PÍLULAS | CNS: lei pode desproteger voluntários em testes com medicamentos
• Exames para mulheres garantidos pelo SUS • Vacina terapêutica contra cânceres • Para bloquear a entrada do coronavírus nas células • Helena Nader na Academia Brasileira de Ciências • Aborto no Equador • Cientistas ameaçados pelo negacionismo • Para cego ver? • Cidades afundando • A origem da H1N1 •
Publicado 13/05/2022 às 12:07 - Atualizado 13/05/2022 às 12:08
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) emitiu um alerta contra o Projeto de Lei 7082/27, que altera as regras para ensaios clínicos que testam, em humanos, a eficácia de fármacos e tratamentos ainda não lançados ao público. Se aprovado, o PL dará às empresas privadas a escolha de garantir ou não o medicamento – após testado e aprovado – aos voluntários doentes que se submeteram aos ensaios em prol da descoberta de fármacos eficazes. Em depoimento em vídeo, a coordenadora da Comissão de Ética e Pesquisa (Conep), Laís Bonilha, alertou que a lei irá também colocar a Conep – hoje vinculada ao CNS, órgão integrado pela sociedade civil – sob administração do ministério de Ciência e Tecnologia, isto é, submetida diretamente ao ministro escolhido pelo Governo Federal.
Exames preventivos pelo SUS para todas as mulheres
A sanção da Lei 14.335, nesta semana, ampliará o acesso à prevenção, detecção e tratamento dos cânceres de colo uterino, de mama e colorretal para mulheres de todas as faixas etárias a partir da puberdade. Até o momento, procedimentos como exames de mamografia, citopatologia e colposcopia eram disponibilizados apenas para mulheres com mais de 40 anos. A lei permitirá, também, que o SUS disponibilize mais procedimentos para a detecção de cânceres; o exame para detectar a doença colorretal, por exemplo, não estava entre as ações de prevenção para mulheres e agora será um dos exames oferecidos.
Oxford testa vacina contra câncer de próstata, pulmão e ovários
Cientistas da Oxford Vacmedix, empresa criada por cientistas da Universidade de Oxford, iniciaram a testar vacina terapêutica para combater o câncer em pacientes doentes. A substância deve funcionar ao atacar a proteína survivina, liberada por células cancerígenas para enganar o sistema imunológico e evitar que o corpo as ataque. Durante os ensaios, 35 pacientes com câncer receberão três doses da substância, com um intervalo de duas semanas. Segundo os pesquisadores, os primeiros testes se mostraram promissores, mas os voluntários devem ser monitorados ao longo do tempo para se observar possíveis efeitos colaterais e qual é o impacto na sobrevivência dos participantes.
Um método para impedir a infecção por covid
Pesquisadores da Universidade Católica de Louvain (UCLouvain), na Bélgica, identificaram um método que seria capaz de bloquear a entrada do coronavírus nas células. A descoberta, publicada na Nature Communications, começará a ser testada em animais. A equipe entendeu que os ácidos siálicos, tipo de açúcar presente na superfície celular, facilitam a invasão do coronavírus nas células humanas devido a sua interação com a proteína spike do micro-organismo – principal alvo das vacinas justamente por ser o agente que permite ao vírus a entrada nas células. Os ácidos siálicos facilitam ao vírus a identificação de seus alvos, a sua fixação e a infecção. Os pesquisadores conseguiram bloquear esses pontos de fixação da proteína spike com uma molécula; sem conseguir entrar na célula, o coronavírus morre em um período de uma a cinco horas.
Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Ciências
Helena Nader, biomédica e pesquisadora da Unifesp, foi eleita para comandar a entidade pelos próximos três anos. Nader afirmou que um dos desafios de sua gestão será “mostrar de forma muito clara para os parlamentares, e os governantes de maneira geral, a importância da ciência e da educação em todos os níveis” para garantir o financiamento necessário à produção de pesquisas científicas no país. Segundo ela, os brasileiros acreditam na ciência, mas é papel da Academia ampliar o diálogo com a população de forma a “traduzir o que a ciência brasileira está fazendo para a sociedade, a fim de que ela se apodere desses conhecimentos e aumente suas demandas”.
A luta pelo aborto no Equador
Reiniciam no Equador as mobilizações feministas pelo direito integral ao próprio corpo – e, portanto, à eventual decisão de abortar. A luta foi retomada depois de uma vitória mínima, que não satisfez o movimento: em 16 de abril, uma lei aprovada na Assembleia Nacional, a pedido da Corte Constitucional, estabeleceu o direito de interromper a gravidez caso esta tenha sido provocada por estupro. Apesar de ser um avanço, a lei segue sem garantir o direito ao aborto em qualquer circunstância, alertam as ativistas do país.
Covid: cientistas são ameaçados constantemente por negacionistas
Uma pesquisa realizada pela revista Science revelou que 38% dos cientistas que estudam a covid-19 já sofreram algum tipo de insulto ou ataque. O levantamento convidou mais de 9,5 mil pesquisadores com trabalhos publicados sobre a pandemia para responder a respeito do assédio sofrido no período. Dos 510 que concordaram em participar, 38% afirmaram ter recebido diferentes tipos de ataques online ou pessoalmente, a maioria deles envolvendo insultos ou desqualificação de seu trabalho. 6% dos entrevistados disseram ter recebido mensagens desejando-lhes a morte e 3% foram diretamente ameaçados. Grande parte dos participantes admitiu ter desenvolvido quadros de ansiedade e de uso abusivo de substâncias.
Dispositivo pode permitir que pessoas cegas enxerguem
Uma neuroprótese desenvolvida em conjunto por cientistas de diversas universidades e institutos, como o Instituto Holandês de Neurociência, apresentou resultados promissores em macacos. O aparelho é composto por um par de óculos com uma câmera, que transmite as imagens captadas para um minicomputador localizado atrás do pescoço que, por sua vez, processa as fotos e as envia diretamente para um chip cerebral através de ondas rádio semelhantes às da tecnologia bluetooth. O chip implantado no cérebro possui mais de mil eletrodos, responsáveis por enviar sinais elétricos para o córtex visual, criando uma imagem; o processo é semelhante aos sinais naturais que os olhos enviam para essa parte do cérebro, o que permite a visão.
Cidades costeiras afundam mais rápido do que o esperado
Cientistas da Universidade de Rhode Island, nos Estados Unidos, constataram que cidades de diversos continentes estão afundando mais de 1cm por ano – três vezes mais que o aumento do nível dos oceanos. O estudo analisou a situação de 99 cidades usando imagens de satélites captadas entre 2015 e 2020, permitindo aos pesquisadores determinar variações na altura do solo com precisão milimétrica. A causa seria o processo de “subsidiência”, que equivale ao afundamento por deformação das camadas subterrâneas do solo, por vezes ligado à extração de água do subsolo. Os cientistas alertam que se o ritmo seguir acelerado, não será possível prever a intensidade das inundações que podem atingir essas cidades.
H1N1, descendente da gripe espanhola?
Estudo publicado pela Nature Communications do Instituto Robert Koch, na Alemanha, aponta que o subtipo H1N1, responsável atualmente por gripes sazonais, pode ser um descendente direto da cepa do vírus tipo influenza A – responsável pela grande pandemia que matou entre 17 e 50 milhões de pessoas no início do século passado. Cientistas utilizaram o material genético extraído de restos mortais de vítimas da chamada Gripe Espanhola e realizaram testes por meio do método “relógio molecular”, que permite estimar o número de alterações genéticas que se acumulam ao longo do tempo. Se for comprovada, a hipótese substituirá a explicação mais difundida até hoje, de que o H1N1 é resultado de um processo de rearranjo – troca de segmentos genéticos vindos de subtipos de vírus com o passar dos anos.
