandes doações. A vacina Sabin só veio duas décadas depois.

CONTROLE DE QUALIDADE

O sêmen de homens do mundo todo está pior, e vai continuar piorando, em relação à quantidade de espermatozoides, sua forma e sua capacidade de se mover. A BBC conta que a qualidade vem caindo pelo menos desde os anos 1930 e que, hoje, isso é responsável por metade dos casos de infertilidade conjugal. Não se sabe ao certo por que a queda acontece, mas suspeita-se que tenha a ver com álcool, cigarro e substâncias químicas presentes em pesticidas, solventes e plásticos.

Da parte das mulheres, o problema pode estar relacionado à alimentação. Um estudo publicado na Human Reproduction aponta que mulheres que comem muita fast food e pouca fruta têm mais dificuldade de engravidar.

RETROCESSO…

Esse tem a ver com gravidez e vem dos Estados Unidos. O governador do estado de Iowa, Kim Reynolds, assinou na sexta-feira a legislação mais restritiva do país em relação a aborto. O texto proíbe a prática a partir do momento em que se detecta alguma batida de coração do feto, o que geralmente acontece na sexta semana. O aborto a partir da 20ª semana já era proibido no estado. “Isso é mais do que apenas uma lei. Isso diz respeito à vida”, disse o republicano.

… E PROGRESSO

Trans e travestis vão deixar de ser condições enquadradas como transtornos mentais pela OMS. Os termos continuam na CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), mas como  “condições relativas à saúde sexual”. Segundo a Organização, é preciso mantê-los na CID para que não se percam políticas públicas em alguns países.

PROCURAM-SE VOLUNTÁRIOS

Quem está recrutando é a UFMG, que vai comparar dois medicamentos para a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). Já falamos dela por aqui – o tratamento impede a infecção. No experimento, um grupo de voluntários vai receber um remédio que hoje precisa ser importado, enquanto outro vai tomar o que é produzido no Brasil e é considerado equivalente.

MAIS ESTUDOS

Abrasco divulgou o posicionamento do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan) sobre mudanças propostas no tratamento da doença. A ideia é unificar protocolos e prescrever os três medicamentos já usados hoje por um período de seis meses. A Sociedade Brasileira de Hanseníase foi contra, por entender que não há estudos suficientes que apoiem a mudança; para o Morhan, é preciso que a OMS se posicione sobre a segurança da medida antes que ela seja implementada e que, se ela for levada adiante, haja medidas protetivas aos pacientes.

MUDARAM PARA MELHOR

“Os hospitais costumavam cheirar a urina, evacuações e vômitos. Um fedor repugnante permeava as salas cirúrgicas; era tão forte que às vezes os médicos entravam com lenços apertados no nariz”: no livro De charlatões a cirurgiões, a historiadora britânica Lindsey Fitzharris conta como foi mudando essa situação no mínimo nojenta, e o texto do El País espanhol dá uma palhinha do conteúdo. A história é centrada naquele que, para a autora, é o personagem principal dessas grandes transformações no século 19 – o médico Joseph Lister, que inventou a antissepsia hospitalar.

PARA ASSISTIR

Como ser autista. Este é o nome da obra vencedora do Spectrum Art Prize 2018, prêmio voltado a artistas com autismo que vivem no Reino Unido. No vídeo, a artista visual Charlotte Amelia Poe aparece em seu quarto, enquanto sua voz descreve problemas que podem ser vividos por pessoas com o espectro. “Você vai se agarrar às bordas de mesas e se remexer em sua cadeira e tentar não desmaiar, enquanto uma outra onda de pânico te atravessa. Você vai vomitar nos seus sapatos. Não vão permitir que você vá para casa”, diz.

E o papel dos movimentos sociais na garantia do direito à saúde é tema deste vídeo do Observatório de Análise Política em Saúde. As falas de representes do Coletivo de Luta contra Aids, hepatite e HTLV, da Frente de Saúde Unidade Suburbana, do Levante Popular, dos Médicos pela Democracia, do Odara – Instituto da Mulher Negra e da Reserva Indígena Taf-Né – só para citar alguns – são costurados pelos versos do repentista Bule-Bule.

Mais um: está disponível a transmissão do evento sobre os 30 anos do SUS realizado pelo ICICT/Fiocruz. A conferencista foi Sonia Fleury.

AGENDA

Esta semana estreia o documentário O Renascimento do Parto 2. Neste link tem as cidades onde há exibições confirmadas entre os dias 10 e 16, mas sessões especiais de pré-estreia, seguidas de debate, acontecem a partir de hoje, e a lista delas está aqui.

E, comemorando os 200 anos de nascimento de Marx (o aniversário foi dia 5), o Instituto de Medicina Social da Uerj exibe amanhã de manhã o filme O Jovem Karl Marx. 

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