PÍLULAS | Surto de hepatite infantil pode ter relação com a covid

• O papel do garimpo na disseminação da malária entre os yanomami • Brasil cego aos agrotóxicos • Subnotificação de óbitos pela covid • Ômicron e reinfecção • Novo livro de Drauzio Varella • Cirurgia à distância? • Licença do trabalho por dores menstruais • Aquecimento global afeta crianças no Semiárido • Varíola do macaco na Europa •

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À medida que os casos agudos da doença avançam – o surto mais recente de hepatite já atingiu mais de 300 crianças de mais de 20 países e regiões do mundo – pesquisas também lançam mais hipóteses sobre as causas do surto. O estudo mais recente encontra relação entre a doença em crianças e a contaminação prévia por covid. Na sexta-feira (16/5) um trabalho foi publicado na revista Lancet mostrando que há indícios de que as crianças infectadas pela Sars-CoV-2 podem desenvolver reservatórios do vírus no intestino, levando a uma inflamação intensa no fígado que causa “anomalias imunológicas”. A infecção pelo adenovírus, geralmente, causa apenas um resfriado comum – mas, ao alcançar um intestino debilitado, o vírus pode causar a infecção exagerada que está preocupando as autoridades de saúde em todo o globo. Em Israel, levantamento mostrou que, de 12 crianças acometidas pela doença rara, 11 haviam se contaminado por covid.


Desmatamento e garimpo agravam disseminação da malária

O ministério da Saúde lançou um plano para que o país aplique uma série de esforços para erradicar a transmissão local da malária até 2035. A estratégia consiste em metas graduais para eliminar a transmissão da malária falciparum – espécie mais letal da doença – e depois apostar na prevenção. Marcia Castro, chefe do Departamento de Saúde Global e População, de Harvard, elenca os cinco principais desafios da proposta, entre elas, a expansão da atenção primária do SUS com foco para o melhor acesso em terras indígenas na Amazônia. Porém, o combate também esbarra no esforço diário do atual governo para desmontar a legislação ambiental, promover o desmatamento e facilitar o garimpo. De 2007 a 2018, em média, 13% dos casos de malária foram observados em áreas indígenas e 5% em áreas de garimpo, números que saltaram para 31% e 10% de 2019 a 2021. E um relatório da Hutukara Associação Yanomami, lançado há um mês, mostra a relação direta da expansão garimpeira, os recordes de doença e o aumento da desnutrição. Entre 2014 e 2020, os casos de malária falciparum cresceram 716 vezes em TIs yanomami.


Governo Bolsonaro esconde contaminação por agrotóxicos em alimentos

Desde 2020, os brasileiros não têm como saber quanto de resíduos de agrotóxicos estão em sua comida, segundo a Repórter Brasil. Isso porque a Anvisa não realiza testes em alimentos desde 2019, quando foi publicado o último relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) – isto é, com amostras de 2017 e 2018, anteriores ao governo Bolsonaro. De 2019 a 2022, o Ministério da Agricultura liberou 1.560 novos agrotóxicos para uso em atividades agrícolas ou não, com uma média anual de aprovação de 500 novos produtos; no total, 4.644 substâncias tóxicas são permitidas hoje no Brasil. Na última edição publicada do relatório, produtos como laranja, pimentão e goiaba foram os principais alimentos com o nível de agrotóxicos acima do limite.


Covid: mais um estudo mostra subnotificação de mortes no Brasil

Pesquisadores da UFMG analisaram o número de óbitos em três capitais brasileiras – Belo Horizonte, Salvador e Natal – e concluíram que o total de mortes registradas por covid está subestimado em pelo menos 18%. Os cientistas cruzaram dados sobre mortalidade – 1.365 atestados de óbitos – e informações de laudos médicos. Um dos motivos apontados pelo estudo é que, muitas vezes, os exames ficaram prontos somente após os óbitos, e os médicos registravam a causa da morte a partir de fatores ainda mal definidos. Nos registros oficiais, entre as justificativas dos óbitos estão a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), pneumonia não especificada, sepse, insuficiência respiratória e causas mal definidas. Só em 2020, houve subnotificação de mais de 37 mil mortes por covid. A maioria ocorreu entre idosos (25,5%).


Pegar covid duas vezes por ano?

Com o aparecimento da variante ômicron, o cenário da pandemia mudou: pessoas estão se reinfectando com muito mais frequência do que antes. Cientistas norte-americanos estimam que pode haver mais de uma onda anual, mesmo com as vacinas – que garantem proteção contra quadros graves de covid, mas não são eficazes contra a reinfecção. É possível, portanto, que uma pessoa possa se contaminar de duas a três vezes em um ano. A boa notícia, segundo os especialistas, é que a nova variante continua a mostrar-se mais branda, apesar de sua mortalidade ser maior do que a da gripe.


Drauzio Varella: SUS promoveu uma revolução no Brasil

Em seu novo livro, “O exercício da incerteza”, o cancerologista e escritor Dráuzio Varella conta sobre os 50 anos em que exerceu a medicina e como passou da crença absoluta na ciência à convivência com as indeterminações da vida humana. O médico lembra que, quando era pequeno, não havia atendimento ou vacina no bairro industrial onde cresceu – realidade alterada após a criação do SUS, que representou, segundo ele, “a maior revolução na história da medicina brasileira”.


Braço robótico pode tratar AVCs a distância

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, desenvolveram um sistema robótico por meio do qual será possível tratar à distância pacientes com Acidente Vascular Encefálico. O dispositivo é constituído de um braço mecânico que maneja, por meio de imãs, um fio-guia maleável, que se movimenta nos vasos sanguíneos do cérebro dos doentes. Nos testes, o sistema navegou com sucesso por vasos estreitos e sinuosos em um modelo realista do sistema vascular cerebral humano. Os cientistas acreditam que, no futuro, a tecnologia poderá ser utilizada para que médicos localizados em centros de alta complexidade atendam pacientes em hospitais menos equipados.


Espanha pode aprovar licença para quem sofre de cólicas menstruais

O Ministério da Igualdade espanhol está debatendo algo que esteve por tanto tempo invisível no campo dos direitos trabalhistas em todo o mundo: o sofrimento das mulheres que sofrem cólicas menstruais fortes. O governo está elaborando uma lei que dará licença de três dias para essas trabalhadoras, caso tenham prescrição médica. Segundo um levantamento do ministério, 53% das mulheres sofrem com menstruação dolorosa; entre as mais jovens, a porcentagem sobe para 74%. As trabalhadoras não precisarão repor os dias de afastamento, que serão custeados pelo Estado espanhol. A lei também prevê a distribuição de produtos de higiene menstrual em prédios públicos e a revisão da tributação a esse tipo de produto. Se aprovado, o projeto tornará a Espanha o primeiro país a dar esse tipo de licença.


Semiárido: o aquecimento global produz uma nova geração sem escola

“Muitas vezes eles não vêm pra escola, porque não têm água para tomar banho ou a roupinha está suja”. É o que conta Renilse Alencar de Morais, uma das professoras ouvidas em extensa reportagem do site Lunetas sobre como o aquecimento global já afeta a Educação infantil no semiárido nordestino. A desertificação avança: em Alagoas, já atinge 32,8% do território. A matéria revela um nexo pouco examinado: por conta do clima mais árido, uma geração de meninas e meninos está perdendo acesso ao ensino. As crianças ouvidas pela reportagem, de três diferentes comunidades rurais, ficam nos estados de Alagoas e Pernambuco, os mais afetados. Entre os efeitos mais imediatos para elas é a frequência e permanência na escola. Falta água. Mas esse é apenas mais um dos desafios para as famílias da região: a falta de políticas para ampliar a qualidade das condições necessárias já causou o fechamento de 80 mil escolas rurais nos últimos 21, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


“Varíola do macaco”: novo surto de zoonose rara na Europa

A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) confirmou, nesta segunda-feira (16), quatro novos casos da doença. O primeiro caso foi reportado à OMS no dia 7/5. Ele foi diagnosticado após viajar à Nigéria. Segundo a UKHSA, as autoridades de saúde britânica seguem rastreando a fonte primária da doença. Também monitoram possíveis contágios e enfatizam que a varíola do macaco não se espalha facilmente, pois requer contato pessoal muito próximo. Na Nigéria, a situação é endêmica: de 2017 a 30 de abril de 2022, um total de 558 casos suspeitos foram relatados em 32 estados do país; 241 foram casos confirmados e oito pessoas morreram.

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