PÍLULAS: SRAG está em queda em 15 estados brasileiros

• Primeiro autoteste aprovado • SRAG em queda, enfim • Verba para combate à covid • Frente Pela Vida apoia vacinação infantil • Quarta dose em SP • Covid e doenças mentais • O efeito das vacinas • A origem do Sars-CoV-2 • Nova cura do HIV • Pessoas trans e esporte •

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SRAG está em queda em 15 estados brasileiros

Saíram, no último boletim InfoGripe, mais indícios de que podemos começar a respirar mais aliviados em relação à pandemia. Pela primeira vez no ano, há sinais fortes de queda nos casos relatados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – a covid inclusa – por todo o país. A análise diz respeito à semana que terminou em 12/2. Segundo o boletim, 15 estados apontam sinal de queda na tendência de novos casos em relação a seis semanas atrás – e apenas três têm tendência de forte alta, ante 15 na semana passada. Apesar das boas notícias, é preciso ressaltar que a onda de gripe do final de 2021 e a da variante ômicron, intensificada em janeiro, foi responsável pela maior alta nos casos de covid entre crianças de 0 a 11 anos.


Anvisa aprova primeiro autoteste, a ser vendido em farmácias

Semanas após a aprovação de autotestes pela agência, a primeira marca conseguiu confirmação para ser vendida em território brasileiro. Trata-se do Novel Coronavírus (Covid-19) Autoteste Antígeno, da empresa CPMH. Dezenas de outras marcas ainda estão sendo analisadas pela Anvisa, e mais resultados podem sair em breve. Não há políticas de distribuição de autotestes pelo SUS, o que poderia facilitar a proteção da população – o ministério da Saúde não demonstrou interesse na sua democratização. O Novel poderá ser vendido em farmácias e pela internet. Caso o resultado seja positivo, a orientação oferecida pela Anvisa é que o paciente dirija-se a um posto de saúde ou faça uma teleconsulta para que seja confirmado o teste – e assim registrado pelo DataSUS.


Novos repasses para municípios combaterem a covid

Após exigência feita pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o ministério da Saúde liberou, no dia 16/2, o repasse de R$ 263 milhões para Centros de Atendimento e Centros Comunitários de Referência para Enfrentamento da Covid-19 – estabelecimentos de saúde ligados à Atenção Primária do SUS. Outra portaria, assinada no mesmo dia, destina R$ 160 milhões para o atendimento de pacientes com sequelas da doença nas redes municipais de APS. Os recursos serão repassados aos municípios, e poderão ser utilizados com a contratação de novos profissionais, contrução de espaços de tratamento e compra de materiais.


Mais um importante apelo pela vacinação infantil

A Frente pela Vida lançou, ontem, uma nota pública para engrossar o coro em prol da urgente vacinação infantil. A essa altura, não deveria haver mais dúvida em relação à imunização das crianças com idades entre 5 e 12 anos – mas a realidade é que há uma grande disparidade na distribuição de vacinas, analisa a nota. “Segundo os dados do Consórcio de Veículos de Imprensa, até a presente data, apenas 30,8% das crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira dose da vacina e a cobertura vacinal em crianças é bastante desigual em todo o país: o estado de São Paulo já atingiu 60% das crianças vacinadas e o Rio de Janeiro 58,3%, o que indica que em outros locais a cobertura é bem inferior.” A nota adverte: é responsabilidade do ministério da Saúde a garantia da distribuição de vacinas a todos os estados. A imunização dessa faixa etária é essencial para superarmos a covid – mas além disso, para garantir a segurança dos pequenos, que estão em risco sem a vacina.


SP: aplicação da 4ª dose começará em abril

O governo do estado anunciou na última quarta-feira (16) que prevê iniciar vacinação da 4º dose anticovid em idosos de 90 anos sem comorbidade, e ir reduzindo as faixas etárias até chegar ao grupo de 60 anos. O médico João Gabbardo, coordenador do comitê científico do governo, está de acordo com a recomendação do ministério da Saúde de que a quarta dose deve ser aplicada apenas às pessoas imunossuprimidas. Mas, em sua visão, “os idosos também estão incluídos entre esse grupo”. Segundo ele, o grupo mais velho sofre do processo chamado imunossenescência, em que há uma redução da capacidade imunológica – e isso explica porque grande parte dos internados atualmente são idosos. Não há consenso científico sobre a necessidade de adotar a medida. No Brasil, além de SP, o Mato Grosso já iniciou a vacinação da 4ª dose em idosos acima dos 60 anos e profissionais da saúde. Espírito Santo, Acre e Ceará já estudam a medida. A cidade de Botucatu, no interior paulista, já tem aplicado a 4ª dose nos mais velhos.


Covid como catalisadora de doenças mentais?

Um novo estudo diz que sim – e não estão relacionadas ao isolamento social, tensão econômica ou perda de entes queridos. Publicado na última quarta-feira (16), na revista BMJ, do Reino Unido, uma ampla pesquisa analisou mais de 154 mil pacientes acometidos pelo vírus. Eles foram comparados com outro grupo que não havia sido infectado, durante o ano seguinte em que contraíram a doença. As pessoas que tiveram covid eram 39% mais propensas ao diagnóstico de depressão e 35% à ansiedade. 38% com maior probabilidade a sofrerem por estresse e transtornos de adaptação; 41% maior chance de apresentarem sintomas de distúrbios do sono. Não é uma epidemia de saúde mental – ainda. Mas os pesquisadores concluíram que os pacientes são 80% mais propensos a desenvolver problemas cognitivos como confusão e esquecimento. Dados apontaram também maior tendência ao consumo de substâncias para a dor, como opioides, álcool e antidepressivos. E mesmo pessoas com caso leve de coronavírus possuem enfrentam os riscos.


Pesquisa compara reações do corpo à covid e à gripe

Uma interessante análise do efeito das vacinas no organismo descobriu que as defesas orgânicas produzidas têm semelhança com o que acontece com as variantes virais da gripe. Elas mudam de uma estação para outra, e as pessoas precisam renovar a proteção vacinal. O serviço de comunicação da universidade Stanford, relata que a defesa desenvolvida pelo organismo, no caso da gripe, é fortemente influenciada pela variante do vírus que o organismo detecta. A defesa que o vírus provoca em certo ano tende a se repetir, mas a variante pode ser outra. Isso se chama “imprinting”, diz a equipe de Stanford. O significado do imprinting para a covid, em constante evolução, é uma pesquisa importante. “Será um foco de investigação futura e poderá orientar as decisões sobre a composição e o momento do reforço da vacina”.


Para entender a origem do novo coronavírus

Pesquisadores identificaram, pela primeira vez, em morcegos, um vírus que seria o parente “selvagem” da Sars-CoV-2. O estudo, coordenado pelo Laboratório de Descobertas de Patógenos do Instituto Pasteur de Paris, em parceria com cientistas do Laos, encontrou nesse vírus a principal semelhança que permite a ele se ligar com as células humanas: a proteína da espícula – receptor designado pela sigla ECA2. Na pesquisa, amostras de sangue, urina e fezes de 645 morcegos relevaram que as versões da proteína semelhante que se conecta ao ECA2 humano são quase idênticas entre o vírus recém-descoberto e o coronavírus causador da pandemia. Essa descoberta tanto nos aproxima da chave para descobrir onde surgiu o caso zero da doença quanto reforça que a ameaça de patógenos com potencial de causar novas doenças infecciosas existem aos montes na natureza. Por isso, preservá-las e conter o tráfico de animais silvestres continua sendo o melhor antídoto contra um novo desastre.


Um passo adiante na luta contra o HIV

Na terça-feira, 15/2, pesquisadores estadunidenses anunciaram a possível cura de uma mulher infectada pelo vírus causador da aids – que, há 14 meses, não apresenta nenhum sinal da doença no sangue. É a terceira paciente a vencer o HIV. Durante uma conferência, os cientistas afirmaram que utilizaram uma nova abordagem: no lugar de usar células-tronco transplantadas da medula óssea a partir de um doador adulto, usaram as células-tronco extraídas do cordão umbilical de um recém-nascido, que carregam maior capacidade de adaptação que de adultos. O tratamento de medula óssea no qual uma mutação na célula sanguínea impede a infecção da doença, e que resultou na cura de dois pacientes, acarretou em efeitos colaterais severos durante a recuperação de ambos. No caso atual, a mulher teve alta hospitalar 17 dias após o procedimento. Embora seja uma ótima notícia, o tratamento é indicado apenas a uma parcela mínima da população infectada com HIV, pois são métodos arriscados e invasivos, como o uso de quimioterapia e radioterapia.


Atletas trans e o debate sobre inclusão e sexismo no esporte

No campeonato da Ivy League norte-americana – a principal disputa entre as melhores universidades do país, que acontece esta semana –, a natação sempre tem destaque. Mas este ano, a presença da nadadora transgênero Lia Thomas acendeu novamente o debate sobre a participação de pessoas trans no esporte e desenterrou outro assunto, e que impacta exclusivamente as mulheres. Comitês do esporte lançaram recentemente regras conflitantes, exigindo que as mulheres transgêneras devem suprimir seus níveis de testosterona por três anos antes de competir. Essa questão não é nova: ao longo do século passado, autoridades esportivas se apoiaram em testes médicos, sejam anatômicos, cromossômicos ou hormonais, para determinar a participação nas categorias femininas – isso não ocorria no para os esportes masculinos. Muitos casos geraram conflitos legais, onde esportistas alegavam que delegações agiam para impedir sua participação. Embora o hormônio possa oferecer benefícios, mulheres trans também podem ter desvantagens, devido à musculatura mais pesada. Lia Thomas se manteve na disputa, mas a polêmica deve ainda ganhar força.

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