PÍLULAS | Enquanto dengue dispara, testes no país se esgotam

• Novo ataque cibernético ao ministério da Saúde? • Pantanal e radiação solar • Suicídio assistido na Colômbia • Enfermeira palestina presa em Israel •

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O Brasil já superou, em 2022, os 544 mil casos de dengue registrados em todo o ano passado. Mas agora, pelo menos até junho, segundo admitiu nota do ministério da Saúde, o país deverá sofrer para identificar os casos específicos, pois está sem novos kits moleculares para diagnóstico da dengue, chikungunya e zika para reposição nacional. São Paulo, Bahia e Mato Grosso estão sem reagentes de testes; Piauí e Paraná estão com estoques baixos, assim como Minas Gerais e Santa Catarina. A pasta recomenda que os casos sejam confirmados por meio de exames laboratoriais, como hemogramas, ou avaliação de sintomas. Em SP, as diretrizes para prevenção e controle de arboviroses já preveem a suspensão da coleta de testes em municípios que menos necessitam. Em Barretos, a secretaria de Saúde já determinou que basta o paciente ter três ou mais sintomas para iniciar o tratamento. Mesmo assim, a ausência de testes dificulta estabelecer qual o tipo de sorotipo do vírus, e que isso é fundamental para o tratamento mais adequado.


Ministério da Saúde diante de novo ataque hacker?

Ontem, a pasta retirou o ConecteSUS, e-SUS Notifica e SI-PNI do ar por prevenção, após uma “tentativa de acesso indevido”, e afirma que não há perda de dados. O ConecteSUS é o responsável por gerar o comprovante digital de vacinação contra a covid, e reúne dados de vacinação, uso de medicamentos e consultas, entre outros, no SUS. Não é a primeira vez que a plataforma registra falhas, além de inconsistências no acesso e até suspeitas de clonagem de dados. No ano passado, um vasto ataque levou os sistemas de Saúde a ficarem fora do ar por mais de um mês. Em janeiro, quando o sistema ainda não havia se estabelecido, diversos especialistas questionavam a vagareza do governo para solucionar o caos – a há quem tenha visto no “apagão” não apenas indício de incompetência, mas também interesse em minimizar o estado da pandemia. Até agora não foi possível dimensionar os estragos do ataque cibernético. No mês passado, mais de 1,5 milhão de doses de vacinas contra a covid ainda não haviam sido registradas nos sistemas. O governo se prepara para encerrar, em 22/5, a vigência da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin). O pretexto é que o país controlou a crise. Com tantas falhas, como confiar que o monitoramento da pandemia não estará à deriva?


O efeito cascata das queimadas no Pantanal

Os incêndios no Pantanal podem aumentar a dispersão da radiação solar em até 86% na estação seca e influir na quantidade de carbono na atmosfera, com reflexos na temperatura local e na formação de nuvens, resultado da quantidade de água liberada pelas plantas e que evapora do solo. Estudo da Universidade Federal do Mato Grosso em parceria com a USP mostra que, no contexto regional, as emissões de gases e aerossóis – liberados pela queima de biomassa decorrente da atividade humana – com a alteração no fluxo de raios solares na superfície da região, podem interferir no funcionamento do ecossistema, alterando as trocas de massa e energia da fauna e da flora. Em uma escala comparativa, nos meses chuvosos no bioma, de novembro a março, sua atmosfera é tão limpa quanto a observada na Amazônia central. De acordo com os pesquisadores, o estudo serve de alerta sobre o impacto nas queimadas, que poderão, a longo prazo, alterar significativamente as características naturais encontradas hoje.


Decisão histórica descriminaliza o suicídio assistido na Colômbia

Por 6 votos a 3, o Tribunal Constitucional da Colômbia determinou, em 12/5, que pacientes com doenças graves ou terminais podem escolher terminar com a própria vida, como forma de se livrar do sofrimento causado por doenças graves. Com a decisão, a mais alta corte do país amplia o direito dos cidadãos à morte digna, garantida na própria Constituição colombiana e que permitiu, em 1997, a descriminalização da eutanásia e, posteriormente, da sua regulamentação em 2015. A decisão estabelece que os pacientes devem atender a padrões pré-estabelecidos, como o de ser diagnosticados com uma lesão, doença grave ou incurável, e que cause intensa dor física ou mental. Com este veredito, a Colômbia se junta a uma pequena lista de países, que inclui Holanda, Luxemburgo, Canadá, Espanha, Bélgica, Suíça, Alemanha, Itália, Nova Zelândia, Áustria, alguns estados na Austrália e nos Estados Unidos. Na América Latina, é o primeiro país a permitir a prática.


Israel encarcera enfermeira e ativista palestina

Nova demonstração do apartheid aplicado pelas Forças de Ocupação Israelenses (IOF) em território palestino: Shatha Odeh, enfermeira e ativista pelos direitos dos trabalhadores da saúde, foi condenada por um tribunal militar israelense a 16 meses de prisão, no último 12/5, pleno Dia Internacional da Enfermagem. Além da pena e uma multa de US$ 9 mil, a trabalhadora foi proibida de prestar serviços em Saúde durante cinco anos após deixar a prisão. Segundo reportou o site Peoples Dispatch, a enfermeira desempenhou um papel crucial, enquanto diretora dos Comitês de Trabalho em Saúde, na garantia dos cuidados essenciais de saúde para milhares de palestinos, enquanto o Estado israelense fazia justamente o oposto. A sentença, segundo o site, foi agravada pelo fechamento forçado da organização, o que afetará a prestação de serviços de saúde à população da Palestina. Shata já havia sido presa, em 2021, durante uma série de incursões realizadas pelas IOF contra organizações ativistas na Cisjordânia.

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