PÍLULAS | Um dirigente-tampão no segundo posto do ministério da Saúde

• Sífilis no Brasil • Covid em animais selvagens brasileiros • Dose única de HPV • Drones para pulverizar agrotóxicos • História da psiquiatria em relação aos LGBTI+ •

.

O presidente Jair Bolsonaro deu mais um passo no esforço para instrumentalizar partidariamente o ministério da Saúde. Nomeado terça-feira, o novo secretário-executivo da pasta, Daniel Pereira, ficará no posto apenas até agosto, quando assumirá uma das diretorias da Anvisa. A nomeação foi vista, pela Associação dos Servidores da agência – a Univisa – como manobra para viabilizar “negociações políticas que colocam a Anvisa como moeda de troca para interesses partidários”. A mudança ocorre após a exoneração de Rodrigo Cruz, que deixa o ministério para assumir um cargo na indústria farmacêutica. Daniel Pereira é servidor de carreira da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A Univisa também atribuiu a Pereira a fala de que o SUS não poderia ser considerado um sistema de saúde universal, mas um sistema voltado para os pobres. 


Aumento da Sífilis no Brasil está ligado a limitação do SUS 

Há uma explosão silenciosa do número de casos de sífilis no Brasil. Nos últimos dois anos, as ocorrências da infecção cresceram 39 vezes: de 3925 casos reportados em 2010 para 152,9 mil em 2020. Segundo artigo publicado pelo site da ENSP-Fiocruz, a persistência da doença está diretamente ligada à limitação de diagnóstico e acesso ao tratamento oferecidos pelo SUS. É mais uma consequência do teto de gastos que segue impedindo o investimento na saúde pública. A pesquisa afirma que o aumento das infecções, especialmente em áreas mais pobres e em populações mais vulneráveis, pode ter relação com a testagem rápida, mas está especialmente associada à desinformação, queda no uso de preservativos e ao desabastecimento da penicilina benzatina nas unidades de saúde. A desigualdade no acesso a consultas de pré-natal e à realização oportuna de exames para diagnóstico da infecção são fatores agravantes. 


Covid: o perigo da infecção em animais selvagens 

A Universidade Federal do Mato Grosso identificou três novos animais infectados com o novo coronavírus: o tamanduá-bandeira, o peixe-boi marinho e uma espécie de macaco do Cerrado, todos de pouco contato com humanos – o que demonstra a altíssima capacidade de infecção da covid. A disseminação da doença entre animais pode fazer com que o vírus encontre novos hospedeiros, facilitando o surgimento de novos surtos e aumentando a probabilidade de novas variantes infectarem humanos. Diante da ameaça de saltos virais interespécies, cientistas da Universidade de Georgetown já iniciaram um estudo para identificar quais vírus hospedados por animais podem infectar pessoas. Trabalham com a ajuda da técnica de learning machine: computadores vasculham informações, sobrepõem fatores genéticos, biológicos e ecológicos para fornecer a probabilidade de risco com mais clareza. 


Dose única da vacina contra o HPV é suficiente, segundo OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o regime de dose única da vacina contra o vírus HPV para pessoas de até 14 anos. Segundo a organização, estudos comprovaram que a proteção contra o câncer do colo do útero causado pelo micro-organismo é eficaz com a administração de apenas uma dose; até o momento, a imunização era dada pelo esquema de 2 ou 3 doses. A descoberta pode ser um novo passo no combate à doença, já que a lenta introdução da vacina contra HPV nos programas de imunização, especialmente nos países mais pobres, afeta o seu combate. 


O controverso uso de drones para pulverizar agrotóxicos no ar

Cresce, no Brasil, o uso de drones para pulverizar pesticida nas lavouras. Reportagem da Agência Pública e Repórter Brasil relata o avanço da técnica, controversa. Aplicada em diversas culturas, ela tem menos riscos de gerar a chamada “nuvem de intoxicação” – quando o veneno desvia da área-foco e é levado pelo vento. Estima-se que a ocorrência seja cerca de quatro vezes menor que quando usado o avião, mas o dobro que a aplicação terrestre. Organizações da sociedade civil, como a ONG Terra e Direitos, afirmam que a legislação deveria seguir os princípios da precaução e prevenção, dado o histórico conhecido de contaminação. Mas, mesmo sem embasamento científico que garanta a segurança das pessoas e do meio ambiente, muitos municípios correm para alterar legislação e utilizar os drones, conta a reportagem.


História: um ato anti-homofóbico extraordinário na psiquiatria

Durante convenção anual da Associação Psiquiátrica Norte-Americana, em 1972, abarrotada de homens brancos em seus ternos escuros, uma figura estranha sentou-se junto aos palestrantes e causou estranhamento dos médicos. Com uma máscara de borracha do ex-presidente Nixon, um smoking chamativo e uma peruca assustadora, o sujeito iniciou sua intervenção. “Sou homossexual”, começou. “Sou psiquiatra.” Em dez minutos, ele descreveu o “mundo secreto” dos psiquiatras gays, em um universo onde a homoafetividade era tida como doença mental – portanto, reconhecê-la causava a cassação de sua licença médica. O ocorrido há 50 anos foi um ponto de virada na história dos direitos LGBTQIA+. Por sua orientação sexual, o Dr. John Ercel Fryer enfrentou um caminho longo e incerto até se formar em medicina. E sua difícil trajetória, inspirou a luta que levou a homossexualidade a ser retirada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais dos EUA, em 1973.

Leia Também: